6. 02:00 AM

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Para esse capítulo, indico a música HOLLOW de Belle Mt. Vocês podem dar play logo no começo e deixar ela tocar por todo capítulo ou até que a música termine



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12 de Agosto/ 02:03 a.m/ Manhattan, NY

Lauren Jauregui point of Views


Existe um ditado que diz que depois das duas da manhã, você apenas deve ir dormir, porque as decisões tomadas depois desse horário são decisões erradas. Não enxergava sentido nisso. Para mim, não passava de uma grande bobagem. Mas muitas coisas me pareciam bobas.

Até agora.

Parada do outro lado da rua de frente para o prédio onde a Camila costumava morar, eu olhava para as luzes. Minhas mãos soavam frio e o meu peito queimava a cada respiração. A sensação era de pavor, mas apavorada e levemente trêmula, eu não conseguia desviar os olhos ou o destino.

O céu escuro e pouco estrelado estava lindo e arquitetura do enorme prédio era incrível. Ela adoraria ter feito parte da criação dele, pensei com um sorriso nos lábios. Mas não era o céu negro, muito menos a arquitetura do edifício que prendiam a minha atenção. Era a ideia de quem eu queria encontrar que mantinha-me pregada no mesmo lugar.

Não havia certezas de que a Camila ainda morava no mesmo endereço. Não quis que ninguém soubesse para onde eu vinha, então não perguntei. Apenas segui a suposição de que ela estivesse ficando na casa do pai e, bom, desse endereço eu nunca esqueceria.

Isso, o endereço do pai da Camila, era tudo o que eu tinha. Sobre quem ela se tornou, sobre o que pensava, sobre como enxergava o mundo, eu nada sabia. Seres humanos estão em constante mudança. Olhando para a Camila, eu enxergava essa constância. Havia uma força nela que eu não lembrava ter visto antes e essa força, me fez ter a convicção de que eu não a conhecia, mas que queria muito ter a chance. Não, precisava. Eu precisava ter a chance de conhecê-la. A questão era se ela precisava me conhecer, também. O meu medo era que a resposta fosse não e, então, eu nunca pudesse mostrar o alguém que eu sabia que ela sentiria orgulho.

Ally e Lucy me contaram várias histórias da Camila e em todas as histórias, ela pareceu incrível. Incrível ao ponto de me fazer querer ouvir as mesmas histórias com o ponto de vista dela. Eu queria preencher todas as linhas que ainda estavam em branco. Duas linhas era o que tínhamos e estava longe de ser suficiente.

A verdade era que do mesmo jeito desesperado que eu quis sair da casa da Allyson e ir atrás dela, sem a menor noção do que diria, eu me peguei desejando mudar o passado para que eu pudesse ter a companhia dela. Mas, isso era impossível. Eu queria muito do mundo e queria muito dela, mas me doava de menos. Não era a Camila que precisava me dar alguma coisa nem o mundo, tampouco. Eu quem precisava ter a coragem para receber o que ele colocava nas minhas mãos.

Às vezes, você nem percebe que partiu o coração de alguém no momento em que o fez. Mas, às vezes, você o faz, você magoa alguém porque tem uma mentalidade contraditória de que, dessa maneira, estará protegendo-a da destruição iminente que te acompanha por onde você passa. Acontece que dar os elementos necessários para criar uma fórmula onde o resultado é o ódio, não protege nenhuma das partes. Isso foi algo que eu aprendi e, mesmo depois de aprender, nunca a pedi perdão.

Soltei o ar com força e esfreguei as mãos suadas na calça antes de enfiá-las no bolso da jaqueta. Caminhei em direção a faixa de pedestres, que ficava só alguns metros depois do prédio e parei do lado de um senhor. Ainda tinham metros para percorrer, mas meu coração martelava como se estivesse a um passo da entrada.

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