• Alice Narrando
Nossa mesa era pra quatro pessoas. A Ester sentada ao meu lado, minha mãe na minha frente e meu pai do lado dela, significava que não tinha espaço, pra mais ninguém. Mas a lógica não impediu minha mãe, de convidar os dois, até nós.
Eles se aproximaram, até Derek parar de pé, atrás da minha cadeira e Brandon ao seu lado, atrás de Ester.
Esses garotos não estavam brigados?
— Oi, família! — Derek nos cumprimentou e colocou as mãos sobre os meus ombros, com certa urgência.
Um movimento que o fez parecer ansioso em toca-los, agora que estavam expostos, sem a proteção do meu casaco e com apenas duas alças finas, da minha regata, sobre eles.
O constraste da sua mão grosseira, na minha pele fina, me deixou arrepiada.
— Olá, garoto. — Meu pai sorriu e colocou outro pedaço de pizza na boca.
— Como é bom, te ver de novo! — Minha mãe falou empolgada, sorrindo com os olhos.
Me segurei pra não revirar os olhos pra ela. Éramos vizinhos. Ela o via o tempo todo.
— Digo o mesmo, Dona Kate! — Ele deu um aperto suave na minha clavícula, antes de começar a massagear a minha nuca, com os polegares, em movimentos circulares.
— Tá tensa, baixinha? — Olhei para o alto, pra encontrar seus olhos e vi também um sorriso sem vergonha.
Aí, senhor.
— Não. — Falei um pouco baixo, levemente hipnotizada. Ele riu e eu voltei a olhar rápido pra minha mãe, pra fugir dos olhos dele, mas era melhor ter olhado para a outra pessoa. Pois ela me encarava, com uma cara que dizia "hum, danadinha", com aquele sorrisinho travesso, que ela tinha.
— E você, quem é? — Meu pai, que não tinha o mesmo olhar atento da minha mãe, sobre mim, perguntou, se dirigindo ao Brandon.
Virei meu rosto pra olhar pra ele, mas reparei foi na Ester. Ela encarava a sua pizza, sendo destruída pelo seu garfo, como se ela estivesse descarregando seu nervosismo ali.
— Meu nome é Brandon! — O loiro segurou na cadeira da minha amiga, pra se debruçar um pouco pra frente, encostando sua barriga na cabeça ruiva e apertou a mão do meu pai.
Ela paralisou com o toque e agora só segurava o garfo com firmeza.
— É um prazer, Sr e Sra Stone. — Minha mãe também apertou sua mão.
— Você também é da turma deles? — Minha mãe questionou, curiosa.
— Sim. Sou amigo do Derek. — Explicou, sorrindo de um jeito simpático.
— Ah, mas se é amigo do Derek, então é nosso amigo também! — Minha mãe direcionou seu sorriso para o demônio, massageador de nucas, que ainda fazia movimentos suaves ali.
Será que ele seduz todas as mulheres?
— Vamos, sentem com a gente! — Ela olhou para os lados, procurando cadeiras.
— Não tem espaço, mãe. Essa mesa é pra quatro. — Falei o óbvio, mas senti um aperto censurador, no meu ombro.
Ui. Acho que alguém não gostou da minha observação.
— É verdade... — Minha mãe sorriu pra mim, mas eu não gostei daquele sorriso. — Quer saber? — Ela empurrou um pouco o seu prato, na mesa. — Eu já comi demais. — Ela deu alguns tapinhas, na própria barriga, que estufou de ar, pra exagerar. —Sentem e façam companhia para as meninas, rapazes. — Sugeriu, já se levantando e me fazendo arregalar os olhos, na tentativa de sinaliza-la pra parar com aquilo. Mas ela me ignorou. — Vamos, Jacob! — Olhou para o meu pai, que agora estava triste, por ter que abandonar o seu prato.
— Claro, querida. — Resmungou, levantando também.
— Mãe... — Tentei falar, mas ela me cortou.
— Leva elas pra casa, depois? — Perguntou, olhando para o Derek e dando a volta na mesa, até parar ao seu lado.
— Claro! Eu vim de carro. — Ele tirou uma das mãos de mim, pra retribuir o abraço, da minha mãe.
— Foi um prazer, Brandon! Tchauzinho, Lindinha da tia. — Falou olhando para os outros dois, e depois olhou pra mim, segurando o riso, ao ver minha cara de reprovação. — Te amo, filha. — Beijou minha testa e saiu puxando meu pai.
— Tchau... — Meu pai falou sem ânimo.
Ele amava pizza. Mas amava mais sua vida. Minha mãe o mataria, se ele negasse ir com ela. Tadinho do meu pai. Só nós dois sabemos, o que é viver com essa doida.
Derek me soltou completamente e senti falta do calor das suas mão, instantaneamente. Ele sentou na minha frente e Brandon ao seu lado.
— E aí? Já comeram quantos pedaços? — Brandon perguntou, divertido.
— Eu comi 8 e ela 6. — Respondi, sorrindo pra ele, apesar de ainda meio atordoada com a presença deles. — Vocês não tinham brigado? — Olhei para o diabinho na minha frente, que sorria. Ele não desviava os olhos de mim e fiquei inquieta na cadeira, sem saber dizer o porquê daquilo me deixar agitada.
— Foi só um mal entendido. — Derek respondeu de maneira rala.
— Precisa mais que um soco, pra separar essa dupla — Brandon riu, socando com força o ombro do Derek, que não reagiu. Apenas riu.
— Então esse é o melhor que podem fazer? 6 e 8? Que fracas. E o cara aqui, falando que você era boa de boca. Isso é uma piada. — O loiro dirigiu seu deboche pra mim.
— Eu só to começando. — Sorri desafiadora pra ele.
— Eita, agora eu respeitei. — Bateu palmas, nos fazendo rir.
Inclusive, foi o primeiro riso que Ester soltou, ali.
O clima na mesa foi melhorando e eu já não me sentia tensa. Na verdade, eu estava me divertindo com eles. E acho que Ester, também.
— Bora fazer uma competição. Meninos contra meninas. — Derek sugeriu. — A dupla que somar mais pedaços, vence. — Ele sorria e eu lembrei do seu rosto de menino, com aquele mesmo sorriso. Ele sempre foi competitivo e adorava um jogo.
— Opa! Já ganhamos. — Brandon fez um sinal para o garçom, avisando pra trocar os pratos. — Saímos do basquete e ainda não almoçamos. Se deixar eu como até essa mesa. — Rimos do exagero.
— Ah não. Ai não vale. — Protestei. — Esse jogo vai ficar desequilibrado. A Ester já é péssima, e eu ainda vou ter que competir com dois mortos de fome? — Argumentei e eles riram da minha manifestação.
— Ei! — Ester reagiu, me dando um empurrão no ombro.
— Então mudamos as duplas, pra ficar justo! —Derek resolveu. — Agora somos eu e baixinha, contra vocês dois. — Determinou, enquanto o garçom tirava os pratos dos meus pais e colocava outros dois, limpos pra eles.
— Boa! — Vibrei com aquela formação e o sorriso de Derek abriu ainda mais.
Fazer o quê? Eu adoro comer e também adoro competir.
Levantei a mão pra ele e ele bateu, como fazíamos muito. Me senti à vontade com o meu melhor amigo, de novo e isso deixou o meu coração em paz.
— Já estamos com dois pedaços de vantagem. Isso vai ser moleza. — Comemorei, sorrindo pra ele.
— Que traidora! — Ester segurou o riso, se fazendo de ofendida. — Não acredito que você tá comemorando, por não ser minha dupla! — Ela balançou a cabeça, em sinal de reprovação e eu dei de ombros, rindo.
— Relaxa, Ester! Eu só jogo pra ganhar. — Brandon piscou pra ela, que o respondeu com um sorriso, de um jeito cúmplice. — Se você não aguentar, o pai aqui como por nós dois. —Ele falou em um tom vitorioso.
Vimos o garçom passar com mais uma pizza de calabresa e agitamos os braços, avisando que queríamos. Todos pegamos um pedaço, mas o Brandon pegou logo dois, de uma vez.
Eita. Que os jogos comecem!
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Jogo do Amor - Uma amizade que se transforma
Fiksi Remaja• 1° Lugar na Categoria #RomanceAdolescente • 1° Lugar na Categoria #AmorJuvenil • 1° Lugar na Categoria #LeituraJuvenil • 1° Lugar na Categoria #Desafio Este é o Livro 1 de 2 Uma aposta entre colegas de turma, pode botar em risco uma amizade de an...