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𝟺 𝚖𝚎𝚜𝚎𝚜 𝚍𝚎𝚙𝚘𝚒𝚜O sol iluminava o lugar pela fresta das persianas, e eu conseguia ver pequenas partículas de poeira sempre que olhava na direção da janela, dançando no ar, sem pressa. Suspirei, ajustando o olhar à claridade, e esperei por alguma coisa que me tirasse aquela sensação de calma, estranhamente vazia.
Nada.
Eu não tinha ideia de onde estava.
Olhei em volta, tentando encontrar algo familiar. Era um apartamento pequeno, pintado de branco e feito para acomodar uma pessoa. A cama em que eu me encontrava era bem confortável, e lençóis macios. A janela iluminava parcialmente o lugar, que se encontrava levemente bagunçado, grunhi ao me levantar, com a cabeça girando.
Havia um garoto dormindo no chão.
Me agachei e virei o rosto para enxerga-lo melhor – o que fez com que a minha cabeça doesse ainda mais –, devia ter menos de vinte e cinco anos, cabelos castanhos, maxilar definido, era bonito. Eu ainda não me lembrava de nada.
Achei minhas roupas jogadas junto a bagunça no chão e as vesti. No criado-mudo ao lado da cabeceira da cama, havia uma foto do garoto caído no chão com outro menino moreno, sorridente. A presença dele naquela casa explicava os lençóis limpos, assim como a bagunça de roupas no chão explicava sua ausência.
Eu não sabia se eu era resultado de traição mal elaborada ou uma distração pós-termino, e não poderia me importar menos. Vesti meu tênis e dei uma última olhada para o garoto apagado no chão, que usava apenas cueca box, antes de achar sua carteira no meio da bagunça e roubar dele dinheiro suficiente para pegar um táxi.
Se ele ainda estava junto com o outro garoto da foto, acho que merecia.
Antes de sair, dei uma olhada para mim no espelho pregado na parede perto da porta, ainda não tinha me acostumado com o cabelo grande, assimétrico e agora rosa, a sombra que eu havia passado estava borrada e minha blusa estava ao contrário. Dei um sorriso para meu reflexo e não me importei em consertar qualquer estrago antes de finalmente deixar o apartamento do garoto que eu não conhecia.
Eu me sentia como aquelas partículas de poeira, dançando no sol, parada no tempo.
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Cheguei na casa dos meus avós meia hora depois, com o estômago revirado pela viagem de carro e bebedeira da noite anterior. Minha atual residência tinha três andares e, apesar de majestosa, não me lembrava o sentido da palavra "lar" de maneira alguma. Era pintada de bege e contava com a fachada em estilo colonial – algo que minha avó repetiu muitas vezes na primeira vez que cheguei – e dois coqueiros gigantescos na entrada que de alguma forma bizarra, me davam ainda mais vontade de vomitar.
Da entrada, eu podia ver a sacada do meu quarto, que ficava à esquerda –minha avó achou que me faria feliz em me colocar em um dos quartos com a melhor "vista" do lugar (que era, basicamente, a miragem de outras casas de luxo praticamente iguais a que me encontrava agora) e pensei se valia a pena tentar subir pelas trepadeiras do telhado ao lado no meu nível de ressaca, mas imaginei que minha avó não ligaria de me ver chegando pouco depois do meio dia e com a blusa virada ao contrário e maquiagem borrada – ela não ligava muito para muito do que eu fazia com a minha vida – e finalmente abri a porta da frente.
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Acrimônia 派 Jikook
FanfictionAcrimônia (s.f): aspereza, rudeza, comportamento indelicado. A definição perfeita da personalidade de Jimin em uma manhã de segunda-feira, antes de uma xícara de café é um cigarro, componentes que, para ele , são como calmantes. O conceito dessa pa...