Capítulo 3

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Quando cheguei em casa, tirei meu sapato que estava matando os meus pés, sentei no sofá e peguei o celular para ligar para minha mãe.

Eu: bonjour mère! (Olá mãe!)
Mãe: bonjour ma chérie (Olá minha querida)
Eu: consegui um emprego!
Mãe: sério meu amor? Parabéns!
Eu: sim, mas não é na área na qual me formei, infelizmente. Mas vou trabalhar em uma academia de luxo na recepção/gerência.
Mãe: que bom filha, você está conseguindo comer direito, pagar as contas e tudo mais?
Eu: sim mamãe, fique tranquila.
Mãe: quando você vai vir visitar sua mãe?
Eu: agora eu não posso, preciso me estabilizar no emprego, prometo que assim que puder pego um voo para França.
Mãe: entendo querida.
Eu: preciso ir mamãe, te amo!
Mãe: eu te amo, querida!

Desliguei e fui para debaixo do chuveiro, afinal, eu merecia depois de um longo dia.

Acordei bem disposta e pronta para acertar as últimas coisas para começar a trabalhar. Tomei um banho, coloquei um tubinho vermelho e scarpin nude, fiz uma maquiagem leve, peguei minha bolsa e saí de casa.
Quando cheguei na academia e Carlos ainda estava na recepção com seu short, blusa polo e cabelo bem arrumado.

- Bom dia, Carlos!
- Bom dia bebê, está tão animada hoje!
- Não vou morrer de fome no fim do mês, é um bom motivo para ficar feliz.
- E no final do mês vou ter uma blusa de marca, esse também é um bom motivo para ficar feliz.
- Não querendo ser intrometida, mas posso perguntar o porquê você vai sair?
- Sou estilista e fui convidado para trabalhar em uma marca famosa.
- Parabéns! Lembre-se de mim - pisquei para ele.
- Eu te conheci ontem garota - ele riu.
- Bonjour, mademoiselle. (Bom dia, senhorita)

Como eu estava de frente para Carlos e de costas para a academia e para quem vinha na minha direção, assustei-me ao ouvir uma voz sensual no meu ouvido.

- Enforié, mon Dieu! (Filho da puta, meu Deus!)

Pelo susto falei sem pensar e sem saber com quem estava falando, com a mão no coração e ofegante virei e vi o Sr. Leo com os olhos arregalados, pelo jeito ele entende mesmo francês e acho que perderei o emprego antes mesmo de consegui-lo de verdade, meu Deus como eu pude xingar o meu chefe? Mas do nada ele começou a rir descontroladamente.
Por favor não me demita era só o que passava pela minha cabeça

- Pensei que os franceses fossem mais delicados e românticos - falou Leo.
- Me desculpe, por favor, eu falei no susto e não quis te xingar.
- Espera, você é francesa? E você xingou ele? - Carlos perguntou confuso.
- Sim.
- O que você falou?
- Ela me chamou de filho da puta. - Leo explicou.

Abaixei a cabeça com vergonha e torcendo para que ele leve isso na brincadeira.

- Menina, você precisa me ensinar uns palavrões em francês.
- Depois Carlos.
- É, porque agora ela precisa assinar o contrato. Vamos.

Ele fez um gesto para irmos para a sala dele e piscou para mim, será que ele não vai parar de fazer isso?
Entramos na sala dele, sentamos de frente um para o outro e começamos nossa reunião. Ele parecia alegre e tranquilo.

- Aqui está o contrato, ele é simples, ao assiná-lo você me garante que irá exercer suas funções de forma correta, fazendo tudo o possível para manter a academia em ordem e tratar os clientes educadamente. Aí também fala sobre seus horários, regras a serem cumpridas, salário e indicação de vestimenta. Mas sinta-se a vontade para lê-lo.

Realmente era um contrato simples que não passava de duas folhas, mas fiz questão de ler cada linha.

Trabalho de segunda a sexta de 7:00 da manhã às 17:00 da tarde, 11:30 à 13:00 horário de almoço, intervalo para lanche: 9:00 e 15:00.
Salário ALTÍSSIMO.
Plano de saúde.
Indicação: vestimentas leves, de acordo com o ambiente, mas nada obrigatório.
Regras: cumprir os horários criteriosamente, prestar o melhor atendimento aos clientes, estar disposto(a) para resolver problemas que surgir na ausência de superiores, manter sigilo sobre as finanças da empresa.

Peguei a caneta e assinei na linha pontilhada: Ana Jhulia Lemarié Carpen.
Entreguei o contrato nas mãos do Leo e ele arqueou uma sobrancelha.

- Carpen? Não tinha reparado no seu currículo, você tem origem norte-americana?
- Meu pai - falei sem querer tocar no assunto.
- Tudo bem. Então, contrato assinado e você pode começar amanhã.

Concordei com a cabeça e levantamos, ele me acompanhou até a porta e apertamos as mãos.

- É muito bom revê-la, Jhulia.

Ele continuou apertando minha mão, mas ele me puxou para perto do seu corpo.

- Agora podemos continuar a conversa daquela noite?

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