𝒫𝓁𝒶𝓃𝑜 𝒹𝑒 𝒻𝓊𝓃𝒹𝑜

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Nunca gostei de mudanças. Por mais que meu espirito rebelde odiasse admitir, a verdade é que eu era um garoto acomodado – tão acomodado quanto minha mãe, que havia acabado em uma cidade que não gostava, com um marido horrível, o que no fundo me aterrorizava, porque não queria ter o mesmo destino.

Essa mudança, no entanto, veio para o bem, como quando as coisas começam a melhorar antes de dar errado: na semana que se passou após a briga com Baekhyun e Jungkook – ambos com dez dias de suspensão pelo tumulto causado, Dylan e eu começamos a conversar regularmente pelo celular, quando ele ia me visitar no trabalho e quando saímos juntos. Apesar de todos os beijos roubados, sorrisos sedutores e piadas sexuais, eu podia sentir que havíamos nos tornado, acima de tudo, amigos – algo que eu não esperava vindo de alguém como ele.

Devido à briga, eu me tornei novamente o assunto do colégio, principalmente porque os outros dois envolvidos não se encontravam presentes para receberem cochichos direcionados. O assunto da escola, no entanto, era algo que não me importava mais – mesmo que ele fosse eu – e isso pareceu tirar a graça das fofocas e cochichos, que logo cessaram.

Mais do que nunca, tentei passar a apreciar a companhia de Jungkook sem me importar com a data final, porque de certo modo, parecia que ele sempre estivera ali, assim como parecia que nunca iria embora – eu o passei a considerar parte do meu círculo interno de pessoas, como Taehyung ou Hoseok, e apesar de saber que havia chances dele me esquecer e seguir com sua vida em certo momento – ou, nesse caso, no momento certo –, tentei não pensar muito nisso, porque eu realmente odiava mudanças.

Os alunos do colégio pareciam me olhar como se eu tivesse uma data de validade acima da minha cabeça, um relógio batendo tic tac como se eu fosse uma bomba, cada vez mais perto do zero. Quanto tempo mais será que ele vai aguentar antes de transar com Jeon Jungkook? Antes que ele finalmente consiga o que quer e parta para a próxima vítima?

As pessoas estavam ficando impacientes com a minha persistência, eu podia sentir isso: eles queriam ter algo, alguém novo para fofocar sobre.
Ninguém imaginava que Park Jimin fosse durar tanto, nem eu.

A verdade é que eu não me importava com o sexo, me importava com a mudança.

Por isso, por mais que meu corpo implorasse para que eu cedesse aos encantos de Jeon Jungkook toda vez que ele me tocava, a parte racional de mim – ou irracional, ou emotiva – sempre vencia: eu não queria que ele fosse embora.

Mas a situação estava ficando cada vez mais difícil, e por mais que Jungkook não se mostrasse nem um pouco impaciente, eu já estava começando a ficar com raiva de mim mesmo. Era só sexo, e era o que eu queria, o que tivesse de acontecer depois não estava em minhas mãos.

Ainda assim, toda vez que eu acordava me sentindo pronto para acabar logo com aquilo, como se fosse mais uma luta da qual eu tinha que vencer do que um simples momento junto com Jungkook – um que ainda não havíamos apreciado –, no fim do dia, sempre ia me deitar pensando que aquele ainda não era o momento certo. Com o tic tac sobre a minha cabeça, no escuro, enquanto eu tentava me convencer disso.

Então, quando Joy apareceu encostada no meu armário na quinta- feira de manhã, depois de uma semana da briga com meu ex-namorado – que havia, finalmente, me deixado em paz por um tempo –, eu sorri contidamente para ela, apesar de ainda estar irritado pela última vez que a tinha visto quando ela foi embora e me deixou sozinho com Baekhyun do outro lado da cidade.

Acrimônia 派 JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora