Entre Nós Dois

Capítulo 61

Jhulia narrando

- Eu ainda não entendi o motivo de tantos seguranças. - falei encarando o Leo que rodava uma caneta na mão e tentava a todo custo evitar o meu olhar
- Coisa do meu pai preocupado com o Lohan.
- Mas você nunca andou com seguranças, achei que não fosse necessário.
- Por que eu não sou o alvo da família. Temos um velho milionário dono de vários empreendimentos e um magnata da tecnologia, ninguém ia querer sequestrar um dono de academia. - seu tom ácido esconde o ressentimento das palavras ditas.
- Não fale assim, você é tão importante quanto eles, se não fosse com a sua ajuda e a de Liam seu pai não daria conta de tudo. Mas não fuja do assunto, qual o real motivo para ter 5 caras na porta da minha casa e com ordens para nos acompanhar onde quer que nós fomos?
- Não tem nenhum motivo, deve ser apenas precaução do meu pai, nem tente entender porque eu já desisti. Na casa dele é cheio de seguranças e na do Liam também, você nunca deve ter visto porque eles ficam escondidos e disfarçados.

Suspirei já sentindo meus ombros doerem com a tensão que estava se formando, aquilo tudo era repentino e eu tinha a sensação de que não era apenas por precaução, estava acontecendo alguma coisa que ele não queria me falar, eu sentia pelo seu tom de voz e pela forma como ele não olhava nos meus olhos.

- Tudo bem, eu não engoli essa desculpa, mas quando você quiser me contar estarei aqui para escutar.

Desisti momentaneamente de tentar entender o que estava se desenrolando por baixo dos panos, até porque pelo jeito, ele não me contaria o que de fato estava acontecendo.

- Você pode ficar com o Lohan? Preciso ir olhar a reforma do escritório. - pedi.
- Claro, você vai agora?
- Sim, ele está no carrinho lá na sala.

Leo levantou da cadeira e andou até ficar de frente para mim, passou um braço pela minha cintura e a outra acariciou minha bochecha.

- Você não tem com o que se preocupar, está tudo bem.

Encarei bem o seu rosto e não tive certeza se tudo que ele falou era verdade, mas como falei antes, não iria insistir nisso agora.

- Tá certo. - concordei.

O Leo depositou um selinho nos meus lábios e sorriu de lado.

- Vamos, você tem uma obra para fiscalizar e eu um bebê para cuidar.

Peguei minha bolsa no quarto e dei um beijinho no meu bebê antes de sair, meu coração sempre ficava minúsculo quando eu precisava sair sem ele, era um sentimento inexplicável que nunca achei que teria, mas ser mãe é uma aventura diária de descobertas e medos. Leo informou que dois dos caras iriam me acompanhar em um carro durante todo o percurso de ida e volta, além de ficarem nos arredores no prédio do escritório, isso só fez a pulguinha atrás da orelha aumentar.

A visita à obra foi acompanhada por um dos arquitetos responsáveis que mostrou as alterações no design que estava no projeto, comentou que essa parte estrutural estaria finalizada em 2 semanas e os móveis, equipamentos e decorações começariam a ocupar o espaço vazio. Eu estava ansiosa para ver tudo pronto, pois cada cor e material foi escolhido com muito cuidado para que tudo ficasse bonito e agradável para todos que iriam trabalhar ali.

   A tour pelo escritório durou mais ou menos 2 horas, conversamos sobre cada detalhe e me despedi do arquiteto no lado de fora do prédio já com outra visita marcada para dali 2 semanas. Peguei meu celular e minha mão tremeu quando busquei pelo número, eu esperava não me arrepender de fazer essa ligação depois.
A pessoa atendeu no segundo toque.

- Oi. - falei ao perceber o silêncio do outro lado da linha, eu só podia escutar apenas a respiração pesada e suponho que seja pelo contato inesperado.
- Oi. - a pessoa se limitou a dizer.
- Podemos conversar?
- Sim.
- Ok, então. Estou próxima à um café, acho que podemos conversar lá, vou te mandar a localização.
- Você quer me encontrar pessoalmente? - perguntou talvez achando que aquilo poderia ser um trote.
- Sim, se você não estiver muito ocupado.
- Me mande a localização, logo estarei aí.
- Ok.