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É engraçado acordar no dia seguinte à uma declaração completamente bêbada e tentar desesperadamente não pensar demais sobre as consequências da mesma. Por que ele não disse nada? Por que eu não esperei no carro até que dissesse algo? E se ele fugir para o México e simplesmente mudar de nome porque eu o deixei apavorado?
Apesar de tudo, assim que acordei e pensei nessas e em outras mil possibilidades do que poderia ter acontecido e do que vai acontecer, sorri. Era bom não precisar mais negar para mim mesmo a verdade: eu sabia, e agora Jungkook sabia.
O que ele faria, agora estava fora das minhas mãos – principalmente se, de fato, ele se mudasse para o México.
Jeon Jungkook era um quebra-cabeça muito mais complicado do que eu teria imaginado, e saber o que ele pensava agora era praticamente impossível, portanto, tentei não pensar muito nisso – eu sabia que, independentemente do esforço que fizesse, o que ele sentia estava completamente fora do meu alcance... à não ser que ele decidisse me dizer.
Mas isso era decisão dele, assim como havia sido minha.
O que me levava a próxima decisão, que dessa vez teria que ser tomada sóbrio: contar para os meus amigos que eu era, oficialmente, uma das vítimas do implacável Jeon Jungkook. E que eu não me importava nem um pouco.
Desde que tudo havia acontecido no banheiro envolvendo Jungkook e Tzuyu, incluindo o fato de como eu não havia contado aos meus amigos que estava me encontrando com ele regularmente, prometi a mim mesmo que faria o possível para que eles soubessem mais sobre meu drama pessoal, antes que descobrissem através de fofocas entre os corredores. A parte difícil, era que eu realmente odiava me abrir, e contar aos meus amigos que eu estava apaixonado por Jungkook implicaria em perguntas das quais eu preferia me afogar à ter que responder.
Mesmo assim, isso não era uma desculpa boa o suficiente. Então, quando Taehyung me mandou uma mensagem, pouco antes do meio-dia, perguntando se eu havia chegado em casa vivo e perguntando se eu ainda era "meio-virgem" – era como ele se referia à minha vida sexual desde que eu havia transado com meu ex-namorado, Baekhyun, porque para Kim Taehyung, transar apenas com uma pessoa ainda não era o suficiente para considerar-se sexualmente ativo – ele só queria lembrar a todos que transava mais do que nós – eu respondi que estava indo para sua casa e que sim, ainda era meio-virgem.
Deixei um bilhete na geladeira para minha mãe, que continuava dormindo, avisando que não havia sido morto e nem sequestrado, e quando cheguei no quarto gigante e completamente impessoal de Taehyung, meus amigos já se encontravam largados nos cantos – Hoseok na cadeira do computador, Yoongi mexendo no celular deitado na cama e Taehyung cortando as unhas dos pés no tapete – enquanto ouviam música, e nenhum deles sequer levantou a cabeça para mim.
— Bom dia. – Eu impliquei, me sentando na cama. — Muito obrigado por terem me deixado sozinho no bar ontem à noite.
— Da próxima vez você pode me deixar sozinho com Jeon Jungkook e vir dormir na casa de Taehyung no meu lugar. – Hoseok respondeu, piscando para mim. — Juro que não vou reclamar.
— Como foi a noite de vocês depois que me abandonaram? – Perguntei, enquanto me deitava na barriga de Yoongi, que nem se mexeu.
Eu sabia que estava enrolando, mas não tinha ideia de como sequer chegar no assunto em questão sobre o que queria contar aos meus amigos, até porque nenhum de nós estava acostumado comigo sendo honesto e direto desse jeito sobre meus sentimentos – muito menos eu.
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Acrimônia 派 Jikook
FanfictionAcrimônia (s.f): aspereza, rudeza, comportamento indelicado. A definição perfeita da personalidade de Jimin em uma manhã de segunda-feira, antes de uma xícara de café é um cigarro, componentes que, para ele , são como calmantes. O conceito dessa pa...