Capítulo 3

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Entro dentro de casa, e me dou conta que ele poderia muito bem ter ido me buscar e assim eu não precisaria passar por tudo isso, sinto a rápida mudança do meu humor indo de bom para mau.

Inspiro e suspiro.

Ouço barulho de saltos, e sento-me numa cadeira e espero alguém vir, o barulho se intensifica e eu a vejo. Uma mulher alta pique modelo mesmo, ela me olha desconfiada e eu levanto.

– Cadê o meu pai? – dou ênfase na última palavra, e ela solta uma risada e começa a vir na minha direção toda desengonçada.

– Você é a Lívia, que bom que veio Richarde disse muito sobre você – ela me abraçou subitamente, e eu retribui para não parecer grossa mesmo não gostando de toques.

Meu pai caminha na minha direção e em seguida me abraça, e eu o abraço de volta pois senti falta, e muita. Ele me olha dos pés a cabeça e sorri.

– Você está linda Liv – ele diz e se vira para a moça – Está é minha namorada Lourdes, eu conheci ela num evento que teve aqui na rua.

Eu assinto com a cabeça, sem saber o que dizer.

– Ah legal, isso é bom. Vou para o meu quarto agora – ele pega as malas da minha mão.

– Fiz uma reforma básica no seu quarto espero que goste – ele abre a porta, simplesmente irreconhecível.

– Ficou lindo, obrigado – eu digo observando tudo – muito lindo.

Ele colocou uma estante para os meus livros, e comprou alguns também. Virei-me para ele e pude notar a diferença desde a última vez, estava mais feliz e humorado, não tirava o sorriso do rosto.

Eu o abracei mais uma vez, dessa vez apertado, é triste ficar longe de quem amamos. Eu sentei na cama e suspirei.

– Senti tanta sua falta Liv, eu sei como é difícil para você vir para cá e agradeço por se esforçar – seus olhos lacrimejam, foi a ele que eu puxei certeza.

– Ta tudo bem pai, eu também senti sua falta.

– Hmm sei, e sua mãe como está?

– Do mesmo jeito. - rimos.

– Ta certo, agora descansa – ele beija minha testa e sai do quarto.

•••

Quando acordo estranho a cor do meu teto, até me recordar que não estou na minha casa habitual de sempre. Tomo um banho rápido e coloco uma roupa confortável e vou para a sala.

– Agora sofro de tédio em Londres, que chique – sento no sofá.

A campanhia toca e eu vou até a porta em seguida a abrindo, tento disfarçar minha feição de surpresa e até um pouco chateada.

É Katy minha amiga, que me deixou de lado no exato momento que pisei novamente no Brasil, ignorou todas as minhas mensagens e ligações, abro mais a porta para que ela possa entrar.

Quando ela entra vejo que está acompanhada de outra garota, que não me é estranha.

– Obrigada – a garota diz ao entrar, e eu reparo que é mesma garota do metrô, meu queixo cai, mas só na minha imaginação.

– Por nada – indago e vou para o sofá.

Me sentindo desconfortável Katy começa a falar sem parar, eu olho para a outra de canto e sinto que está me olhando também.

– Sabe Katy, não sei como funciona amizade para você, mas você não é uma amiga boa – eu falo nervosa tentado manter minha voz baixa, ela para de falar na hora. – Eu te liguei, eu te mandei mensagens, me preocupei com você, e a única coisa que você fez foi me ignorar o tempo todo, eu não deveria deixar você nem entrar na minha casa.

Eu desabafei já cansada de tudo, sempre que venho para cá ela faz isso como se não tivesse acontecido nada, não é a primeira vez e nem a segunda que ela me trata assim, que ela me ignora e volta com essa cara de sonsa.

O meu defeito é deixar as pessoas errarem milhares de vezes comigo, e assim elas erram e me magoam, fazem o que querem com os meus sentimentos e depois vão embora, e quando voltam é o mesmo ciclo. No final é sempre eu que saio como errada.

Olho para Katy e acho ter visto um pingo de compressão no seu olhar, mas quando ela volta a falar eu levanto.

– Calma Liv, você não dormiu quando chegou? é por isso toda essa chatice? – ela começa a rir, e olha para sua amiga do lado que está séria também.

Vou até porta.

– Foi bom ter ver Kat – eu digo com a porta aberta, segurando o choro. Ela me olha boquiaberta e sai irritada.

A amiga dela passa por mim, e quando vou fechar a porta ela bota o pé e empurra. Eu abro mas não falo nada.

– Foi um prazer te rever novamente, Liv – ela pisca para mim igual hoje cedo e sai andando.

Eu fecho a porta e vou para o meu quarto, sentindo minha cabeça doendo eu á apoio e fecho meus olhos por alguns segundos tentando controlar minhas emoções.

Cansei.

Tudo o que o meu coração queria ter dito a você ( Lésbico ) Onde histórias criam vida. Descubra agora