9. Despedida.

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Tudo bom com vocês? Espero que, sim. Se cuidem e bebam bastante água, ok? Vamos lá. Para esse capítulo não escolhi música, porque não me conectei com nenhuma, então fica a critério de vocês. Ainda sobre o capítulo, ele é bem curtinho (desculpem por isso), mas é por motivos que, mais tarde, vocês vão entender, prometo. Confesso que ele fora bem complicado de escrever por envolver tantos sentimentos, mas espero ter conseguido expressar bem ou ao menos metade de tudo.

Espero que vocês gostem e até logo.


16 de Agosto/ 18h35min/ Manhattan, NY

Camila Cabello Point of views


Cada pessoa tem uma concepção do que é ser amigo e de como um amigo deve agir, portanto o conceito de amizade não é exato. Se me perguntassem agora qual a minha concepção sobre o que é amizade, minha resposta seria a mesma de anos atrás e, talvez, um pouco diferente das palavras escritas no dicionário. Para mim, amizade nada mais é que a relação de amor genuíno entre pessoas, diferentes ou parecidas, em que a base para essa relação está em um conjunto de princípios que, quando praticados mutuamente, faz tudo funcionar. Amor, confiança, lealdade, proteção e honestidade eram os princípios que eu considerava como importantes, mas que não coloquei em prática com as pessoas que eu tinha como minhas amigas. Ao decidir que o silêncio e a distância, ao enxergar só a minha dor, eu fui contrária à tudo que acreditava.

Parada no corredor com a mão congelada contra a porta, o meu erro se montava como um quebra-cabeça. Às vezes, é preciso sair para poder enxergar que nossas atitudes também magoam o outro, mas eu não fiz isso. Pelo contrário.

Em vez da verdade, ofereci o silêncio. No lugar da lealdade e proteção, ofereci distância. Por não dizer a verdade, estabeleci uma barreira. Uma barreira que era muito maior quando se tratava da Verônica e eu. Maior porque era na Verônica que eu enxergava a minha figura de irmã. Maior porque a nossa relação sempre foi sólida demais. Ela e eu nos encontramos e ouvimos a dor uma da outra e transformamos o vazio em um encaixe, descobrindo tudo o que uma amizade podia ser.

Com a Verônica, eu passei a enxergar o mundo como ele sempre foi, diverso em relação às cores, não em uma cor uniforme de preto e branco. Juntas, descobrimos que o mundo era grande demais para que o amor fosse um sentimento tão resumido como nos contavam. Nós aprendemos muito e muito juntas, porém por mais que a dor tivesse sido o que nos aproximou, existiam algumas dores que precisávamos aprender a enfrentar sozinhas e foi justamente nessa parte em que eu me perdi.

A construção do amor, do cuidado, do olhar afetuoso que eu deveria direcionar a mim mesma, eu não consegui agarrar a tempo de conhecer. As minhas mãos pegaram o vazio e ele era oco e silencioso demais. Silencioso demais até para mim, que nunca me incomodei com o silêncio. Então, em meio a isso, senti a necessidade do barulho, qualquer um e me apeguei ao primeiro que surgiu, fazendo dele o centro do meu universo. E, quando o barulho que movimentava as ondas do meu mundo, o esquentando, se afastou, eu fui embora. Fui embora porque ir era mais fácil do que olhar para quem deixou de ser sentido e se transformou em equívoco. Eu não podia voltar, não existia sentindo em voltar antes de sentir que tinha encontrado partes do que eu buscava e de ter a certeza que conseguia segurar a ponta do fio que, por anos, ignorei que estava escapando.

Soltei o ar com força e encarei a porta por mais alguns segundos antes de tocar a campainha. Eu estava decidida a entregar os segredos que já pesavam demais para permanecer escondidos e, por esse motivo, o nervosismo se instaurava de forma rápida, me fazendo questionar minha decisão. Mas eu não podia recuar. Não podia continuar guardando o que eu não tinha mais forças nem vontade de segurar. Nas minhas mãos tinha apenas um buquê de orquídeas e, no momento em que as escolhi e as comprei, eu senti a leveza de carregar algo belo. Comparei as flores a verdade e o pensamento de franqueza me trouxe até aqui.

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