Capítulo 21

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Caroline despertou desorientada e confusa.

— O que aconteceu? — perguntou, ao ver Magnus sentado a seu lado na cama.

O conde havia passado a noite inteira em sua companhia, pensando na questão. Algum tempo depois da meia-noite, proibiu-se de continuar remoendo o assunto. Afinal de contas, não podia ter certeza se suas suspeitas tinham fundamento. Não descobriria nada enquanto não conversasse com o dr. Hebbs.

— Você adoeceu ontem. O médico disse que foi alguma coisa que você comeu. Está com dor de cabeça?

— Um pouco.

— Está com fome?

— Sim.

Magnus se levantou e tocou a campainha.

— Você ficou aqui a noite toda? — indagou Caroline com a voz tímida. Não sabia ao certo como agir.

— Sim — respondeu sem se virar. Sua vontade era deitar-se ao lado dela na cama e não sair mais dali, tamanho seu temor de perdê-la.

Mas as coisas haviam mudado muito entre eles. O principal a se lembrar era de que Caroline Wembly Eddington tinha se casado apenas por dinheiro. Entretanto, a dor da traição começava a diminuir. Em seu lugar surgiu um sentimento estranho. Não era apenas um homem rico. Era um homem rico e doente.

O que aconteceria agora se ela descobrisse que o marido não ia mais morrer?

— O médico disse que voltaria hoje cedo para vê-la de novo. Deve estar chegando.

— Obrigada. Pode me deixar só? Preciso de um pouco de privacidade.

— Lógico.

Eles estavam se tratando, mais uma vez, como dois estranhos. Antes que Magnus alcançasse a porta, a voz dela o interrompeu.

— Obrigada, Magnus. Obrigada por ter cuidado tão bem de mim. 

— De nada, Caroline. Agora arrume-se para receber o médico. Vou mandar chamar Lillian.

O conde foi até seu quarto, tomou um banho rápido e fez a barba. Gregory veio avisá-lo da chegada do médico, e que este já se encontrava nos aposentos da condessa. Vestiu-se depressa e foi até o quarto de Caroline, chegando no momento em que Hebbs saía. — E então? Ela se recuperou?

— Sim, está melhor do que nunca, milorde.

— E o bebê? Algum sinal de ... 

— Nada de errado. Ela é uma jovem muito forte. Está tudo bem. O senhor, milorde, tirou-me o sono a noite toda. Podemos conversar?

Foram para a biblioteca e se acomodaram, ambos recusando chá e café. 

— Diga-me, doutor. É possível que estejam tentando me envenenar?

— Não apenas possível, milorde, acho que é bem provável. Os sintomas são exatamente os mesmos e compatíveis com os efeitos da digitalis.

— Isso significa que não vou morrer. — Que idiotice. O médico tinha acabado de dizê-lo, mas Magnus precisava ouvir as palavras.

— Eu gostaria, é claro, de poder examiná-la, mas é bem possível, a julgar pelo que meus colegas comentaram sobre o seu caso, que você não sofra de problema algum no coração.

Rosas à Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora