— Eu cansei de você estar sempre fugindo de mim, Audrey. Você vai me explicar tudo, e vai ser agora. — Engulo em seco ao ouvir tais palavras, respirando fundo antes de me preparar psicologicamente para lhe falar o necessário.Jeon Jungkook se encontrava em minha frente, de braços cruzados e com um olhar sério direcionado à mim. A veia saltando da pele branca de seu pescoço, o maxilar travado e o cenho franzido demonstravam o quão tenso ele estava no momento, fazendo-me ficar cada vez mais nervosa.
Coloco a sacola do bolo em cima do banco de madeira que estava próximo, sentando-me na superfície fria e tomando coragem para encarar o mais novo em minha frente. Contei mentalmente até dez antes de começar a falar tudo o que devia.
— O que você quer saber, Jeongguk? — olho para sua expressão nervosa, segurando nosso contato visual por alguns segundos antes de ouvi-lo respirar fundo.
— Como... como você tem uma filha? Com quem? Quando? Onde? Quantos anos ela tem? Tenho tantas perguntas em mente, Audrey, não sei nem por onde começar. — O vejo soltar o ar e logo descruzar os braços, fazendo-os cair ao lado de seu corpo antes de olhar para baixo.
— Bom, como eu acho que você já sabe, não seria doida de querer engravidar aos vinte anos propositalmente. — Observo algumas pessoas saindo do parque e procuro por Maya para certificar se estava tudo bem. — Com quem já é algo um pouco mais complexo, não posso falar para o pai dela que ele tem uma filha. Quando... bom, foi há quatro anos atrás aqui em Seul mesmo. — Mordo a parte interna de minha boca, esfregando minhas palmas molhadas de suor em minhas pernas cobertas pela legging preta que vestia.
— O que? Como assim não pode falar para o pai dela? Você a criou esse tempo todo sem pai? — Queria rir ao ver o tamanho de seu desespero quando descobriu que Maya havia ficado sem pai este tempo todo, mas me segurei. — Você é muito corajosa, Audrey. Não que eu já não soubesse disso, mas lhe admiro por isto. Agora me diga, por quais motivos não contou ao pai dela? — Conseguia perceber pelo tom de sua voz que Jungkook se encontrava chateado, mas não sabia ao certo o porquê.
— Tive que voltar para Toronto e o pai dela mora muito longe, ele trabalha demais e... acabei ficando com medo de colocar a segurança dela em risco, ele faz muito sucesso no mundo todo. — Engulo em seco antes de levantar o olhar para Jeon novamente, observando seu rosto se transformar em um misto de confusão novamente.
— Como assim? Espera, Audrey...
— Éramos apenas dois jovens sem muita noção de responsabilidade, mas o garoto de orbes escuras conquistou meu coração assim que coloquei meus olhos nele, meu coração nunca bateu tão forte como naquele dia e foi inevitável não ficar apaixonada logo depois que o conheci. — O interrompo antes que ele terminasse a frase, arranjando coragem sabe-se lá de onde para lhe dizer tais palavras. — Eu trabalhava para ele, entende? Mesmo ele sendo um ano mais novo, tinha uma maturidade incrível e era extremamente habilidoso em tudo que fazia, quer dizer, era atrapalhado em algumas coisas, mas acabava sendo fofo. Depois de dois anos trabalhando naquela mesma empresa, acabei indo para uma festa e... Maya foi feita aquela noite. — Passo as mãos por meus fios curtos, tentando aliviar todo o nervosismo que estava sentindo no momento.
Jeon estava pensando, sua feição não era uma das melhores e eu apenas esperava pelas suas próximas palavras ou ações. Eu dei praticamente todas as dicas, quase disse quem era o pai de Maya, a não ser que ele fosse burro o suficiente — o que, convenhamos, não é o caso — para não perceber que era ele.
— Audrey, diga-me, eu quero ouvir da sua boca, quero que me diga quem é o pai daquela garotinha que está brincando bem ali. — O observo se abaixar em minha frente, pegando em uma de minhas mãos antes de encarar meus olhos uma outra vez, aquele mesmo olhar que eu poderia jurar estar lendo a minha alma. Engulo em seco novamente, respirando fundo antes de lhe dizer a resposta que tanto ansiava:
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Our angel - Jeon Jungkook
RomanceHá quase quatro anos, tive que sair às pressas da Coréia do Sul por um pequeno (grande) imprevisto que ocorreu na minha carreira "quase perfeita" em Seul. Hoje, depois desses longos anos que se passaram, finalmente estou de volta para a minha cidade...