Capítulo 21 - A menina do balanço...

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Tenho absoluta certeza de que se Matteo já não estivesse sentado teria caído para trás com a recente notícia recebida.

Grávida. Eu estava Grávida. De novo. E era uma menina. De novo.

Eu não estava muito diferente do meu marido. Mal escutei quando o médico pediu licença e nos deixou sozinhos. Não sei ao certo quanto tempo passou até que Matteo se levantou e andou até a janela do quarto. Os cabelos mais desgrenhados que antes devido ao gesto típico de esfrega-los quando está nervoso.

— Mas... Como?

— É sério? — Perguntei — Quer que eu te explique? Quer dizer... Eu lembro de você estar lá, até porque se não estivesse eu não estaria grávida agora...

Uma risada abafada foi ouvida mesmo com ele de costas para mim.

— Não esse "como". — Falou Matteo— Eu quero dizer, como engravidou se estava tomando seus remédios?

— Eu não sei... — De repente me lembrei de algo que fazia total sentido — Espera... Matteo, Eu e a Bella tomamos muitas vacinas antes de viajar, talvez alguma delas podem ter anulado o efeito do anticoncepcional. Além do mais nem todo método é cem por cento seguro. Está chateado?

Matteo me olhou surpreso com a minha pergunta.

Voltando a sentar-se a meu lado, tomou minha mão na sua e a levou até seus lábios depositando um beijo carinhoso.

— Nunca. — Falou confiante e eu sabia que era sincero pela forma como seus olhos brilhavam, mesmo com seu rosto involuntariamente estar apresentando a mesma apreensão que eu também sentia. Eu reconhecia aquele brilho toda vez que ele olhava para Bella. Foi assim desde que ele soube de sua existência. — Eu amo você e a Bella e vou amar da mesma forma esse bebê também. Aliás, eu já amo.

— Outra menina Matteo — Lembrei também a mim mesma. A voz entrecordada pela emoção.

— Ah meu Deus...

[...]

Apoiada na bancada da ilha da cozinha, eu conseguia ver através da porta de vidro, Matteo sentado na cadeira de balanço da varanda com nossa primogênita em seus braços. Um sorriso bobo brincava em seus lábios enquanto ela falava sem parar, provavelmente contando todos os acontecimentos durante o tempo em que o pai não estava.

Ainda não tínhamos contado sobre a chegada da irmãzinha. Nem mesmo nós havíamos nos acostumado com a informação e nem conversado sobre o que faríamos.

Ainda tinha o assunto da competição, no qual estávamos evitando tocar. Era algo delicado e eu sabia a opnião de Matteo, assim como ele sabia a minha. Abandonar tudo agora não era uma opção.

— No que tanto essa cabecinha pensa?

Virei me deparando com minha mãe parada rente à porta da cozinha.

— Em tudo — Respondi, voltando minha atenção para Matteo e Bella que agora faziam um jogo com as mãos.

— Já contaram para ela?

— Contar o que?

— Sobre o bebê.

Virei minha cabeça tão rápido quanto Regan MacNeil do filme Exorcista. Não tínhamos contado para ninguém sobre minha gravidez.

Corri até a porta conferindo que ninguem havia escutado e a fechei por segurança.

— Como sabe disso? — Perguntei no tom mais baixo que consegui.

— Ah Luna, você é minha filha, como eu não iria saber? Conheço você como a palma da minha mão.

Continuei a encarando ainda sem entender como ela descobriu.

— Pra começar seu quadril está mais largo, e seus peitos estão maiores. — Explicou — Você está dormindo mais que o normal, e olha que você já dorme muito. Além do mais, duas noites atrás peguei você comendo empanada de frango durante a madrugada.

— E o que tem? Eu estava com fome e amo empanadas.

— Eu sei, mas você odeia frango.

— Isso faz sentido. — Sorri pelo fato da minha mãe ter percebido algo que nem eu mesma tinha notado.

— Então, eu vou ganhar um neto ou uma neta?

— Neta. E não, a Bella ainda não sabe. Achamos melhor que ela aproveite bem o pai nos próximos dias antes de receber a informação.

— Estão certos. E eu estou muito feliz por vocês.

— Obrigada mãe. — Me aninhei em seus braços da mesma forma que fazia quando era criança — Eu amo você.

— Eu também amo você Luna.

[...]

— Papai?

— Hum?

— Quando minha irmãzinha vai chegar?

Me acomodei melhor na cadeira de balanço para que pudesse olhar para minha filha.

— Que irmãzinha Bella?

— A que vocês vão trazer pra mim papai. Eu sonhei com ela outro dia...

— Luna! — Chamei.

Não demorou muito para que minha esposa abrisse a porta de vidro que dividia o interior da casa com a varanda onde estávamos.

— O que foi?

— Você falou algo com a Bella sobre aquele assunto?

Entendendo do que eu falava, Luna balançou a cabeça negando.

— Não, achei que contaríamos juntos.

— Eu já disse que sonhei com ela papai, não foi a mamãe.

Depois de uma breve troca de olhares comigo, Luna se agachou na nossa frente.

— Sonhou com o que filha?

— Com a minha irmãzinha. Eu sonhei que empurrava ela no balanço do jardim da casa da vovó. Quando ela chega mamãe?

Com os lábios entreabertos pelo espanto, Luna me olhou mais uma vez quando uma lágrima riscou seu rosto. Seu olhar visívelmente questionava se era hora de contar e sem dúvida alguma eu assenti.

— Ela ainda está aqui na barriga da mamãe — Luna explicou — Vai demorar um pouquinho pra ela sair.

— Como ela entrou aí?

— Bom… foi… foi.. foi quando eu beijei a mamãe. Por isso você não pode beijar ninguém na boca. Nunca.

Luna caiu na risada com a minha tentativa falha de explicar. Mas não me importei. Para Bella aquilo foi suficiente.

Foi então que ela desceu do meu colo e se abaixou próxima à barriga da mãe.

— Não se preocupa Ariel, daqui a pouco você sai daí e a gente vai brincar bastante.

— Ariel? — Perguntamos os dois juntos.

— Sim. Ela vai ter nome de princesa como eu.

— Gostei. Princesa Bella e Princesa Ariel. — Luna repetiu sorrindo.

E então não precisávamos mais escolher o nome. Nossa filha fez isso por nós. Também não foi preciso pensar muito para saber que era a escolha perfeita.

After Rain - Livro 2 - (Em Revisão) - Lutteo Onde histórias criam vida. Descubra agora