• Alice Narrando
Cheguei em casa chorando, de tanta raiva que eu tava do Derek. Felizmente, nesse horário, meus pais estão no trabalho e ninguém ficaria me perguntando os motivos das lágrimas.
Fiquei um tempo na banheira, repassando os últimos momentos. O que será que o Brandon falou para o Derek de tão grave, pra deixar o meu amigo tão aloprado e preocupado comigo?
Ele nunca foi ciumento. Na verdade eu que era com ele. Odiava quando ele trocava minha companhia, pra ficar com alguma vadia. E eu adorava atrapalhar os lances dele, apenas pra ter meu amigo só pra mim, como quando éramos crianças.
Mas agora, eu só queria mata-lo, lentamente.
Como ele pôde sugerir que meu alongamento tinha o intuito de provocar os garotos?!
Ele me conhece como ninguém e sabe muito bem que eu quero distância, de qualquer projeto de homem, que pisa naquela escola.
Eu tinha agora que me alongar usando uma burca? Que loucura.
Eu e ele sempre discutimos, mas nunca brigamos assim, tão sério. Eu não estava nem com vontade de olhar na cara dele.
Escutei minha campainha tocar e invadir meus pensamentos. Aquilo me irritou e decidi que ia ignorar. Minha banheira tava muito boa, pra ser abandonada.
Porém, o som irritante foi ouvido mais duas vezes, antes de eu gritar: — JÁ VAI! Inferno. — A última palavra, eu resmunguei baixo, só pra eu ouvir.
Me enrolei na toalha e fui até a porta. Olhei pelo olho mágico e revirei os olhos, reconhecendo quem era. Abri a porta num movimento rápido e carregado de raiva.
— O que você quer, Derek?! — Cruzei os braços — Eu já to sem paciência pra você, hoje. — Falei, grosseiramente.
Mais uma vez, vi seu olhar descer pelo o meu corpo. Só que dessa vez não foi tão sútil, antes de voltar a me olhar nos olhos e engolir em seco, com seu rosto ruborizando.
Me dei conta que ainda estava só de toalha e senti meu rosto esquentando pela vergonha. Eu semifechei a porta, usando ela como escudo e deixando só a minha cabeça, à sua vista.
Ele percebeu meu incômodo e coçou a garganta, antes de começar a falar.
— Eu vim me desculpar. Pelo o que eu disse... — Ele parecia procurar as palavras certas. — Seu alongamento estava ótimo, na verdade. —Que?! Acho que minha cara devia ter um enorme ponto de interrogação, porque ele começou a tentar se explicar. — O que eu to querendo dizer é que o problema não estava em você ou nos seus movimentos. Inclusive, parabéns pela elasticidade. — Ele coçou a cabeça olhando pro chão.
Ele estava me parabenizando por minha elasticidade? Esse garoto tá com sérios problemas.
Eu ergui uma sobrancelha, confusa com o que ele dizia. Ele parecia estar suando de nervoso e eu comecei até a achar divertido a performance.
Ele nunca ficou assim pra se desculpar. Na realidade, ele raramente pedia desculpas. — Pra resumir... — Ele pigarreou de novo —Acredito que extrapolei nas minhas reações, desculpa. Mesmo. — Eu respirei fundo e nem percebi que minha raiva já tinha ido embora.
— Tá tudo bem. Eu sempre te perdôo, não é? — Ele sorriu de lado, claramente aliviado. — E eu entendo porquê você tá agindo assim. — Ele arregalou os olhos e voltou a parecer nervoso.
— Você entende? — Ele perguntou com receio.
— Sim. Eu acho que eu também me comportaria estranho, estando no seu lugar. — Fui sincera.
— Como assim? — Perguntou confuso.
— Seus pais se separaram não tem muito tempo e sua mãe vem descontando tudo em você. — Expliquei e ele sorriu e concordou.
— Sim. É isso. Você me entende como ninguém, baixinha. — Enxugou a testa com o braço, porque ela tinha ficado úmida de suor, durante o pedido de desculpas.
— Bom, agora, se me der licença, vou voltar para o meu banho, que você atrapalhou. — O dispensei, vendo-o ainda sorridente, dar um passo pra trás e em seguida fechei a porta.
Eu não voltei para o meu ritual de banho, aproveitei que já tava mais calma e fui estudar.
• Derek Narrando
Eu fiquei muito mal com o jeito que eu e a Alice brigamos. Ela saiu quase chorando do meu carro e eu odeio ver ela chorar. E odeio muito mais eu ser o motivo do choro.
Eu fui até sua porta, decidido a me desculpar e deixar tudo normal de novo entre a gente.
Eu já tinha elaborado tudo o que eu diria na minha mente. Estava confiante que ela ia me perdoar e talvez até me chamar pra jogar um pouco de videogame.
Mas, de novo, tudo saiu de controle dentro de mim, quando ela abriu a porta, toda molha e vestindo só uma toalha em volta do corpo.
Ela perguntou de um jeito bravo e sexy : — O que você quer, Derek?! — E minha mente respondeu num berro "VOCÊ!".
Eu não consegui evitar de dar uma boa olhada nas pernas, que eu já não via expostas assim, tinha bastante tempo.
Com certeza, da última vez que eu as vi, elas eram bem diferentes de como estavam agora. Ou será que eu estava cego esse tempo todo?
Ela notou minha inspeção nada discreta e se escondeu com a porta, o que me deixou ainda mais tenso e sem graça.
Minhas desculpas saíram de um jeito horrível. Parecia que eu era um moleque inexperiente, vendo uma mulher pela primeira vez.
Mas, por algum milagre, ela me perdoou e por um momento eu achei que ela ia dizer que sabia que o meu nervosismo era causado por ela, mas não.
Alice achou que meu comportamento tinha a ver com a separação dos meus pais. Eu achei mais fácil deixar ela pensar assim.
Preciso falar com a Melissa pra avisar que esse jogo tosco não vai rolar. Eu não quero nenhum daqueles caras atrás da Alice.
Ela é minha.
Minha amiga, tudo bem. Mas ainda é minha.
E eu não vou deixar nenhum daqueles caras tocarem nela. Mesmo que eu também não toque.
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Jogo do Amor - Uma amizade que se transforma
Roman pour Adolescents• 1° Lugar na Categoria #RomanceAdolescente • 1° Lugar na Categoria #AmorJuvenil • 1° Lugar na Categoria #LeituraJuvenil • 1° Lugar na Categoria #Desafio Este é o Livro 1 de 2 Uma aposta entre colegas de turma, pode botar em risco uma amizade de an...