Na primeira semana que me separei de Matteo, Bella ficou tranquila. Não sabia como conversar com ela sobre o assunto e ela achava que só estava passando uns dias com os avós enquanto o pai viajava. Costumávamos fazer isso quando o Matteo ficava muito tempo fora.
No nono dia, Ela perguntou quando voltaríamos pra casa. Contei que agora aquela seria nossa casa e ela então perguntou quando Matteo chegaria.
Não consegui responder.
No décimo quinto dia ela teve febre, ligamos para um médico vir examina-la e ele nos informou que era psicológico.
Doeu saber que minha filha sofria por minha culpa.
Durante a madrugada ela piorou. A febre foi tão alta que ela delirou chamando o pai.
Não tive dúvidas na hora do que deveria fazer. Eram 2 horas da manhã mas mesmo assim não hesitei em discar o número dele.
— Luna? — Atendeu com a voz rouca pelo sono e meu bendito coracão traidor acelerou ao ouvi-la.
— Bella tá com febre — Fui direta — Está chamando por você.
— Tô indo.
Desliguei o telefone e fui ficar com minha filha. Não sei se por ter pouco movimento na rua, ou por uma preocupação que há muito tempo ele não tinha pela filha, mas acabou levando a metade do tempo normal para chegar.
Minha mãe estava acordada por conta do nervosismo e abriu a porta para ele, que não levou 10 segundos para entrar correndo no quarto.
— O que ela tem?
— Tá com febre desde cedo. O médico disse que é psicológico, por causa de tudo que aconteceu — Me sentei na cama e tentei inutilmente não olhar para ele. Percebi que ainda estava de pijama e que seus lábios inferiores tremiam por conta do frio da noite.
Logo que terminei de falar, Bella se mexeu na cama abrindo os olhinhos.
— Papai — Chamou com a voz fraca.
Matteo rapidamente se ajoelhou ao lado dela e lhe segurou a mão.
— Estou aqui meu amor — Afastou com a ponta dos dedos os cabelos úmidos pelo suor do rostinho dela.
— Você veio buscar a "zente" para ir pra casa?
Sem saber o que responder, Matteo me direcionou um olhar esperançoso. Senti um nó na garganta mas fui firme e neguei com a cabeça fazendo-o baixar o olhar novamente. Quando voltou a levantar, os olhos dele brilhavam pelas lágrimas ali acumuladas. Ele estava a ponto de chorar.
Limpei as minhas próprias Lágrimas involuntárias e saí do quarto dela o mais rápido que pude. Entrei no meu e me escorei na porta fechada atrás de mim. Respirei fundo 3 vezes seguidas tentando me acalmar mas os soluços e o choro eram incontroláveis. Essa era a parte dolorosa do amor. Quando você ama mais do que é amada. Quando você luta sozinho por uma batalha perdida. Quando se dá conta que chora mais do que sorri. Quando sua mente sabe que deve ir em frente, mas seu coração teimoso insiste em te puxar para trás.
[...]
Atualmente...
Depois de terminar o ensaio com a equipe fui até a lanchonete ficar com Bella. Tenho muita sorte por ter uma filha tranquila e obediente. Por muitas vezes antes de coloca-la na escolinha, minha mãe não podia ficar com ela e eu acabava a levando comigo para o Roller. Acabou que todo mundo se acostumou com a presença dela e até mesmo ajudavam a cuida-la
Me aproximei da mesa em que ela estava sentada e a abracei por trás.
— Não está enchendo o ouvido da Juliana com suas histórias de novo está?
— Não mamãe, a titia estava me contando a história de quando você ganhou aquele patim de vidro — Sorri pelo que ela disse e também ao me lembrar daquele dia. O mesmo confuso dia em que descobri ser Sol Benson.
— Patim de cristal meu amor — A corrigi.
— Ela é um doce de criança Luna. Jamais incomoda.
— Obrigada por ficar com ela.
— Não precisa agradecer, Nós nos divertimos muito não é Bel.
— É... Eu até ia contar sobre aquele palhaço que mora no meu armário.
Juliana me olhou sem entender e eu fiz um gesto com a mão para que ela deixasse para lá. Bella é muito criativa e às vezes quer compartilhar com os outros as histórias mais malucas.
— E que tal deixar isso para outra hora e patinar comigo?
— Sério? — Afirmei com a cabeça e os olhos dela brilharam. A paixão pelos patins foi passada de mãe para filha, e cada vez que eu tirava um tempo para levar ela para a pista era uma festa —Sim mamãe, eu quero! — Pulou no meu colo me abraçando.
Então vamos lá no meu armário pegar seus patins.
Nos despedimos de Juliana e depois de Bella trocar os calçados fomos para pista.
Ela ainda tinha um pouco de dificuldade e ainda estava aprendendo algumas coisas como patinar mais rápido ou deslizar de costas. Mas aos poucos eu tentava ensina-la, e esperta como era normalmente depois de algumas aulas ela já conseguia fazer sozinha.
— Um dia eu vou ser tão boa quanto você — Falou sorridente enquanto dávamos a volta na pista de mãos dadas.
— Um dia você vai ser melhor que eu filha — Sorri para ela e percebi que ela pensava em algo. E pela cara travessa que fazia, iria aprontar — O que foi?
— Eu queria que você fizesse aquele passo que você faz com a tia Ámbar.
Estranhei o pedido, mas acabei cedendo.
— Huum — Fingi pensar — E eu ganho um beijo e um abraço depois?
— SIIM! — Gritou.
Deixei ela próxima a grade e dei a volta na pista. Quando me preparei para saltar, duas mãos encaixaram na minha cintura e senti uma respiração quente no meu pescoço. Mesmo sem me virar para trás o perfume inconfundível não me deixou dúvidas de quem era, e a voz de Bella ao fundo só me confirmou o que eu já sabia.
— Papai!
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After Rain - Livro 2 - (Em Revisão) - Lutteo
FanfictionA chegada de um bebê pode trazer muitas alegrias para a família. Mas junto com uma criança vem muitas responsabilidades. Luna e Matteo deverão enfrentar a confusão de suas vidas e as diferenças pelo bem da filha.