FINAL

767 31 38
                                    

Buenos Aires, Argentina. 6 meses depois.

— Força meu amor, você consegue!

— Vamos lá mamãe só mais um pouquinho!

A vontade que eu tinha era bater a cabeça do Matteo e da obstetra na parede. Eu sabia que tinha que fazer força, e apesar de já me sentir fraca depois de seis horas de trabalho de parto, a vontade de ter minha filha em meus braços me motivava a continuar empurrando.

— Depois da Bella eu jurei que não iria passar por isso de novo Matteo! A culpa é sua!

— Minha? Não lembro de ter feito nada sozinho! Aliás, se tivesse feito, quem estaria agora aí seria eu.

Meu olhar raivoso fez instantaneamente o sorrisinho do rosto dele ir embora.

— Ok, entendi, me desculpa — Falou — Só to tentando descontrair.

— Não é o moment… Aaaai!
E lá veio outra contração me fazendo gritar igual uma doida.

— Vamos mãezinha, já estou vendo a cabeça. Mais um empurrão bem forte e sua bebezinha sai!

As palavras da médica me fizeram tirar forças de onde eu nem sabia que existiam. Segurei forte a mão de Matteo, e então segundos depois, um choro alto e a plenos pulmões ecoou pela sala de parto.

Emocionado Matteo foi até a médica quando ela sinalizou e cortou o cordão umbilical.

Depois de uma rápida limpeza e de enrolarem ela em uma manta hospitalar, ela veio para os meus braços. Havia muito cabelo para uma cabeça tão pequenina. Seu rostinho se contorcia procurando conforto após nove meses no aconchego do meu ventre. Matteo chorava ao meu lado, nos olhando e admirando a perfeição do que havíamos feito bem alí nos meus braços.

Minha segunda filha, meu segundo tesouro. Minha Ariel.

_________________🌙 _________________


MATTEO

Entrei no quarto tentando fazer o mínimo de barulho possível. Depois de uma longa noite de show, a viagem de volta para casa me fazia querer mais do que tudo um banho e uma boa noite de sono.

Mas isso teria que esperar. Ariel tinha acabado de acordar e pela cara que fazia estava ponto de chorar. Me apressei até seu pequeno berço ao lado da cama e a peguei antes que Luna acordasse.

Olhei para minha esposa enquanto pegava minha filha no colo e a cena seria cômica se não fosse a coisa mais linda do mundo.

Luna dormia profundamente. A mão dentro do berço para sentir qualquer movimento de Ariel, os cabelos amarrados em uma tentativa falha de coque, que deixava metade do cabelo cobrindo o rosto. A camisa de pijama que por acaso era minha, vomitada no ombro. A fase de refluxo da bebê devia ter acabado com todos os pijamas limpos dela. E muito em breve acabaria com os meus. E então a "cereja do bolo". O seio direito descoberto, provavelmente devido a ultima mamada de Ariel. Luna estava tão cansada que acabou dormindo antes de "guarda-lo". Isso ocorreu diversas vezes nos ultimos tres meses. Ariel era mais agitada do que Bella. Deve ser pelo fato de ser a cópia da mãe.

Aconcheguei minha pequena contra o peito e saí novamente do quarto. Passei pelo de Bella e aproveitei a porta aberta para entrar e lhe cobrir. Equilibrando Ariel com um dos braços, puxei o cobertor até seus ombros e depositei um beijo em seus cabelos. A bebê resmungou em meu colo. Ciumenta como a mãe.

O quarto que preparamos para Ariel ficava em frente ao de Bella, de forma que as duas ficavam próximas a nós. Ou ficariam, já que com apenas tres meses, Ariel ainda dormia conosco.

      Me sentei na poltrona de amamentação que ficava estrategicamente virada para a janela. A cortina de florzinhas estava aberta nos dando visão da noite estrelada.

O

lhei para baixo e Ariel me encarava com seus pequenos olhos verde esmeralda. Sim, eu falei sério quando disse que ela era a cópia da mãe.

Ela era linda e forte. Assim como Luna.

Minha esposa tinha sido mais uma vez forte ao abrir mão do campeonato mundial para cuidar da gestação. Mas não antes de vencer as apresentações solo e em dupla junto com Ramíro.
A viagem que duraria um ano se resumiu a quatro meses, e apesar da barriguinha saliente, Luna não deixou de lutar pelo o que queria. Infelizmente porém a fase em grupo que ocorreria alguns meses depois teve de ser abandonada.

Ariel veio ao mundo no mesmo dia que seu padrinho Ramíro ganhou mais uma medalha de campeão com a equipe Argentina de patinação artística sobre rodas.

— Você é uma menininha muito linda, sabia? Papai ama muito você.

Mais um resmungo e dessa vez seguido de um barulho e um cheiro terrivelmente familiar.

— E também vamos ter que ver o que sua mãe vem te dando... Não é possível que apenas o leite do peito produza essa bomba atômica na sua fralda.

Como resposta, uma golfada de vômito veio parar bem no meio do meu peito.

— Ok, já entendi — Me levantei e a coloquei no trocador — Mas só pra você saber, sua mãe amava esse colete cinza.

_________________🌙 _________________

LUNA

3 anos depois, Campeonato infantil de patinação sobre rodas.

— Já começou?

Olhei para o lado e Matteo subia as arquibancadas do Jam&Roller com Ariel no colo.

— Onde você estavam?

— Eu ia levar ela até a lanchonete, mas aí ela começou a chorar, então saímos para dar uma volta na praça.

— E porque o cabelo dela está assim? — tentei inutilmente ajeitar as tranças de Ariel — Matteo, parece que ela estava em um furacão.

— Furacão não, mas no balanço foi bem radical!

— Matteo voc…

— Da pra vocês ficarem quietos, elas já vão se apresentar! — Ámbar nos interrompeu.

Em seus braços o pequeno Nick, com um ano e meio e cabelos negros como os de Simón tentava a todo custo pegar os brincos da mãe.

— Eu preciso comer pipoca! — Nina resmungou atrás de mim.

— Mamãe, também "queio" — Ariel pediu.

— Tá! Eu vou! — Gastón se levantou, passando entre nós. — Só queria saber quando esses desejos vão acabar. Não sabia que mulher grávida comia tanto! Com seis meses de gestação a Nina já comeu mais que eu durante um ano.

— Para de reclamar! Queria filhos, agora aguenta! — Nina retrucou fazendo-o se calar. Os hormônios a deixavam ligeiramente agressiva.

A musica começou e Chloe entrou na pista seguida por Bella e mais dois meninos. Eles eram a coisa mais fofa patinando. Pequenas criaturinhas fazendo passos elaborados e coreografias.

No passo final, Bella e Chloe termiraram juntas e de mãos dadas. Quando saíram da pista as duas se abraçaram felizes, mostrando a amizade maravilhosa que tinham. Foi então que Matteo e eu trocamos olhares com Ámbar e Simón e sorrimos. Na corrida para abraça-las, foi a vez de Ámbar e eu irmos de mãos dadas em direção às nossas filhas.

Então, um unico pensamento que eu sabia que estávamos dividindo: Um novo ciclo entre primas se iniciava. E dessa vez só haveria amor para ser compartilhado.

FIM.

🎉 Você terminou a leitura de After Rain - Livro 2 - (Em Revisão) - Lutteo 🎉
After Rain - Livro 2 - (Em Revisão) - Lutteo Onde histórias criam vida. Descubra agora