Capítulo 5 - Sunny

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O quarto que Emma tinha cedido para mim era pequeno, mas confortável o suficiente e tudo que eu precisava no momento. Tinha uma cama de solteiro e um criado mudo onde organizei minhas poucas roupas. Também tinha um pequeno banheiro só para o meu uso. Isso era até mais do que eu esperava.

Ela tinha me dado dois lençóis e uma toalha, e esse gesto me deixou imensamente feliz.

Coloquei tudo que estava no cômodo em caixas e as empilhei em um canto. Passei quase a noite inteira arrumando, mas não me arrependi, pois quando deitei, exausta, consegui dormir sem pensar em nada, nem mesmos sonhos eu tive.Emma e Eric eram pacientes comigo enquanto me ensinavam sobre os equipamentos vendidos na loja e sobre o funcionamento do local. Eric era divertido e me pegava rindo dele várias vezes durante o dia. Eu não tinha nenhuma experiência com empregos anteriores para comparar, mas se tivesse, poderia apostar que a loja seria o meu favorito. E não pelo trabalho em si, mas pelas pessoas.

Em uma tarde, observei enquanto Eric e Emma interagiam e foi impossível não lembrar de minha mãe. Quando meu pai morreu, vítima de uma bala disparada em um assalto, eu era muito nova e não tinha lembranças dele. Sempre tinha sido eu e minha mãe, e nosso relacionamento não era nem de longe como o dos Sanders. Nós éramos distantes, minha mãe vivia para o trabalho e só chegava em casa tarde da noite, quando eu geralmente já estava dormindo. Eram dias sem nos vermos ou nos falarmos, mesmo estando debaixo do mesmo teto. Ela deixava bilhetes para mim colados na geladeira com meus afazeres e essa era a nossa máxima interação às vezes. Por isso, eu não sabia que ela estava em um relacionamento. E nem ela sabia sobre mim.

— Em que planeta você está? — perguntou Eric, estalando os dedos em frente ao meu rosto. — Desculpa, estava falando comigo? — perguntei, me recostando no balcão.

Ele sorriu.

— Sim, estava dizendo que hoje terá uma fogueira na praia e que você deveria ir — falou, enquanto organizava algumas notas.

— Hum, acho que vou passar.

— Você deveria sair e ver pessoas novas — ele argumentou. — Ficar sempre no quarto não deve fazer bem.

— Eu também fico aqui, na loja — argumentei.

— Dá no mesmo.

Eu sorri para ele, porque Eric tinha razão, ficar trancafiada no quartinho não me faria bem. Eu ficava pensando em tudo que tinha acontecido e na situação em que me encontrava. Ficava pensando o que eu poderia ter feito de diferente, mas eu não podia voltar e mudar o passado.

— Você tem razão — falei.

— Isso é um sim, você vai?

— Talvez eu apareça — respondi.

— Bem, "talvez" é melhor do que um não. — Ele sorriu, me dando uma piscadela, o que me fez lembrar do seu irmão.

Nesse momento entrou uma cliente na loja e acionei meu lado vendedora.

Eu já tinha aprendido muitas coisas, e sempre que surgia alguma dúvida, Eric estava ali pra me auxiliar. Estava me saindo bem e senti uma pontinha de orgulho de mim mesma.

Trabalhar na loja me fazia esquecer, e isso era tudo que eu queria. Ontem fiquei até depois do expediente arrumando tudo, Emma disse que não precisava, mas eu tinha a necessidade de me manter em movimento e levar meu corpo à exaustão, para quando eu deitasse na cama, dormisse sem ficar presa em pensamentos.

Quando a cliente saiu da loja satisfeita com suas compras, me voltei para Eric, que mexia no computador, concentrado.

— Então, como acha que estou me saindo? — perguntei, chamando sua atenção.

Um Minuto Para o Pôr do Sol (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now