13 • Ainê Maria.

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Outubro de 2024


      As vezes a vida é dura nos momentos em que pensamos estar tudo perfeito. Uma bomba caiu sobre o colo da família Coutinho.

      Numa ida ao médico em que Ainê pensava que estaria grávida novamente, ela e o marido receberam uma notícia que mudaria suas vidas para sempre. A jovem Ainê Coutinho estava com câncer no pulmão. Por diversas vezes ela se questionou o porquê daquilo já que ela se quer fumava, mas era algo genético. Algumas pessoas da família Noel tiveram mas ela nunca pensou que aconteceria com ela.

      Eles chegaram cogitar a possibilidade da cirurgia mas já que o risco era alto, então se iniciou a quimioterapia. Os longos cabelos negros começaram a cair e logo ficaram ralos, os olhos cor de esmeralda perderam o brilho, a pele ficou pálida..

      Philippe fez tudo que, "seu anjo" como ele dizia, pediu. Visitaram alguns países que ainda não tínhamos ido juntos, viajaram de volta para o bairro onde cresceram no Rio de Janeiro e mostraram para as crianças onde de conheceram, pularam de paraquedas e levaram as crianças para conhecer a neve.. porém não conseguiram completar o desejo de renovar nossos votos de casamento pois quando estava quase tudo pronto, Ainê piorou.

      Ainê morreu em março deste mesmo ano pouco mais de dois anos após descobrir tudo e alguns dias antes de seu aniversário em que completaria 33 anos por conta de complicações da doença.

      Deixou para trás desejos de viver pra sempre ao lado do marido e de ver os filhos crescerem. Maria com seus quase 9 anos completamente parecida com Philippe, Esmeralda também com quase 6 que é a cópia fiel de Ainê e pequeno garotinho Micael com 3 anos que também levava traços fortes de Ainê. 

       A doença não teve pena, veio rápido como um piscar de olhos e levou todas esperanças de todos. Philippe insistia em dizer que não foi o que mais sofreu, pois a mãe e o pai de Ainê, se desesperaram ao ponto de procurar os melhores médicos para curá-la. Os pais, irmãos de Philippe e o padrasto e a madrasta de Ainê ficaram completamente abalados ao ver a nora/filha do coração naquele estado, e cuidavam dos netos/sobrinhos para ajudar Philippe. Os seis irmãos de Ainê sentiram o baque e estavam sempre ao lado da mulher. As crianças choravam toda noite e pediam a Deus que ajudassem a "mamãe". Maria, por ser a mais velha e entender melhor o que estava acontecendo, quis raspar o cabelo como a mãe, e quem era Philippe para conseguir negar um pedido daqueles? Ele nem percebeu o rumo que as coisas tomavam, e acabou preso ao pedido de Ainê de não se preocupar com a sua cura e sim em aproveitar ao seu lado.

      Então Philippe fazia tudo para Ainê, exatamente tudo que ela queria. Ela sabia que estava em seus últimos momentos de vida, e não poderia ficar mais realizada ao aproveitar pequenos momentos ao lado de quem ela amava.

      Philippe jamais esqueceria da última vez em que se amaram ou a que viu torcer por ele. A última vez que ela pisou em um estádio. O último "eu te amo" que seria eterno. Ele se arrepiava só em lembrar.

      Depois que ela se foi o futebol perdeu o sentido. Philippe resolveu viver apenas para os filhos, encerrando sua carreira no Barcelona naquela temporada.

      Como sempre em que ele sentia saudade, lá estava ele próximo a onde o amor de sua vida estava.

— Me perdoa, amor. Me perdoa se eu falhei com você. — Philippe disse olhando para o túmulo enquanto secava algumas lágrimas — Eu demorei tempo demais pra te chamar de minha, pra te pedir em casamento... agora eu me sinto um completo fracassado sem você. Eu não faço ideia de como seguir em frente e eu peço perdão por não ter feito tudo que você me pediu. — ele fungou, completamente desolado — Eu sei que você nunca gostou que eu fizesse isso, mas eu quero agradecer por tudo. Eu nunca vou me esquecer de você, Ainê.

      Philippe olhou a última vez para a lápide onde havia algumas coisas escritas sobre ela.

Ainê Maria Noel de Sousa Coutinho

* 31-03-1993         +  22-03-2026
"seja a mudança que você quer no mundo."

      Aquela era sua frase favorita. Quando Ainê dizia aquilo para Philippe ele se sentia renovado, pronto para ser alguém melhor. Mas agora, ele não se sentia assim. Ele estava perdido mas precisava continuar pelo seus filhos.

      Philippe deixou um caderninho  e as flores, sempre lírios, sobre o lindo túmulo de azulejos num tom de rosa quase branco. Nesse caderninho havia desenhos e bilhetes das crianças dizendo que estavam com saudade da mamãe, os quais Philippe sempre deixava ali como se Ainê recebesse. No caderninho havia também uma lista de desejos com a caligrafia perfeita de Ainê. Aquela ideia clichê saiu obviamente da cabeça dela, que sempre foi tão ligada a livros e histórias fictícias.

— Eu te amo. A Ninika, Esme e o Mica mandaram um beijo.

      Philippe deu as costas e foi embora dali. Já estava atrasado para buscar as crianças e passar no orfanato. Hoje era dia de buscar o bebê que eles iriam adotar, que como não tinha nome ao ser deixada para adoção no local, as crianças fizeram questão de escolher.

       Um pouco mais tarde naquele dia, a casa ganhava uma nova integrante. A pequena bebezinha de grandes olhos castanhos, Ainê Maria.




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chorem muito crianças, e preparem os lenços pra mais.

Romântico Anônimo || Philippe e Ainê Coutinho  Onde histórias criam vida. Descubra agora