Capítulo 3

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• Derek Narrando

Ed Física era com certeza minha aula favorita. O professor mandou que nos alongasse-mos antes de correr  e eu estava concentrado nisso, até ouvir os caras fazendo comentários sobre uma "bunda deliciosa".

Logo achei a quem eles estavam analisando. Ela tava empinada para o alto, bem na nossa direção, enquanto o torso estava pra baixo, afim de alongar as pernas, que por sinal, também eram bem desenhadas, sob uma calça legging preta.

— Agora quero vocês correndo em volta da quadra, bora! 10 voltas! — Vi a menina sair daquela posição e ficar de pé, enquanto o seu blusão escorregava por suas costas e escondia tudo aquilo.

Espera! Blusão?! Olhei mais pra cima e vi o rabo-de-cavalo torto, já balançando pelo movimento da corrida. Era a Alice! Que?! Como ela escondeu aquele corpo por tanto tempo?

— Como é que é, Cooper? — Meu sobrenome foi gritado pelo professor. — Não me ouviu? Correndo!

Pisquei algumas vezes pra sair do transe e balancei a cabeça pra afastar a imagem da bunda da Alice da minha mente e finalmente comecei a correr.

Eu logo alcancei os meus amigos, que estavam só a alguns metros de mim, enquanto que Alice tava bem mais adiante, com sua amiga esquisita. — É... até que não vai ser nenhum sacrifício ficar com ela. — Ouvi Brandon comentar, enquanto corria no meu lado e já respirava ofegante.

— Quem? — Perguntei meio distraído, ainda em sem conseguir acreditar que eu estava há dois segundos admirando o corpo da minha melhor amiga.

— Como quem? Alice Stone! Você não estava ouvindo a gente? — Respondeu e eu finalmente olhei pra ele.

Só aí que eu me toquei, que eu não era o único que tinha reparado na bunda dela. Na verdade, eu fui o último do meu grupo a reparar, já que só notei, justamente, por ter ouvido eles falando.

— Eu ouvi, mas... não prestei atenção direito. — Menti. — Ela é minha amiga, então cala essa boca e tenha mais respeito.

Ainda em choque por ter admirado o corpo da Alice, voltei a olhar pra ela e vi seu rabo-de-cavalo se desfazendo e mostrando o quão longo seu cabelo castanho e ondulado estava. Já batia na altura da cintura e por um segundo me imaginei passando a mão nele.

Aí, merda. O que eu to fazendo?!

— Então você já tá achando que o carro é seu, né? — Riu e eu olhei de novo pra ele, só que agora era ele quem encarava ela. Aquilo me deu muita raiva, uma raiva que eu nunca tinha sentindo por ele antes.

— Esquece, ela não é para o teu bico. E eu não to nem aí para o carro. — Respondi ríspido e ele notou.

— Ei! Relaxa, cara. Eu sei que é sua amiga e vou respeitar os limites dela. — Falou em tom apaziguador, mas que não tava funcionando, pois só me irritou mais. — Eu sei ser um cavaleiro. Com certeza ela é virgem e seria um prazer, fazer as honras de ser o primeiro. — Riu com malícia e eu não aguentei.

Parei de correr num tranco e acertei um soco no rosto do maior amigo que eu tinha ali na escola, sem nenhuma pena.

Todo mundo parou de correr, porque o som do soco ecoou e o corpo do Brandon foi em peso no chão.

Antes que ele conseguisse se sentar e limpar o sangue que escorria do seu nariz, o professor já tava do meu lado gritando e mandando eu ir pra direção.

Eu fui sem argumentar e antes de sair da quadra meu olhar cruzou com os olhos azuis de Alice, que me encaravam assustados. As bochechas estavam vermelhas e na testa tinham alguns fios grudados pelo suor.

E eu não sei porquê, ela me pareceu, assustadoramente, atraente naquele estado.

Sai depressa, com raiva do que Melissa tinha plantado na minha mente e que com certeza tinha plantado na mente de todos os outros caras também.

Minha Alice, que sempre foi quase invisível e de jeito nenhum atraente, agora se tornava o centro das atenções. Isso tava me deixando furioso e eu tinha que acabar com esse joguinho idiota.

Ouvi o diretor falar sobre disciplina e ordem no meio escolar por um bom tempo, nem mesmo tentei me justificar, porque seria ridículo dizer que aquela violência foi desencadeada por ciúmes.

Por fim, recebi uma advertência de um dia. Como hoje já era sexta, então segunda eu não poderia pisar na escola e eu deveria trazer na terça a assinatura da minha mãe, numa folha que dizia o motivo do meu afastamento.

Sai dali ainda transtornado com o que aconteceu.

Segui de cabeça baixa pelo corredor até escutar alguns passos, mais adiante, pararem bruscamente e olhei pra cima pra ver quem tinha se assustado com a minha presença.

Era ela. Ou melhor: Elas. Alice e Ester, espantadas comigo.

Alice estava de cabelo solto e molhado, de quem acabou de sair do banho e percebi que ela ficava mais bonita desse jeito e isso me irritou. Eu não queria ficar reparando na beleza da melhor amiga.

Droga, baixinha. Prende esse cabelo, me ajuda.

Caminhei até elas, mas focado só nos olhos azuis. — Me espera, que eu te levo pra casa. Vou só tomar uma ducha rápida. Tudo bem? — Eu não queria deixar ela voltar sozinha e correr o risco de algum moleque oferecer carona, pra ela.

— O que rolou lá na quadra, cara? Você me deixou preocupada, sabia? — Sua expressão foi ficando irritada. — Desde quando você resolve as coisas no soco? — Ela botou as mãos sobre o quadril, numa pose que atraiu meu olhar para as curvas discretas que ela tinha ali. Ai, Porra. Não! Subi rápido o meu olhar.

— É complicado, eu te explico no carro. Você pode me esperar ou não? — Perguntei impaciente.
Não com ela, mas comigo mesmo. Eu não estava confortável com as coisas que eu estava sentindo.

Ela bufou, mas cedeu. — Tá, eu espero! Mas vai logo que eu tenho muito o que estudar. — Resmungou, enquanto puxava o braço da Ester pelo corredor, provavelmente pra ir ao armário delas. E eu fui logo pra o vestiário pra voltar o quanto antes.

Jogo do Amor - Uma amizade que se transformaOnde histórias criam vida. Descubra agora