𝒮𝑜𝒷𝓇𝑒 𝑔𝑒𝓃𝑒𝓇𝑜𝓈 𝑒 𝒷𝒶𝓃𝒽𝑒𝒾𝓇𝑜𝓈 𝒻𝑒𝓂𝒾𝓃𝒾𝓃𝑜𝓈

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— Isso é uma flor? – Hoseok sussurrou, no meio da aula, enquanto Taehyung rabiscava a bochecha de Yoongi, que dormiu na escola enquanto nós, os propriamente ditos baderneiros, nos encontrávamos acordados.

O que só me dava mais razão para acreditar que o mundo estava de cabeça para baixo.
E Yoongi Estudioso dormindo na aula não era o único motivo.

No decorrer das duas semanas seguintes, algo estranho aconteceu: Jungkook e eu passamos a nos encontrar regularmente, e eu ignorei todos os avisos de "ATENÇÃO! CUIDADO!" que gritavam na minha cabeça toda vez que nos víamos.

Tudo aconteceu de forma muito estranha e anormal: no dia seguinte ao me dar uma carona, Jungkook me ligou e perguntou se eu gostaria de "fazer algo divertido", deixando bem claras suas intenções pelo tom de voz. Eu, como não costumo fugir de uma boa oportunidade que faça um homem se arrepender de ser um idiota, aceitei de bom grado... e o carreguei para o cinema.

Escolhi o filme mais insuportavelmente romântico disponível e fiz Jungkook pagar pela pipoca e ingressos, mas o garoto não se mostrou abalado nem por um segundo, e nós acabamos nos beijando durante toda a maldita sessão.

Depois desse dia, carregar Jungkook para encontros insuportavelmente chatos que acabavam ficando divertidos virou um hábito secreto meu, no decorrer dos dias seguintes nós acabamos nos beijando em um parque de diversão enquanto eu segurava um algodão-doce rosa gigante, num piquenique no parque que consistia em vinho barato e salgadinhos cancerígenos, e do lado de fora de um restaurante chique demais para mim, depois de comermos em uma barraquinha de cachorro quente.

Eu sabia que estava caindo em uma maldita armadilha, mas já não conseguia me segurar: a verdade era que eu sentia falta dessa adrenalina de conhecer pessoas que podem vir a ser interesses românticos que todo mundo finge odiar e, nunca, em um milhão de anos, imaginava que Jeon Jungkook, o garoto que não é nada romântico, fosse quem me proporcionasse isso. Foi uma surpresa boa.

Apesar disso, eu não sabia como contar aos meus amigos que continuava me encontrando com o Garanhão Do Colégio regularmente, porque essa não era a imagem que eles tinham de Park Jimin, não era sequer a imagem que Park Jimin tinha de Park Jimin. Então, eu evitava o assunto Jeon Jungkook toda vez que ele surgia, e fazia questão de ignorar o garoto toda vez que o via pelos corredores do colégio.

Além do mais, eu sabia o que cada um deles diria, e como cada um me julgaria secretamente, então não via necessidade em compartilhar a informação.

— Um pinto. – sussurrou de volta, enquanto minha cabeça dava voltas e voltas.

— Você definitivamente não sabe desenhar. – Hoseok retrucou, com a testa franzida. Depois, se virou para mim: — Onde você estava ontem à noite? Passei na sua casa e seu padrasto quase me expulsou à ponta pés.

— Na casa dos meus avós. – Menti, automaticamente. A resposta certa seria: tomando cerveja barata em uma cafeteria gourmet com Jungkook, porque álcool é sempre melhor do que cafeína.

— Podia ter passado na casa de Taehyung, nós ficamos a noite toda falando mal de você como três vagabundas.

— Nós três somos machos, Hoseok. - Taehyung respondeu, ainda concentrado no rosto de Yoongi.

— Eu não sou macho porra nenhuma, eu sou uma princesa delicada. Convivo com o povo dessa sala a mais tempo que vocês e posso me configurar o mais bonito dessa porra. – Ele respondeu irônico, enquanto o professor tirava sua atenção do quadro e olhava de cara feia para nós.

— Só depois da cirurgia. – Taehyung brincou, ignorando completamente o professor. — Ciência básica.

— Estou honestamente chocado que você ache que sabe algo sobre ciência básica.

Acrimônia 派 JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora