Capítulo 14

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Eu prometi para mim mesma que aproveitaria a vida o máximo que pudesse ao lado dela, que aproveitaria cada sentimento e sensação nova ao lado dela.

Me recordar da noite anterior é como sonhar acordada, é como sonhar bonito diversas vezes.

Sua boca tão ágil e afim de mim, que eu pude ter certeza que esse momento era tão esperado por ela quanto foi por mim, a maneira que sua voz soou no meu ouvido, as palavras simples se tornaram tão grandiosas depois.

Eu sabia que estava entregue, mas não a essa maneira. Fui fácil, ela piscou e me teve  e a melhor parte é que eu não me arrependo disso nenhum pouco.

Quando cheguei em casa no outro dia, foi mais fácil de esconder a pequena marca no meu pescoço, do que o sorriso em meu rosto, porquê aquilo não foi sexo. Foi amor. Logo eu que nunca tinha sentindo nada assim, foi intenso e carinhoso.

Loris me deixou em casa e me abraçou, e mais uma vez eu estava em seus braços totalmente entregue. Ela me chamou de amor, e eu apenas sorri, bem que eu queria ser e por muito tempo.

Meus pensamentos foram distraídos pelo som da porta se abrindo, meu pai entrou no meu quarto.

– Oii filha – sentou-se na cama.

– Oii

– Tenho uma novidade para você – falou. Estava sorridente, fiquei curiosa.

– Então me conte rápido.

– Você não vai mais precisar vir aqui me visitar – ele disse e sorriu balançando a cabeça, demorei para entender suas palavras.

– Eu não entendi pai.

– Estou indo morar no Brasil com a Lourdes filha, estarei ao seu lado agora, e vamos hoje.

– Hoje? – eu pergunto boquiaberta.

•••

Liguei para a minha mãe e contei, ela surtou e depois disse que ia fazer um churrasco. Lourdes estava muito empolgada e de uma hora para a outra tinha diversas pessoas em minha casa empacotando tudo.

Quando meu pai saiu do quarto, eu chorei. Pois sempre foi difícil de lidar com essa distância, e agora tudo o que eu sempre desejei se realizou.

Observo meu quarto que passou por tantas mudanças durante esses anos que vim para cá. Meu olhar para sobre o copo e a frase grudada nele, Loris.

Loris.

Loris.

E Loris?

– Eu nunca mais a verei....

E mais uma vez estou a chorar, mas dessa vez não de emoção. Preciso encontra-la e dizer adeus, preciso vê-lá. Tento segurar o choro, mas é inevitável.

Começo a andar pra lá e pra cá um pouco ansiosa, talvez até demais. Olho no relógio e vejo que ainda é uma hora da tarde, e pensar que oitos horas atrás eu estava sobre seu corpo.

Lavo meu rosto, e saio do quarto. Meu pai fala para eu não demorar senão irá me largar aqui.

– Por favor volte em uma hora – ele pede.

– Tudo bem.

Caminho até a casa de Loris rapidamente. Por favor que ela esteja lá quando eu chegar. Grito seu nome pelo menos três vezes, uma fresta se abre na janela e ela coloca a cabeça para fora, quando me nota sinto que está meio perdida, deduzo que eu a acordei, já que a noite passamos acordadas.

Loris fecha a janela e abre porta em questões de segundo, ela nota minha expressão e eu percebo que ficou preocupada, é agora.

Seus braços passam por volta de meu corpo como sempre. Formando um abraço reconfortante, seguro o choro.

– Loris – eu falo seu nome – Eu vou embora hoje – suspiro.

Ela fica quieta e olha-me nos olhos. E nesse  momento o mundo é só meu e dela é, como se tudo tivesse parado, ela pega nas minhas mãos e aperta levemente, em seguida deixando um beijo.

– Eu sabia que uma hora você ia ir. Mas ainda assim é decepcionante sua partida.

– Eu vou senti sua falta, todos os dias – admito e ela ri.

– Eu vou senti falta de ver você na janela.

– Quem sabe numa próxima vida ou daqui uns anos.

– Ano que vem você não vai vim? – ela pergunta e eu balanço a cabeça que não, posso ver o brilho em seus olhos, são lágrimas.

– Meu pai está se mudando para lá, então.

Ficamos em silêncio por um tempo, gostaria de saber o que se passa em sua cabeça, gostaria de saber se ela sente algo queimando dentro do peito, se ela sente a dor da saudade mesmo estando uma de frente para a outra.

Eu poderia pedir para ela me esperar, mas talvez não valesse tanta a pena. Loris está na faculdade e lá as garotas são outro nível, não posso pedir que me espere sem ao menos saber quando vou voltar.

Ela suspira alto, e eu olho no relógio um pouco ansiosa.

– Prefiro acreditar que isso não seja um adeus, e se for eu não vou te dar. O máximo que eu posso dizer é, até logo Liv. – ela cruza os braços e eu sorrio.

– Pra mim já é o suficiente.

– Pra mim é pouco comparado ao que você merece – ela diz. E como sempre suas palavras tem um grande efeito sobre mim.

Eu a puxo num abraço apertado.

– Obrigada por tudo Loris – eu sussurro contra sua orelha – Eu nunca vou me esquecer de você.

– Não me agradeça Liv – ela pediu – Você me conquistou garota e eu sempre vou me lembrar de você,  garota estranha – começo a rir, e ela deixa um beijo na minha testa.

– Até logo Liv  – ela diz.

Meu coração acelera.

– Até logo Loris – eu digo, e sua boca encosta na minha. Ela coloca as mãos em cada lado do meu rosto. É um beijo profundo, é carregado de sentimentos, é o nosso último beijo.

Ao finalizar, Loris deixa um beijo na minha bochecha e seus olhos estão vermelhos, eu me afasto sabendo que tenho que ir.

– Liv – ela me chama quando estou virando para ir embora – Não esqueça de se arriscar – ela pisca e eu vou embora.

Pode ter certeza que eu não vou. E com esse pensamento eu volto para a minha casa.











Tudo o que o meu coração queria ter dito a você ( Lésbico ) Onde histórias criam vida. Descubra agora