Capítulo 6 - Daniel

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Na tarde de domingo, depois de dar aula, deixei a loja aos cuidados de Kacey e peguei a picape. Ainda havia coisas que devia comprar tanto para a loja quanto para o apartamento, e decidi que ir ao mercado era o que deveria ser feito primeiro. Iríamos gastar bem menos se almoçássemos em casa em vez de um restaurante ou lanchonete, e Kacey poderia aproveitar nossa geladeira também.

Já tinha feito as compras e estava com o banco de trás da picape repleto de sacolas quando passei em frente a um mercado de pescados. Parei o carro no estacionamento e desci. Estava trancando as portas quando algo chamou a minha atenção.

Não muito longe de onde eu estava estacionado, havia uma menina inclinada sobre uns arbustos. Não sei o que me fez reconhecê-la logo de cara, se foi o longo cabelo castanho, ou o vestido amarelo que ela estava usando na noite anterior, mas aquela definitivamente era Sunny.

Me afastei do carro e fui até ela.

— Você está bem? — questionei, preocupado.

Sunny tossiu, e eu rapidamente me aproximei, juntando o seu cabelo e o segurando, esperando que ela vomitasse mais. Quando terminou, ela olhou para mim, a mão cobrindo sua boca.

— Desculpe — disse ela, parecendo envergonhada. Balancei minha cabeça.

Havia várias sacolas aos seus pés, mas duvidava que nelas houvesse algo que ela pudesse tomar.

— Espere aqui — eu disse, indicando para ela sentar-se na beirada de um canteiro. — Espere, ok.

Ela assentiu e eu corri para o outro lado da rua, onde havia um posto e uma loja de conveniências. Comprei uma garrafa de água antes de correr de volta para o estacionamento. Sunny ainda estava onde a deixei, o rosto afundado em suas mãos.

— Hey — chamei, ajoelhando-me em sua frente.

Sunny ergueu o rosto, e as lágrimas não derramadas em seus olhos me preocuparam. — Você está bem? Está sentindo dor?

Ela negou com a cabeça.

— Estou bem — disse ela.

Abri a garrafa de água e entreguei para ela. Sunny tomou longos goles, limpou a boca com as costas das mãos e respirou fundo, os olhos fechados por trás de seus óculos de grau.

Depois de alguns segundos, ela olhou para mim, os olhos azuis brilhantes com uma emoção desconhecida.

— Melhor? — questionei.

Ela assentiu, me entregando a garrafa.

— Pode ficar — eu disse, sorrindo, e olhei para as suas sacolas. — Você precisa de ajuda? Posso te levar de volta.

Rapidamente, Sunny pulou de pé. O movimento deve ter sido muito repentino, porque ela cambaleou e eu tive que esticar o braço e segurar o seu para evitar que caísse.

— Hey, calma aí. Não queremos estragar esse rostinho lindo com você caindo de cara no chão. — Eu sorri, tentando soar divertido, mas no fundo estava mesmo preocupado. — Vamos, eu te levo.

O corpo de Sunny tencionou e ela se afastou de minha mão.

— Não, tudo bem. Eu posso ir sozinha. Não quero incomodar.

Eu sorri para ela, tocando o topo de sua cabeça.

— Não é incômodo nenhum, Sun — falei, agitando o seu cabelo.

Ela olhou para mim com uma careta realmente fofa e arrumou os seus óculos em seu nariz, suas bochechas avermelhadas. Ela estava constrangida.

Rindo, afastei-me e recolhi suas sacolas do chão.

Um Minuto Para o Pôr do Sol (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now