Capítulo 12

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 Houveram momentos de desespero, quando, mesmo indo aos melhores médicos, Khaled não recebia deles a esperança que buscava. "Não há cura conhecida", era o que ouvia em cada um dos consultórios que visitava. O mais difícil era assistir aos efeitos da doença sobre Lynn. Impotente, Khaled quis dar o último passo para imortalizar seu amor. Emocionado, recorreu àquele que jamais aprovaria aquele relacionamento, em busca de autorização para viver plenamente o pouco tempo que ainda teria com ela.

Bashir ouviu o apelo desesperado de Khaled sem demonstrar qualquer emoção. Ao final deu um suspiro longo, enquanto olhava para o teto ornamentado com arabescos dourados e cobre. Rashid muitas vezes fazia aquele mesmo gesto, e se lembrar disso fez Khaled querer chorar. Estava cansado e infeliz.

Meu jovem, pensei que existisse mais sangue árabe em suas veias. Se desesperar por uma mulher que nem mesmo é muçulmana. Você nem sequer é o primeiro homem a se aproximar dessa ocidental. Você é um Sheikh que pode se casar com seis belas jovens que respeitam a fé, que sejam puras e castas.

Não é uma coisa que me faria feliz, Baba. Nunca amei uma mulher assim antes. É ela, eu sei! A mulher destinada a mim, escolhida por Deus.

A descrença nos olhos do pai era visível. A impaciência de Bashir começava a aflorar.

Rashid foi de fato o meu filho mais forte, jamais permitiria que uma mulher controlasse suas emoções. Você é fraco meu filho. Se não consegue controlar suas emoções, como poderá dirigir um país? A vida de milhares de pessoas será afetada por você, precisa encontrar o líder dentro de si.

Ela não viverá muito, Baba. — As lágrimas do príncipe começaram a transformar o desespero que sentia em dor. A dor de saber que logo a perderia. — Quero me despedir dela, sabendo que fiz o melhor que pude. Que honrei nosso amor.

Seu dever é honrar o país, honrar a fé do seu povo. Como eles se sentirão sabendo que você se desviou de casar com uma emirate, para se unir a uma ocidental?

Será temporário. Não vai estar diante dos olhos do povo por tempo suficiente para que se acostumem. Além disso, minha vida particular será ainda mais oculta. Eu garanto, Baba.

Bashir pôs os braços em cima da mesa, e uniu as mãos pensativamente. Permaneceu assim por alguns minutos. E então olhou nos olhos do filho.

— Esta será sua última atitude infantil, Khaled. Vai se despedir da sua ocidental, e então vai se transformar no herdeiro de que preciso. Caso contrário, saiba que vou casar seu irmão Abdul com uma emirate em breve, e isso somado a maturidade de seu irmão ser bem maior que a sua, o tornarão um herdeiro melhor.

Khaled sabia bem que Abdul estava se tornando um homem maduro e voltado para a política e a religião, cada dia mais. O autêntico líder muçulmano que seu pai quis que Rashid e ele fossem.

Eu entendo , Baba. Perfeitamente bem. — Ele engoliu em seco.

Para ser mais claro, não vou hesitar em tirar você da linha de sucessão se não se portar à altura.

Khaled balançou a cabeça em concordância, mas não disse uma palavra. Levantou para sair do escritório do pai.

Khaled — O pai chamou e ele se virou para ver o motivo — Vou procurar você tão logo isso acabe. E tenho grandes planos para sua vida.

Quando finalmente alcançou a rua, Khaled ficou sentado dentro do carro. Os carros passavam velozes na rua, num vai e vem infinito. Naquele momento teve certeza de que havia vendido a alma a Bashir, e só a teria de volta se desistisse de Dubai.

Enquanto Houver Razões (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora