Capítulo 8 - Daniel

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Havia regras em minha família. Regras as quais devíamos seguir a risca, ou teríamos que nos entender com a mamãe. E uma dessas regras era respeitar os dias da família, que no geral sempre eram datas comemorativas como aniversários, ação de graças e natal. A regra era que devíamos todos deixar tudo de lado e nos reunirmos e tentar, em vão, comer toda a comida que minha mãe tivesse preparado. Às vezes eu e meus irmãos até fazíamos competições de quem comia mais, mas nunca conseguimos acabar com tudo. Era necessário um batalhão para isso.

E o aniversário de meu pai não era diferente. Apesar de sempre dizermos que eram comemorações apenas entre a família, alguns amigos sempre acabavam indo. Ainda mais em uma cidade como Wave, onde todos conhecem todos. O aniversário do velho Sanders era algo a se falar.

A casa da minha família não ficava muito longe da loja, e os fundos dava para uma pequena parte da praia menos movimentada. E era ali naquele quintal que geralmente tudo acontecia. Parei minha bicicleta atrás do carro de Warren, o marido de Susan, e desci, encostando-a contra a cerca da varanda. Warren estava vasculhando o porta-malas, retirando várias sacolas de lá de dentro, enquanto Susan desprendia Addison, de três anos, da cadeirinha. Me aproximei deles, e logo Madison, sua filha mais velha, de cinco anos, veio correndo em minha direção.

— Tio! — gritou ela, abrindo os braços.

— Ei, pequena monstra — falei, e peguei no colo. — Cadê o meu beijo?

Madison deu um beijo em minha bochecha e riu.

— Faz cócegas — disse ela, se referindo a minha barba por fazer.

Eu ri.

— Ah, é? — questionei, e esfreguei minha bochecha na dela. — Assim está bom?

— Tio Dan! — gritou ela, se agitando em meus braços enquanto ria.

Coloquei-a no chão e baguncei o seu cabelo loiro. E então havia outra mocinha agarrando minhas pernas. Sorri para Addison e a peguei no colo, beijando sua bochecha.

— E essa outra monstrinha?

— Está mais terrível que a mais velha — disse Susan, parando ao meu lado com um suspiro, uma mão apoiada nas costas.

Sorrindo, olhei para o seu estômago protuberante e então para o seu carro.

— Se continuar assim será melhor comprar uma van, não acha? — questionei.

— Estou pensando sobre isso — disse Warren, fechando o porta-malas. — Até o bebê nascer temos tempo.

Olhei para a barriga de Susan.

— Não muito tempo, aparentemente. É melhor trocar de carro logo. Colocar três cadeirinhas juntas não deve dar certo. Ainda mais se vocês planejam aumentar ainda mais a árvore genealógica.

Warren deu uma risada enquanto Susan suspirou.

— E você, quando vai ajudar nisso? — questionou meu cunhado.

Olhei para Addison em meu colo.

— Estou bem assim, por enquanto. Deixo essa tarefa para vocês e o Logan.

Rindo, Warren seguiu para a casa com as sacolas. Madison pegou uma de minhas mãos, então entrei com as meninas, e Susan vindo com sua barriga enorme na retaguarda, parecendo querer morrer a cada passo.

Madison puxou a porta de tela e empurrou a outra, segurando para me deixar passar. Sorri para ela, dando-lhe uma piscadela, e ela riu, segurando a porta para sua mãe. Addison estava interessada em minha barba, esfregando a sua mãozinha de um lado ao outro. Eu raramente ficava com barba, não só pelo calor, mas como também pela falta de costume. Não podia esquecer de tirá-la mais tarde.

Um Minuto Para o Pôr do Sol (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now