Hoje o dia não podia estar mais bonito! O céu amanheceu completamente azul e limpo, indicando que seria uma manhã quente, justamente no dia do aniversário de Maya e assim como nos outros três aniversários passados, — mesmo que ela não pedisse muita coisa já que era muito nova — faria tudo que ela pedisse. Minha filha era uma criança muito inteligente e, algumas vezes, suspeitava que ela fosse superdotada ou algo assim, embora ainda não tenha confirmado minhas suspeitas sobre isso.Não conseguia acreditar que minha pequena estaria completando seus quatro aninhos hoje. O tempo passou tão rápido que me lembro como se fosse ontem do dia em que a peguei nos meus braços pela primeira vez: foi um parto difícil e demorado, mas não me arrependo de nada.
— Mamãe, no que tanto pensa? — Ouço uma voz fininha e fofa perto de mim, o que me faz olhar para baixo e ver minha pequena segurando a barra do meu suéter enquanto me observava atentamente com seus olhinhos curiosos.
— Apenas pensando no que iremos fazer hoje. — A pego no colo com um grande sorriso tomando conta de meus lábios, deixando um selar estalado em uma das suas mãozinhas. — Já tem algo em mente, coelhinha? — Ando com Maya até a cama e me sento com ela ali, acariciando suas pernas.
— Na verdade, ainda não... — Observo-a levar seu dedinho indicador até o queixo, pensando em algo. — Hm... nós podemos ir até aquele parque outra vez? Fiz um amiguinho lá e ele disse que todo dia vai com o papai dele. — Ela diz sorrindo largo com seus pequenos dentes de leite que se assemelhavam totalmente com os de seu pai, agarrando meu pescoço em forma de abraço.
— Claro, meu bem! Por que depois não comemos um bolo de chocolate bem grande, hm? — Sorrio a colocando na cama e começando a fazer cócegas em sua barriguinha. — Parabéns, coelhinha, mamãe te ama muito. — Acaricio seu rosto levemente e deixo um beijinho estalado em sua bochecha.
— Eu também te amo muito, mamãe, obrigada por ser a melhor mãe do mundo!
Queria mesmo ser a melhor mãe do mundo para você, May, mas sei que gostaria de conhecer seu pai e isso é algo que, infelizmente, eu não poderei te dar como presente.
(...)
Nesse momento, eu me encontrava com Maya em uma confeitaria no distrito de Gangnam. Estávamos comprando um bolo de unicórnio que minha pequena havia visto quando passamos por aqui mais cedo e que insistiu em compra-lo o que, obviamente, eu não iria negar. Maya estava agarrada em minha perna enquanto observava toda a movimentação do local com certa atenção, pois estávamos esperando o funcionário da loja trazer o bolo e depois iríamos comprar uma vela para cantar o parabéns no quarto do hotel.
Sinto a pequena soltar minha perna e se afastar um pouco, olhando fixamente para a porta por alguns instantes o que me fez franzir o cenho e apenas ignorar, imaginando que ela deveria estar ansiosa. Mas meu mundo parou quando a ouvi gritar cinco letrinhas que ela conhecia muito bem: "papai". Arregalo os olhos e sinto meu corpo paralisar, não conseguia virar para olhar quem estava na porta — mesmo já sabendo quem era — e nem queria.
Nesse momento, todos da loja encaravam minha filha com certo encantamento no olhar enquanto eu me segurava para não desabar ali mesmo.
Finalmente decido me movimentar assim que o funcionário do estabelecimento aparece com o bolo já embrulhado, me fazendo agradecer mentalmente e apenas pegar o pacote para ir embora, o que eu realizaria com tamanha facilidade se não fosse pelo garoto de olhos amendoados encarando minha filha com certo questionamento em seu belo rosto. Ao contrário de Maya, que o observava com seus olhinhos brilhando.
Respiro fundo e conto mentalmente até dez, antes de dar um passo e pegar na mão de Maya para irmos embora. Fazia alguns dias desde o meu encontro com Jungkook no restaurante, não tinha passado pela minha cabeça que iríamos nos reencontrar aqui e, muito menos, com Maya acordada dessa vez.
— Meu amor, vamos compra sua vela antes que fique tarde, sim? — Tento ignorar o olhar de Jeon Jungkook, poderia jurar que ele estava enxergando até a minha alma.
— Mamãe, olha, é o papai! — ela diz em um coreano/inglês meio enrolado, batendo palmas e dando alguns pulinhos de felicidade enquanto observava nós dois.
Reúno toda a coragem que eu tinha e observo Jeon Jungkook. O mesmo se encontrava com os olhos arregalados e a respiração descompassada enquanto alternava o olhar entre eu e Maya, logo acordando de seu transe e segurando meu braço com delicadeza em um pedido mudo para que saíssemos dali. Seguro a sacola do bolo firmemente com uma mão, para que não o derrubasse ao longo do trajeto, e com a outra agarro de forma sutil o pulso da minha filha passando a ser guiada por Jungkook, sentindo meu coração bater completamente descompassado dentro do peito.
— Jeon, para onde você está me levando? Eu tenho que comprar a vela para o bolo de Maya. — Ele não me responde e continua andando para um destino desconhecido por mim. Observo minha filha por alguns instantes e seu rosto emanava uma felicidade que eu nunca tinha visto antes.
Depois de alguns minutos de caminhada, paramos em frente ao parque que eu estava com a pequena mais cedo e franzo o cenho quando percebo que viemos parar aqui novamente, logo o olhando pegar Maya no colo e a levar até o parquinho que ficava alguns metros de distância de onde fique parada, lhe falando algo que não conseguia entender. Depois, voltou com certa pressa em minha direção assim que deixara Maya brincando com outras crianças. O parque se encontrava mais vazio do que mais cedo, com menos de meia dúzia de pessoas.
— Eu cansei de você estar sempre fugindo de mim, Audrey. Você vai me explicar tudo, e vai ser agora.
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Our angel - Jeon Jungkook
RomanceHá quase quatro anos, tive que sair às pressas da Coréia do Sul por um pequeno (grande) imprevisto que ocorreu na minha carreira "quase perfeita" em Seul. Hoje, depois desses longos anos que se passaram, finalmente estou de volta para a minha cidade...