Capítulo 39

2.8K 152 76
                                    

   Eu devia estar sonhando quando Leo pronunciou essas palavras, porque eu me recuso a acreditar que ele seria capaz de tamanha loucura, com certeza é o desepero falando mais alto.

- Como é?
- Eu assumo o seu bebê.
- Você só deve estar louco, está pensando no que está dizendo, Leo? Isso é algo sério, é uma criança que estamos falando, não um empreendimento.
- Eu sei disso, Jhulia.
- Você está falando que vai assumir um filho que provavelmente seja do seu irmão!
- Eu escutei o que falei.
- Então por que está fazendo isso? Você não tem obrigação nenhuma comigo, você vai mudar a sua vida por um filho que não é seu!

Ele voltou para o meu lado na cama e segurou meu rosto bem próximo do seu, seus olhos agora estavam suaves e tranquilos, totalmente diferente de alguns minutos atrás.

- Gatinha, eu vim aqui atrás de você para ver se finalmente engatávamos algo, foi um longo e sofrido mês sem você por perto. Desde que apareceu na minha academia eu só tenho olhos para você. Não seria nenhum sacrifício assumir um filho seu, até porque ele é meu sobrinho. Eu amo você, não suportaria deixar você para trás e faria qualquer coisa para te proteger.

Eu não conseguia processar tudo aquilo de uma vez, estava desesperada e me sentido sem chão, então comecei a sentir que lágrimas brotavam nos meus olhos e não consegui segurá-las.

- Não quero magoar você novamente, gosto da sua amizade, não posso negar que tenho sentimentos por você, mas é uma situação tão delicada que tenho medo de aceitar o que você está me propondo e terminar te decepcionando mais uma vez.
- Você estaria ao meu lado, estaria feliz de todo jeito. - brincou.
- Deixa eu pensar um pouco, é uma decisão que envolve muitas pessoas e precisa ser tomado com cuidado, acho que nem você está pensando direito neste momento.
- Claro, gatinha, mas não mudarei de ideia. - ele beijou a minha testa e logo depois me puxou para um abraço. - Estou feliz por você, será uma ótima mãe.

Com Leo as coisas são leves e simples, é alguém que me traria estabilidade e amor.
Ficamos um tempo conversando sobre bebês até a minha mãe nos interromper pedindo para falar comigo. Contei tudo o que Leo havia dito e minha mãe ficou espantada com a declaração e a vontade de assumir meu filho, mas continuou irredutível quanto a contar a verdade para Liam, porém também deixou claro que era decisão minha e me apoiaria no que eu escolhesse.

  Faltava uma semana para o natal e cá estava eu voltando para os EUA, dias antes havia realizado uma ultrassom que confirmava uma gravidez de 4 semanas que batia com o dia no avião com Liam. Depois de muito pensar e ponderar todas as situações decidi que aceitaria o plano do Leo, concordamos que ele seria o pai do meu bebê, diríamos isso para todos e que levaríamos a nossa relação aos poucos, pois deixei claro que se ele não quisesse não precisava se sentir na obrigação de ficar comigo por causa do bebê, mas quando falei isso Leo ficou chateado e disse que estaria ao meu lado porque seus sentimentos por mim são reais e me fez prometer nunca mais repetir tal coisa. Jurei a mim mesma também que faria o meu relacionamento com Leo dar certo, sempre existiu algo entre nós, mas Liam chegou para confundir tudo e me tirar do eixo, mas agora as circunstâncias eram diferentes e não permitiria mais qualquer indecisão sobre esse assunto, pois eu estava com Leo, teríamos um filho e vamos criar e amar esse bebê.
Minha mãe ficou um pouco contrariada com a decisão, pois nada tirava de sua cabeça que Liam deveria saber, mesmo depois de Leo falar sobre o que seu irmão achava de ter uma família, mas continuou me apoiando e feliz por mim, prometi que mandaria uma passagem para ela para passar o natal conosco.
Leo disse que para dar veracidade ao nosso plano tínhamos que contar para seus pais e isso também incluía Liam. Não seria tarefa fácil encarar ele novamente sabendo que ele era o verdadeiro pai do meu bebê, que eu estaria mentindo descaradamente, mas quem estava ao meu lado nesse momento não era ele, então todo crédito ao Leo que prometera amar e cuidar do meu filho.
Estamos quase chegando na Califórnia e minhas mãos estão suando, estaria voltando para retomar a minha vida, mas nada seria como antes.

- Você está nervosa. - Leo disse com um sorrisinho.
- Sim, estou. - falei apesar de não ser uma pergunta. - Não gosto de mentiras, mas quando descer do avião estarei enganando quase a todos ao meu redor.
- Não se preocupe, é para o seu bem e a do bebê.

Eu sabia que Leo estava falando aquilo para me confortar, mas na verdade isso não faria bem a ninguém.
Quando chegamos no aeroporto Felipe já nos esperava com uma plaquinha com nossos nomes, ri da cara de animado que ele fez quando nos viu e acho que isso está relacionado ao fato de que ele estava quase enlouquecendo na academia sem nós.

- Ó céus! Finalmente vocês chegaram.

Não falei. Felipe me abraçou prendendo os meus braços tirando a minha chance de retribuir, ri mais ainda.

- Solta a minha mulher, rapaz. - Leo falou com a cara fechada, mas a pontinha do sorriso o entregava dizendo que aquilo era só para assustar o pobre coitado que me soltou na hora.
- Desculpa, chefe.
- Ele está zoando com a sua cara, Felipe. - falei.
- Poxa Jhulia, a cara dele estava tão engraçada.
- Quando vocês voltam para a França?

Gargalhamos da brincadeira despretensiosa de Felipe e seguimos para o seu carro, ele nos levaria para casa.
Apesar de muito insistir não deixei que Leo fosse para o meu apartamento, ele sabia que eu estava um caos e não queria me deixar sozinha, mas o voo foi longo e ele estava cansado, além disso, eu precisava ver como estava o estado da minha casa depois de um mês fora. Paramos em frente ao meu apartamento, Leo desceu junto comigo para me ajudar com as malas até lá em cima. Quando chegamos na porta, Leo envolveu minha cintura para me abraçar.

- Descanse, ma cherie.
- Você também. - sorri

Ele se despediu com um selinho e se foi.

  No dia seguinte acordei bem cedo, tomei banho, coloquei meu legging, top e sapato, fiz e tomei o café da manhã para poder ir trabalhar.
A academia já estava funcionando e da entrada vi Felipe atrás do balcão da recepção mexendo no computador. Eu não imaginava que eu estava com tanta saudade daqui e da correria que era tentar colocar essa academia nos eixos.

- Espero que não tenha acabado com o meu precioso sistema enquanto estive fora. - falei no ouvido de Felipe que se assustou.
- Ô mulher, vai matar outro.

Gargalhei da sua cara de medo e depois da sua raiva.

- Você está muito tenso, vamos saia da minha recepção e vá descansar.
- É difícil manter as pontas sem você e o patrão por aqui.
- Eu sei, por isso estou te dando folga.

A cara de assustado de Felipe de antes nem se compara a de agora, revirei os meus olhos e joguei sua bolsa em seus braços.

- Ora vamos, pare de ser dramático e vá embora antes que eu mude de ideia.
- E o que Leo vai dizer?
- Eu cuido do Leo, 30 segundos para sair daqui.

Felipe começou a gargalhar e foi para casa aproveitar o seu dia de folga. Ele merecia depois de ter ficado com todo o trabalho quando ainda estava apenas começando.
Comecei meu trabalho avaliando tudo que havia acontecido no último mês, os clientes chegavam e me cumprimentavam dizendo que sentiram a minha falta e que estavam felizes por eu ter voltado. Conversei com os outros funcionários que também são amigos e assim levei o meu dia, relembrando como é bom estar aqui.

Entre Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora