Capítulo 04 - Meu mauricinho

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Assenti concordando e o segui até o nosso antigo quarto que atualmente pertencia somente a Matteo.

Tudo estava exatamente como deixei 7 meses atrás. Incluindo os dois porta-retratos com nossas fotos. Uma era do nosso casamento e a outra de quando Bella nasceu. Eu me lembrava daquela foto como se fosse hoje. Bella tinha nascido na madrugada do dia 26 de Maio era tão pequena que dava medo até de segurar. Matteo ficou do meu lado o tempo todo. Minha mãe até tentou fazer ele ir pra casa e descansar mas ele negou e disse que só sairia se nós fossemos também. Na visita da tarde todos nossos amigos apareceram para conhecer a bebê Balsano. Jazmín fez questão de me maquiar e arrumar meu cabelo desgrenhado. Todos tiraram fotos com Bella e aquela foi tirada quando Simón surtou ao se dar conta que também seria pai logo. Chloe nasceria em menos de 3 meses. Todos rimos do pânico dele e Nina aproveitou para capturar o momento. Hoje a foto na mesa-de-cabeceira me fazia lembrar de um tempo em que eu tinha uma família formada e feliz para minha filha. Hoje ela tem um pai e uma mãe que se falam apenas por necessidade e finais de semana longe de um deles.

— Então Luna —  Matteo chamou minha atenção das fotos — Sobre o que queria falar?

— Eu conversei com a Bella de manhã e ela me disse que não queria vir para sua casa hoje...

— Mas hoje é meu dia de ficar com ela.

— Eu sei, foi por isso que perguntei o porque, e ela me disse que a sua "namoradinha" não gosta dela e que chamou ela de "pirralha chata".

— Calma aí primeiro que a Hannah não é minha namorada, segundo que eu não acho que ela tenha dito algo assim...

— É inacreditável Matteo — Falei irritada — Vai ficar contra sua filha e a favor da namorada?! Quer saber? Não sei porque ainda tento conversar com você! É impossível!

— Eu não estou a favor de ninguém Luna! Só que eu nunca vi a Hannah tratando mal a Bella.  E para de dizer que ela é minha namorada, já disse que não é! Somos somente colegas de trabalho.

— Claro, colegas de trabalho que moram juntos e que sentam no colo um do outro! — Sem querer deixei escapar.

— Ah! — Riu irônico— Agora entendi.

— Entendeu o que? Que você tem que ficar a favor da sua filha e não de uma qualquer que conheceu ontem?

— Não, entendi o que VOCÊ tá fazendo. com ciúme por isso veio aqui falar mal da Hannah!

— Que?! Não pode estar falando sério Matteo! Eu vim aqui defender a minha filha, porque ela não se sente bem na casa do próprio pai.

— Tudo bem Luna, não precisa mais mentir, sabe que no meu coração só tem lugar para você e para Bella. Nenhuma outra jamais vai tomar o lugar de vocês. Nunca.

— Você realmente é muito idiota se acha que eu usaria a minha filha para voltar com você!

— Eu sei que aí no seu coração você ainda me ama, mesmo que a sua boca diga o contrário — Cada passo que Matteo dava na minha direção fazia com que eu recuasse dois para trás.

— Eu nunca disse que deixei de te amar — Confessei.

— Então você assume Luna? Confessa que você sente falta do seu mauricinho...

Nesse ponto eu já estava com as costas na parede ao lado do closet e Matteo mantinha uma mão de cada lado do meu corpo me mantendo presa. Eu tinha certeza que se me movesse dois centimetros pra frente, meus lábios esbarrariam nos dele.

— Você esta certo Matteo, eu realmente sinto falta do meu mauricinho — Confessei mais uma vez, fazendo com que um sorriso vitorioso brotasse no rosto dele — Mas acontece que você não é mais ele. Meu mauricinho não mentiria pra mim, não me traíria e muito menos deixaria de acreditar na filha por causa de uma qualquer!

Empurrei ele e saí em direção à porta.

— E a propósito — Parei antes de sair e falei sem virar para trás — Enquanto essa oferecida estiver nessa casa, a Bella não pisa aqui. Ela não se sente bem perto dessa criatura, e ao contrário de você, eu acredito na minha filha!

Desci as escadas feito um raio e saí batendo a porta. Atravessei o gramado e entrei no carro apressada. Sentia minhas pernas moles e por pouco não desabei antes de chegar alí.

Senti as lágrimas arderem em meus olhos, mas não me permiti chorar. Não alí onde Matteo poderia ver. Engoli toda a raiva que estava sentindo e dei partida no carro. Só queria sair dalí o quanto antes.

***

Me escorei nos armários do Jam&Roller e fechei um pouco os olhos tentando me acalmar. Minha cabeça parecia dar voltas ainda e eu não podia passar isso para equipe. Problemas pessoais devem ser separados do profissional por mais difícil que seja.

tudo bem Luna?

Abri meus olhos e Juliana estava parada na minha frente.

— Está tão na cara assim? — Perguntei.

Ela assentiu e permaneceu me olhando. Depois de todos esses anos de convivência ela sabia que algo estava errado. Guardei minha mochila no armário e sentei para colocar os patins.

— Matteo aprontou de novo?

Só de ouvir o nome dele meus olhos já arderam novamente. Concordei com a cabeça e soltei um suspiro que estava preso.

— Às vezes eu só queria saber onde está o pai atencioso e carinhoso que minha filha tinha.

— Paciência Luna, uma hora ele vai se dar conta de tudo que está perdendo se continuar agindo assim. O que resta, é apenas torcer para quando isso acontecer não seja tarde demais — Forcei um sorriso de agradecimento e ela retribuiu —Nos vemos em 5 minutos.

Do mesmo jeito silencioso que entrou, Juliana saiu para pista de patinação.

Em segundos minha mente viajou para dois anos atrás. Bella tinha pego um resfriado e passamos as duas acordadas durante a noite. Ela por causa da tosse que não aliviava nunca, e eu a cuidando e controlando a febre que ia e vinha. Matteo tinha ido fazer um show em outra cidade, então ficamos nós duas em casa sozinhas. Lembro que em algum momento acabei pegando no sono abraçada a ela. Acordei com uma voz familiar cantando baixinho. Abri meus olhos e Matteo estava deitado do outro lado com Bella enquanto cantava "princesa". Ele a embalava em seus braços e acariciava os pequenos cachinhos castanhos. O relógio de macaquinho na cabeceira marcava 7:35 da manhã. O que significava que ele tinha dirigido por horas e vindo direto para casa depois do show ao invés de passar o resto da noite no hotel. Ele não percebeu que eu estava acordada, mas eu o observei em cada detalhe. Desde a forma como seus olhos brilhavam ao olhar para nossa filha, até a preocupação estampada no fundo deles. Acabamos dormindo os três na minúscula Cama Cor de Rosa, um abraçado ao outro como uma verdadeira família unida.

Limpei uma lágrima solitária que caiu com a lembrança e terminei de amarrar os patins.

Uma gritaria vinda da pista ecoou por todo o J&R e me fez voltar à realidade. Fui até a porta e uma das meninas da equipe passou quase voando por mim.

— Ele aqui — Gritou eufórica.

Sorri e revirei os olhos. Já sabia quem era. Toda vez que ele aparecia era a mesma coisa. Gritos, autógrafos, fotos e por último uma pequena apresentação. Ele amava isso de ter fãs.

After Rain - Livro 2 - (Em Revisão) - Lutteo Onde histórias criam vida. Descubra agora