Capítulo 22

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Estávamos quase terminando a reunião, Erick estava contando como era legal administrar a escola e dar aulas à crianças, como elas faziam tudo parecer uma festa.

- Eu tenho 3 pessoas na administração comigo, mas seria bom se alguém que tem experiência com os seus negócios trabalhasse comigo. - ele olhou para mim, essa pessoa era eu?
- Eu não tenho experiência, estou aqui à quase 2 meses.
- Mas dá pra ver que você faz um trabalho muito bom.
- Sem chance, Erick. - Leo falou sério.
- Mas Leo, seria bom para a escola.
- Não, Jhulia não vai sair da academia. - ele definitivamente havia batido o martelo.
- Tudo bem, mas se fosse pelo menos uma vez no mês para me orientar com tudo, você sabe Leo, sou amante dos esportes, não do financeiro.

Leo encarou o homem a sua frente e pareceu avaliar a proposta, eu não me incomodaria por isso, eu faria a mesma coisa que faço aqui na academia, apenas em um lugar diferente.

- O que você acha, Jhulia? - Leo perguntou.
- Por mim, tudo bem.
- Ok Erick, ela pode ir uma vez ao mês na escola.
- Obrigado.

Leo levantou-se para encerrar a reunião, os dois homens apertaram as mãos e marcaram uma cerveja com outros amigos. Erick estendeu a mão e eu retribui o aperto, em um ato de cavalheirismo desnecessário ele beijou a minha mão, eu revirei os olhos enquanto ele não estava vendo e puxei a minha mão.

- Sem exageros, Erick. - Leo advertiu.

Ele riu e saiu sozinho do escritório, eu recolhi todos as papéis da mesa.

- Pelo jeito você tem mais um pretendente. - Leo debochou.
- Não seja idiota, Leo.
- Não diga que você não notou que ele estava flertando.
- Mas eu não estou, com licença.

Peguei os papéis e saí sozinha do escritório, eu não sou obrigada a escutar as besteiras do Leo nesse momento.

Às 17:00 voltei para casa caminhando como sempre, era bom para manter os pensamentos em ordem e focar no que eu faria com os rapazes daqui para frente. Eu ainda não consegui superar a transa de ontem com Liam, meus seios estavam com manchas roxas e sensíveis, era quase difícil esquecer cada momento no decorrer do dia.
Cheguei ao meu prédio e subi para o meu apartamento, na frente da porta havia uma caixa média branca com um laço dourado e uma carta, abri a porta e corri com a caixa para dentro, joguei as chaves no sofá e ajoelhei na frente da mesinha de centro. Peguei primeiro a carta para ler.

Jhulia,
Apesar da plena certeza de você ter roubado no jogo de cartas e pôquer, aqui está como prometido, um documento autenticado em cartório declarando que 2% da minha empresa de tecnologia é sua, ou seja, você vai ter que aparecer em algumas reuniões de ACIONISTAS, o que é ótimo para mim, já que vou ter mais oportunidades de vê-la e há também um cheque de 10 mil dólares. Por último, há um presente para você, espero que lembre de mim quando usá-las.
P.S: não esqueci da sua calcinha, só decidi entregar pessoalmente.
Beijos, Liam.

A palavra que me define agora é impressionada, não esperava que Liam fizesse isso, realmente não acreditava que ele iria cumprir com a aposta, o fato dele ter colocado a palavra acionista em letras maiúsculas me fez cair no riso.
Desfiz o laço e abri a caixa rapidamente, como ele havia dito tinha um documento autenticado e um cheque, mas foi o presente que me fez ri e amar a caixa. Liam me presenteou com Ben Wa, que são as famosas bolinhas tailandesas.

   No outro dia eu segui a mesma rotina de acordar, tomar banho, me vestir, tomar café e ir para o trabalho.
Organizei a recepção e o dia da visita a escola de natação que será na próxima semana, arrumar tudo no início do mês ajudará a manter o resto dos dias nos conformes.
Leo chegou meio mal humorado hoje e pediu para que ninguém o incomodasse no escritório, eu apenas concordei e mandei uma mensagem para o seu computador atrás do sistema avisando o dia escolhido da visita, ele apenas visualizou.
Às 16:00 horas da tarde eu estava em um briga feia com a impressora da recepção, eu precisava imprimir uma renovação de contrato com a empresa de manutenção das máquinas e a impressora não puxava o papel. Eu abri o negócio, limpei, mexi nas configurações e nada, eu estava perdendo a paciência.

- Merde! - falei em francês e bati na impressora.
- Não trate a pobrezinha assim.

Tive um sobressalto e virei para ver Liam debruçado sobre o balcão da recepção e pelo visto se divertindo com o meu estresse.

- Ela não funciona! Eu já tentei.
- Vamos lá Jhulia, você tem conhecimento para desmontar esse treco e fazer um robô.
- Você acha que eu não tentei? E descobri que ela parece ter uns trezentos anos. Venha aqui tente você ajeitar.

Liam deu a volta no balcão sorridente, com cara de quem ia revolucionar o mundo. Idiota.
Ele deu uma olhada superficial na impressora, arrumou os papéis e apertou um botãozinho e como mágica ela começou a imprimir. Eu não podia acreditar.

- Mulher, você é capaz de fazer grandes coisas, mas se atrapalha nas pequenas. - ele riu.
- Em minha defesa, meu diploma é em software e não em hardware. - brinquei.

Ele gargalhou e se aproximou para colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha, segurou meu rosto com uma mão e seus olhos sorriram para mim.

- Senti saudade. - ele disse.
- Sentiu de mim ou do que eu posso fazer?
- Dos dois. - Liam riu.
- O que você veio fazer aqui?
- Vim conversar com o Leo.
- Ele não vai te receber.
- Por que?
- Ele não quer ver ninguém hoje, está de mau humor.
- O meu irmão de mau humor?
- Também estranhei.
- Mas de qualquer jeito preciso vê-lo.
- O que você quer, Liam? - Leo apareceu no último degrau da escada que dava para o seu escritório.

Liam e eu nos afastamos e ele saiu de trás do balcão e foi até o Leo.

- Negócios, irmão!
- Venha.

Liam subiu a escada com o irmão, mas antes Leo me lançou um olhar que eu não pude decifrar muito bem o que estava contido. Talvez raiva? Decepção?
Não sei.

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