Se eu passo a maior parte do dia trabalhando, tenho que usar a menor pra aproveitar e ser feliz um pouquinho. Concordam?
Eu também, mas a Gucci não. Tanto é que eu não duvido nada dela ter cozinhado a mais só pra eu ter que ficar mais tempo fora de casa. Ela pode ser chata, mas é esperta quando quer. Isso teve algum sentido? Eu sou chata, e se me esforçar um pouco, fico esperta.
Enfim, chega de Jaqueline. Como eu já disse no começo, tenho que usar o tempo que me sobra pra fazer coisas divertidas. Tá, eu sei que quando eu falo de euzinha + pedro, vocês automaticamente associam ao sexo.
ACALMEM O FIOFÓ. Brigada.
Mudando um pouco *ou muito de assunto, assim que cheguei em casa após uma entrega e vi a santinha do pau oco dormindo, aproveitei e vim correndo até a casa do Rolochi.
E cá estou eu, sentada na virilha dele, com uma caneta permanente na mão, pensando no que desenhar na testa do bonitinho. SIM, NÓS ESTAMOS DE ROUPA.
— Não é pra dormir. — eu sussurro, cutucando sua barriga.
— Você tá há duas décadas tentando decidir o que desenhar. — ele pisca rapidamente.
— É difícil, tá? Precisamos ficar estilosos. — eu digo, convencida.
— Pra assistir um filme na Netflix? — ele pergunta, sarcástico.
— E se cobrir com o mesmo lençol, tomar sorvete e apagar todas as luzes. Vai ser tipo uma noite de sobrevivência na selva... — eu gesticulo agressivamente, fazendo a cama balançar.
— Puta selva essa. — ele resmunga, rindo.
— Que estresse, hein meu anjo? Tá precisando de uma vagina. — eu aliso seu cabelo, tendo uma ideia genial.
— É o que, garota? — ele junta as sobrancelhas.
Tiro a tampa da caneta com a boca, e começo a desenhar uma vagina em sua testa. Pense numa ideia de bosta.
— Ficou incrível. — aperto suas bochechas e o beijo.
— É sério que você fez isso? — ele ri, e eu confirmo com a cabeça — É doente da cabeça, mesmo.
Trocamos de lugar, e ele começa a desenhar um pênis na minha testa.
— Prepare-se para uma linda fimose... — Pedro diz naturalmente, e eu começo a rir sem parar.
— Mais linda que a sua? — eu brinco *ou não.
— That's impossible, bitch! — ele tenta imitar minha voz, e eu rio mais ainda — Não se mexe, vai estragar.
— Você não manda em mim. — debocho.
— Aham, tá. — ele revira os olhos, duvidando.
Depois de muita briga idiota e de quase borrar o penisvânio da minha testa, enfim colocamos nossos pijamas e fomos pra sala com o cobertor mais felpudo que encontramos.
Voltamos pro quarto pra pegar uns travesseiros, e acabei tendo outra ideia genial. Tá, não fui eu que tive a ideia. Foi ele. Tanto faz.
— Espera! — Pedro exclama, assim que pegamos os travesseiros.
Eu levanto as sobrancelhas.
— O que? — eu pergunto, confusa.
— Sobe nas minhas costas. — ele diz, já em posição, o que faz os travesseiros caírem no chão.
— Mas e os travesseiros, idiota? — eu rio, apontando pro chão.
Ele pega os travesseiros e joga pro fim do corredor, depois toma os que estão nas minhas mãos e faz o mesmo. Volta à posição *que convenhamos é estranha, e eu me preparo pra pular.
— Vai quebrar as costas. — eu brinco.
— Quero ver conseguir. — ele sorri, e eu pulo em suas costas.
Pedro corre até a sala comigo em suas costas. Isso pode ter parecido ridículo, mas com as luzes apagadas, foi tenso e engraçado ao mesmo tempo.
Oi meninas, tudo bom? Hoje vou ensinar vocês à fazer de suas casas um filme de terror.
Correr no escuro não é algo que eu recomendo. Mas se você quiser fazer isso, ok. Adrenalina é tudo. Tudo não, né Lúcia? É...muita coisa.
Afastamos o sofá, e deitamos no chão com os travesseiros *que tivemos que pegar depois da corrida no escuro. Liguei a tv, e LET'S GO TO NETFLIX.
Filme de terror de madrugada é muito genérico. Peguei um filme de romance CHATÍSSIMO. Não vou dizer qual, mas quero que vocês adivinhem. Eu não sou tão legal assim, mas só queria gerar algum furdúncio, porque hoje to muito fofa.
Assistir filme chato tem o seu lado bom. JURA? Juro. Só espera eu me lembrar qual é...
— Mas que porra é aquela? — Pedro sussurra, ao meu lado.
Já estamos enrolados com o cobertor, só com a iluminação da tv em nossas caras.
— Pois é. Que casalzinho brega do caralho... — eu resmungo, colocando uma colher de sorvete na boca.
— Não, eu to falando daquilo na parede. Ali, tá vendo? — ele aponta pra parede ao lado de nós.
Estreito meus olhos.
— Meu filho, tá tudo escuro. Você quer que eu veja coisa que não existe? — eu digo, entre risos.
— Aquela sombra pequena ali no canto da parede. — ele aponta mais especificamente — Tá vendo agora?
Fico olhando pra sombra, até entortar a cabeça. Será que é de algum objeto? Sei lá, é muito pequena, e apesar do escuro, ainda da pra perceber que é diferente. Eu não falei nada com nada agora, né? Só esquece.
Birutinha eu.
A sombra se mexe, e nós levamos um susto. Começamos a ouvir um barulho de asas, e eu fico olhando em volta por um bom tempo, até perceber que aquilo era uma FUCKING BARATA.
Eu começo a gritar, e assusto Pedro. Ele grita também, e a barata voa pra sei lá onde. Começamos a nos locomover sem destino, e eu nem me lembrei que havia a opção de acender a porra da luz.
Por fim, nos trancamos no banheiro e passamos a noite lá. Pelo menos eu trouxe um travesseiro e o Pedro estava com o cobertor no pescoço.