dinner [orochinho]

51.

— Tava demorando pra você se meter em outra merda, né Lúcia? — minha irmã diz enquanto anda de um lado pro outro no meu quarto.

— Se for me dar sermão, é melhor sair de perto! — eu grito pra ela.

— Tá, tá. Foi mal. — ela se desculpa, sentando ao meu lado na cama.

— Ih, tá doente?

— Você que tá. Da cabeça. — ela coloca o dedo na própria cabeça.

— Nem com um olho roxo eu escapo de uma dessa. — reclamo, fazendo uma careta.

Jaqueline pega um kit de primeiros socorros que tem desde os 15 anos *época em que ela jurava que seria uma médica no futuro, então sempre atualizava o kit com produtos novos e de qualidade.

Lembra de quando eu achei que seria divertido ter uma briga física com a Bianca? Retiro o que eu disse para todo o sempre.

Tá, não tem como eu retirar, mas não leve isso pra sua vida, pelo amor de Xuxa Meneghel. Ou leve, tanto faz. Não acredito que eu to tentando ser sensata com a minha cara sagrando.

— O seu namoradinho youtuber já sabe disso? — Jaqueline diz, espirrando um spray estranho no meu rosto.

— Não e nem vai saber. — olho pro chão *ou para as minhas coxas.

— Você e suas mentiras... — ela sussurra, cutucando meu olho roxo com um algodão.

Nunca pensei que algodão algum dia fosse ser dolorido pra mim. Vai cagar, Lúcia. Você também não pensava que se apaixonaria por um youtuber retardado, e olha aí como você tá. Se fuder, viu?

— Eu não vou mentir pra ele. Só não vou dizer a verdade. — dou de ombros, fazendo uma careta de dor.

— Percebeu que metade das coisas que você diz não faz sentido nenhum? — ela diz, sem paciência.

— Percebeu que seu nome parece marca de produto de beleza? — imito sua voz.

Ela bufa, e ignora meu comentário. Poxa, queria saber se ela concorda comigo.

— Essa cara só vai melhorar em semanas. Não tem como você esconder isso dele. — ela diz, convencida.

— Se eu contar pra ele, óbvio que ele vai querer ir falar com ela. Eu não quero ela importunando a gente de novo. Só vou tentar esquecer isso.

— Vocês são namorados, ele vai querer te ver, né? — Jequiti junta as sobrancelhas, óbvia.

— Eu digo que fiz uma viagem de emergência e que não sei quando volto. — junto as sobrancelhas.

Levei tanto tapa na cara que to agindo como uma...(complete aqui)

— Você é cruel, Lúcia. — Natura resmunga, colocando mais pomada no meu rosto e finalizando com um curativo.

— Cruel não. Cuidadosa. To evitando que mais um vulcão entre em erupção. Tudo bem que eu vou morrer de saudade daquela cara dele e tud-

— Lúcia! — Jaqueline grita, me interrompendo.

— Chata! — grito de volta.