O que Ámbar tinha conversado comigo, de certa forma tinha sentido. Por mais que ele tivesse me traído eu ainda o amava. Eu sei, é ridículo eu pensar em voltar para ele depois de tudo o que aconteceu, mas infelizmente a gente não manda no coração.
Ficamos o resto da tarde conversando enquanto minha mãe se divertia com as meninas na cozinha. No final do dia, Simón saiu do trabalho e foi busca-las. Infelizmente eles não faziam mais tantos shows com a Roller Band como antigamente. Depois do nascimento de Alícia, Pedro decidiu parar com as viagens e passar mais tempo em casa. A pequena foi fruto de um longo tratamento que Delfi teve que fazer para engravidar e ainda teve algumas complicações após o nascimento. Hoje com um ano e nove meses a pequena esbanja saúde e os meninos esbanjam contratos com novos artistas na gravadora que abriram juntos. A RB produtora se tornou em pouco tempo uma das mais conceituadas de Buenos Aires.
De qualquer forma o trabalho que eles fazem é tão cansativo quanto os shows. Mal tive tempo de falar com Simón. O coitado só queria ir para casa tomar um banho e descansar.
Depois que eles foram embora, levei Bella para o meu quarto e sentamos juntas na cama para conversar.
- Não preciso nem falar para você que o que fez essa noite foi errado por que isso você já sabe - Ela apenas abaixou a cabeça desviando os olhos dos meus - Filha, eu entendo como você se sente, mas você não pode mais fazer isso. Você deixou a mamãe e o papai muito preocupados. Já pensou se o portão estivesse aberto e você saísse na rua? Alguém poderia ter levado você!
Seus olhos dobraram de tamanho ao voltar sua atenção para mim.
- Mas eu só queria ir na casa da tia Ámbar...
- Mesmo assim meu amor... você não pode fazer isso! É muito perigoso... Promete não fazer mais?
- Prometo mamãe.
Puxei seu pequeno corpinho para meu colo e a abracei apertado. Afundei meus rosto em seu cachinhos castanhos sentindo o aroma do seu shampoo de tuti-fruti.
- Sabe, eu tava pensando aqui... O que você acha de passarmos uns dias na casa do papai?
Ela se afastou rapidamente, o suficiente para conseguir me olhar e abriu um sorriso enorme. Os olhinhos brilhavam de alegria quando ela gritou repetitivos "SIM MAMÃE" e se jogou nos meus braços novamente.
Levantei da cama e fui até o quarto dela ajuda-la a arrumar uma pequena mala. Depois de terminar, enquanto minha mãe me ajudou dando um banho nela, fui fazer minha própria mala. Era insano o que eu estava pensando em fazer. Mas a minha vida sempre foi assim. Uma loucura a mais não iria fazer mal a ninguém.
Nem avisei Matteo que estava indo. Era na surpresa que eu saberia a real reação dele quando nos visse em casa.
Meu pai ajudou a colocar as malas no carro enquanto eu afivelava Bella na cadeirinha.
- Tem certeza que quer fazer isso Luna?
A preocupação no rosto dele era nítida. Depois de tudo o que aconteceu eu sabia que a ultima coisa que ele queria era que eu sofresse novamente.
- Eu quero tentar pai, não só pela Bella mas por mim também.
- Entendo filha - Ele assentiu me abraçando e depositou um beijo na minha testa - Fica bem, e qualquer coisa nos avise que eu vou correndo.
- Obrigada pai, amo vcs..
- Nós também te amamos filha.
Me despedi dele e entrei no carro acenando para minha mãe parada na porta.
Alguns minutos depois estacionei em frente à casa de Matteo. Ou melhor, em frente à minha casa. Ela era minha e sempre iria ser.
Desci pegando Bella em meus braços e entrei sem bater mesmo.
Dei de cara com a sonsa logo na entrada.
- O que faz aqui? Quem te deixou entrar? - Esganiçou na minha frente.
- Desde quando preciso que alguém me dê permissão pra entrar na minha casa? - Respondi irritada. Bella se encolheu mais no meu colo e eu sabia que era por causa daquela mulher.
- Você não mora aqui, essa casa nã...
- É dela sim! - Matteo a interrompeu antes que ela terminasse de falar - Não preciso repetir pra você que a Luna pode entrar aqui quando quiser.
- Ainda bem que pensa assim Matteo, se puder também pegar nossas malas no carro eu agradeço...
- Vocês vão voltar para casa? - A alegria na voz dele acendeu em mim a esperança de que talvez meu mauricinho ainda estivesse alí.
- Tipo isso - Falei para ele, que abriu mais ainda o sorriso. Me virei para a intrusa novamente que me olhava com raiva - E você, sua estadia aqui chegou ao fim. Pode arrumar suas coisas e ir embora.
- Eu não vou embora! - Me desafiou.
-Ah você vai sim! E vai agora mesmo! - Larguei Bella no chão e me aproximei lhe encarando nos olhos.
- Matteo, você não vai deixar ela me botar pra fora, vai? - Falou desviando o olhar para um ponto atrás de mim.
Me virei e Matteo tinha voltado com as malas e agora tinha nossa filha nos braços.
- É nós ou ela Matteo. Você escolhe...
- Eu não preciso escolher nada...
- Claro que não... - No mesmo instante me arrependi de ter sido tão precipitada - Ainda não sabe o quer ou tá querendo as duas ao mesmo tempo, isso eu não vou aceitar Matteo!
- É claro que ele sabe o que quer - Hannah passou por mim e parou ao lado de Matteo apoiando o braço no ombro dele - Ele quer que você vá embora...
Bella começou a chorar e tentou descer do colo do pai mas ele a segurou firme e empurrou o braço de Hannah indo para o meu lado.
- Eu não preciso escolher, porque nunca houve uma escolha a ser feita, você nunca foi uma opção Hannah. Sabe que nunca tivemos nada e que nunca vamos ter. Te deixei ficar aqui porque me disse que os hotéis estavam todos lotados, mas acredito que já devem ter vagas disponíveis para você...
Fiquei sem reação olhando para a garota na minha frente enquanto ela abria a boca surpresa.
- Não pode me expulsar assim Matteo, Nós somos colegas de trabalho... e... é noite, como eu vou conseguir algum lugar assim?
- Você teve um mês para procurar um lugar para ficar e não o fez, não posso fazer nada... Minha mulher não quer você aqui e ela é quem manda. - Matteo usou a mão livre para pegar a minha e entrelaçar os nossos dedos - E sinceramente... Eu também não quero você aqui, nunca quis na verdade, mas como foi um pedido do Paolo eu aceitei. Mas já tá na hora de ir.
- Não eu...
- Não se humilhe mais garota, só arrume suas coisa e vai!
Sem dar mais conversa para ela, Matteo colocou Bella no meu colo e pegou nossas malas. Subimos para o quarto principal e Matteo fechou a porta deixando Hannah para trás sem saber o que fazer. Confesso que fiquei com um pouco de pena, mas passou quando me lembrei da forma como ela tratava a minha filha.
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After Rain - Livro 2 - (Em Revisão) - Lutteo
FanfictionA chegada de um bebê pode trazer muitas alegrias para a família. Mas junto com uma criança vem muitas responsabilidades. Luna e Matteo deverão enfrentar a confusão de suas vidas e as diferenças pelo bem da filha.