03 • Meu herói narigudo.

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"Aquele cara que te deu um guarda-chuva quando a tempestade te pegou na rua"

Outubro de 2009

     A vida definitivamente não gostava de Ainê, ela tinha certeza disso. Tudo conspirava para dar errado naquele dia. Dia 6 de outubro, aniversário de 10 anos de sua irmãzinha Rebecca e ela só queria voltar pra sua cama e dormir porém sua mãe faria churrasquinho dela caso ela tivesse a ousadia de fazer isso.

      Naquele mesmo dia o vestido que Ainê usaria apareceu com uma mancha enorme e ela teve que arrumar outra roupa em menos de duas horas. Esse atraso, ocasionou em que seu padrasto e sua mãe não esperassem por ela, e fossem para o salão recepcionar os convidados. A jovem então ligou para seu pai que não atendeu, provavelmente ocupado com os salgadinhos da festa. E agora ela estava presa na frente de casa sem ninguém para levá-la e sem guarda-chuva no meio de uma tempestade aleatória como as que ocorriam no Rio de Janeiro.

     Até que Ainê nem acreditou quando viu Philippe do outro lado da calçada completamente arrumado numa camisa social e tão atrasado quanto ela. E o melhor: com um guarda-chuva.

- EI PHILIPPE! - Ela berrou e o garoto olhou e viu que era Ainê, logo atravessou a rua e foi até a mesma.

- Para variar tá atrasada né, Nênezinha? - ele disse enquanto chegava perto da garota, e dando um abraço desajeitado.

- Sim, Philippinho - ela revirou os olhos e deu um sorrisinho debochado. - Você sempre aparece na hora certa, tenho que confessar que você é meu herói narigudo. - ela apertou o nariz dele e ele riu enquanto a puxava para de baixo do guarda-chuva caminhando em direção ao salão onde acontecia a festa.

- Só estou indo nessa festa por você e pela comida, não me faça desistir antes de chegar lá. Festa de criança é demais pra mim. - os dois riram e continuaram andando.

      O decorrer da noite foi divertido, diferente de como Philippe pensava que seria. Seu par para as brincadeiras e as danças como sempre, foi Ainê. Eles caíram, deram risadas, tiraram fotos e comeram como se não houvesse amanhã.

     Até que os convidados foram começando a ir embora e somente algumas pessoas da família foram ficando. Então Ainê resolveu sentar e Philippe como bom amigo, foi junto para lhe fazer companhia, e então Ainê percebeu naquela instante num súbito pensamento que talvez entre eles já não existia apenas uma amizade.

Romântico Anônimo || Philippe e Ainê Coutinho  Onde histórias criam vida. Descubra agora