Capítulo 29

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- Na sala de reunião espero que seja tranquilo, vou apresentá-la como novo membro de acionistas e discutiremos um problema que surgiu.
- Ok.
- À propósito, você está maravilhosa.
- Obrigada.
- Preciso falar com as pessoas que acabaram de chegar. Tente conversar com alguém.
- Vou tentar.

Liam se afastou e eu fiquei exatamente como antes, quieta e reservada no meu canto com uma taça na mão e observando muitos homens de terno conversando e algumas mulheres bem vestidas e maquiagem elaborada, sabia que eu estava adequada para a ocasião e bonita, mas não chegava aos pés daquelas mulheres presentes.
A recepção durou mais 30 minutos e Liam pediu para que todos se dirigissem para o 6º andar para a sala de reuniões, 10 pessoas foram primeiro, eu teria que esperar o elevador voltar e ir com as outras pessoas. As portas se abriram e eu estava no meio delas quando uma mão puxou meu braço abruptamente, eu teria perdido o equilíbrio se ele não continuasse me segurando e me puxando para o lado enquanto os outros desciam.

- Vamos esperar o elevador voltar. - Liam falou no meu ouvido ao mesmo tempo que colocava a mão nas minhas costas para parecermos cordiais.

Ficamos de frente para as portas esperando até que o elevador voltasse e pudessemos ir para a sala. Lá dentro senti a tensão subir com o silêncio e os cliques de cada andar que descíamos.

- O que está acontecendo, Jhulia?
- Já falei Liam, não está acontecendo nada.
- Você não está sendo sincera. Desde o almoço no sábado você ficou estranha.
- Não é o momento certo para conversarmos, você me fez vir até aqui, então vamos logo começar essa reunião.

Quando terminei minha frase as portas se abriram e saímos rumo a sala de reuniões.

Todos estavam em pé quando chegamos, Liam tomou a frente e me posicionou em uma cadeira de modo que eu ficasse ao seu lado enquanto ele estaria na ponta da mesa.

- Vamos sentar senhores e senhoras.

Todos obedeceram e ficaram em silêncios, enquanto Liam estava de pé e se mostrando imponente e assumindo a personalidade de poderoso chefão.

- É sempre um prazer tê-los mais uma vez aqui. Hoje vamos discutir sobre dois assuntos muito importantes. Senhorita Lemarié.

Ao pronunciar meu nome soube que era para levantar. Tentei me manter calma e não demonstrar o nervosismo que atravessava o meu corpo.

- Esta é a Senhorita Lemarié, ela é engenheira de software e realiza um trabalho impressionante.
- Mas o que trabalho dela tem a ver com nós? - um senhor que aparenta ter seus 60 e poucos anos falou com uma carranca.
- Ela é a mais nova acionista da empresa, espero que possa compreender isso. - Liam falou estreitando os olhos.
- Claro. - ele falou.
- Ela sabe alguma coisa sobre a empresa? Como tomar decisões importante, pelo menos? - foi uma mulher a falar agora.
- Quantos anos ela tem? - outra mulher.

Isso estava indo de mal a pior e eu estava começando a perder a minha postura de "confiante". Talvez ter apostado com Liam tinha sido uma má ideia.

Liam pareceu estreitar ainda mais os olhos, inclinou-se sobre a mesa e encarou cada um que estava a sua frente.

- Não estamos aqui para discutir a idade da senhorita Lemarié, até porque isso não indica nível de capacidade e profissionalismo, creio que não preciso relembrá-los quantos anos eu tinha quando montei esse império no qual vocês sugam uma boa parte do dinheiro. E sim, ela sabe como lidar com os problemas de uma empresa.

Dá onde ele tinha tirado aquilo? Vamos blefar, mas com moderação.

- Estão apresentados e espero que possamos trabalhar todos juntos. - Liam encerrou a conversa dando a entender que não aceitava mais discussões.

Sentei no meu lugar e todos olhavam ou para mim ou para Liam que acabara de tomar seu assento.

- Agora vamos discutir sobre a outra coisa que trouxe todos aqui. Um dos nossos aplicativos por assinatura está com problemas de funcionamento e nossos técnicos não consegue normalizá-lo sem tirá-lo do ar, mas isso nos custaria milhões a cada dia sem o seu funcionamento. Temos que traçar uma estratégia para não sairmos prejudicados e nem aos usuários.
- Uma coisa é certa, não vamos tirar do ar. - o mesmo senhor que me criticou fez essa afirmação.
- E deixaremos o aplicativo rodar com defeito? Jogando no lixo a credibilidade da empresa? - uma mulher de cabelo ruivo comentou.
- Você não escutou o Senhor Verlaz falar que perderemos milhões? - outro homem rebateu.

Aquilo seria uma briga sem fim.

- E se deixarmos tudo encaminhado e tentarmos resolver em algumas horas? - disse a ruiva.
- Você está dizendo para forjar uma paralisação do aplicativo e solucionar em horas? - Liam pareceu confuso e incrédulo com a proposta.
- Sim.
- Você não deve ter noção do quanto os reparos são demorados, sem contar que forçar a parada poderia ocasionar outros danos, o que nos traria ainda mais prejuízos.

Liam estava correto, nenhuma das alternativas resolveria o problema, o que tínhamos a fazer é tirar o aplicativo, concertar e ligá-lo novamente, mesmo que isso custe milhões, mas havia uma forma de tentar cobrir esse gasto.

- E se nós oferecessemos algo à mais para não sairmos no prejuízo? - falei.
- Explique. - Liam ordenou.
- E se elaborassemos uma espécie de bônus, onde o cliente pagaria um pouco a mais e tivesse uma coisa nova no aplicativo, nada muito diferente, mas que chame a atenção do usuário?
- Gastaríamos mais com esse bônus. - o senhor falou.
- Não é um gasto alto inovar na plataforma, é algo que se preze em um aplicativo de assinatura. E ainda teremos um motivo para explicar aos assinantes o recolhimento.
- É uma ótima ideia. - a mulher ruiva comentou.
- É sim. - Liam comentou olhando para mim e sorrindo discretamente. - Quem concorda com a proposta da Srta. Lemarié?.

A maioria das pessoas levantaram a mão, aquelas pessoas que me julgaram no início e outras poucas que simplesmente não achavam a ideia legal.

- Ótimo, colocaremos esse plano em prática. - Liam meio que bateu o martelo e encerrou a reunião.

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