Capítulo 6

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• Alice Narrando

Acordei sentido cheirinho de omelete, o que significa que hoje é sábado. Meu pai sempre faz omeletes aos sábados. Desci animada pra tomar café da manhã com os meus pais.

Minha mãe estava tirando foto da comida. Depois que ela aprendeu a mexer nas redes sociais, há uns dois anos atrás, ela passou a compartilhar, todo dia, a sua rotinha com seus seguidores, que não são poucos.

Eu acho assustador, já que minha conta é privada e tenho menos de 100 pessoas lá. Pra vocês terem idem, tem mais fotos minha na página da minha mãe, que na minha mesmo.

E todo dia tenho que recusar dezenas de solicitações de amizade de seguidores da minha mãe. Pra alguns, não basta segui-la, tem que seguir a filha também. Revirei os olhos e fui pegando o meu prato.

— Bom dia, princesa! — meu pai sorriu pra mim, enquanto tirava do fogão uma panela com mais ovos.

— Bom dia. — Cocei um olho, ainda sonolenta.

— Aí, gente. Minha filha é linda até quando acorda. Dá um "oi", nenê! — Lá estava minha mãe, me filmando de novo.

Santo Deus! Como podemos ser tão diferentes, se eu nasci dela?!

— Oi. — Sorri sem mostrar os dentes e dei um tchauzinho para o celular.

Peguei meu omelete e sentei na mesa com a minha mãe e em seguida meu pai nos acompanhou.

— Filha, hoje é sábado. O que você vai fazer? — Minha mãe perguntou animada, como sempre. Às vezes parecia que ela era a adolescente da casa.

— Eu acho que vou chamar a Ester, pra gente ver um filme, ou algo assim. — Falei, antes de levar outra colherada à boca.

— Hum. E o Derek? — Perguntou, fingindo desinteresse, mas eu sei que ela por dentro, ela estava ansiosa pela minha resposta.

O sonho da minha mãe é que nossa amizade vire namoro, porque foi assim que aconteceu com ela e meu pai.

Eles também eram amigos, antes de ficarem. Mas é muito diferente entre eu e Derek.

Nós somos amigos desde que eu me entendo por gente. Eu tenho ele como um irmão. Impossível nos vermos com outros olhos.

Apesar que eu acho que o peguei me analisando como mulher, umas duas vezes, ontem. Mas eu quero apagar completamente esse dia da minha mente.

— Ele tá bem, mãe. Deve ir na festa de uma colega da nossa turma. — Respondi de maneira sucinta, querendo não esticar o tema "festa" ou "Derek".

— E porque você não vai?! — Dessa vez minha mãe não tentou disfarçar o interesse na minha vida social.

— Porque eu não curto essas coisas. — Falei impaciente, largando a colher sobre o prato.

— Deixa ela, Kate! Alice não gosta e acho que ela não tá perdendo nada. — Meu pai intercedeu por mim e me sorriu de maneira cúmplice, me piscando um olho.

— Nossa. Você é minha cara, mas o jeito é todinho do seu pai, né? Vocês são dois anti-sociais. — Minha mãe lamentou, derrotada. Enquanto nos olhava com reprovação, nos fazendo rir.

— Que ironia, né. — Brinquei.

Mais tarde, como eu tinha dito, chamei a Ester e ela apareceu lá em casa com uma mochila super cheia nas costas.

Ela parecia uma tartaruga com um casco enorme. Esperei entrarmos no meu quarto, pra questionar o que essa maluca estava trazendo.

— O que você trouxe aí? Tá querendo se mudar pra cá? — Debochei enquanto sentava na minha cama e ela fez o mesmo, colocando a mochila entre a gente.

Jogo do Amor - Uma amizade que se transformaOnde histórias criam vida. Descubra agora