Capítulo 17

1.6K 132 22
                                    


Caroline começou a detestar Londres desde a ocasião da morte de seu pai. Suas ruas lotadas, a fuligem, a neblina e a umidade constante a incomodavam.

Mas nunca conhecera a Londres de Magnus. A casa, verdadeiro palácio em Mayfair, próximo ao Hyde Park, era maravilhosa. Também ficava nas proximidades do palácio de Buckingham. Horas após sua chegada, pediu ao marido para darem um passeio de carruagem pela Grovesnor Street. Passaram pela Berkeley Square, depois retornaram pela Bond Street a fim de olhar suas lojas exclusivas, voltando pela Piccadilly. O dia estava claro, e não havia um só indício de neblina encobrindo a parte mais elegante da cidade.

— Aonde vamos agora? — perguntou ele, parando na frente da casa. — Quer dar um passeio a pé no parque?

Ela adorou a ideia, mas não tinha forças.

— Estou exausta, Magnus. Prometo ir amanhã.

Os dois entraram, e o conde a acompanhou até o leito.

Ela jamais imaginou que gostaria tanto de ser mimada, mas o carinho de Magnus a confortava.

— Descanse agora — disse com carinho. — E não discuta.

— Não quero perder o jantar — protestou Caroline.

— Fique sossegada. Eu a acordarei um pouco antes.

Relaxando, Caroline reclinou-se na cama do imenso quarto que ocupavam. Estavam em um único aposento, o que a deixava mais contente. As grandes janelas de vidro tinham vista para o parque. Magnus fechou as cortinas e ficou ali até que a esposa adormecesse.

Como suspeitara, ele a esperou acordar sozinha. Era tarde e já havia escurecido. O fogo na lareira ainda ardia, comprovando que alguém colocara mais lenha. Magnus apareceu algum tempo depois, informando que o jantar lhes seria servido ali. Caroline gostou da gentileza. 

— Amanhã bem cedo faremos um passeio pelo parque — informou. — Depois iremos até a Bond Street para você começar a escolher alguns vestidos. Madame Bouchert é uma excelente modista e iremos em sua loja primeiro. 

— Não quero prendê-lo o dia todo, Magnus. Sei que tem muito trabalho para fazer.

— Na verdade, eu adiei meus compromissos para a semana que vem, o que me deixa livre para passar a semana toda a seu lado. Pedi a Kennet que tirasse a aldrava da porta. Não quero que fiquem batendo, enquanto você não tiver se recuperado da viagem.

— Ora, Magnus, não sou uma boneca de porcelana.

— Não é? — brincou ele. — Mas parece. Tem o rosto perfeito, as faces rosadas e olhos que brilham como joias. 

— Você parece poeta! — respondeu Caroline, alegre com a íntima amizade que havia se criado entre eles. 

— Acho que sim. Mamãe costumava dizer que eu era poeta. Na verdade eu era o pequeno poeta dela, mas um homem não costuma se orgulhar com um elogio destes, mesmo quando jovem.

Caroline lembrou-se das palavras da sra. Bronson sobre o apelido que Esmine dera ao filho e desejou não ter tocado no assunto.

— Eu não permiti esse tipo de brincadeira por muito tempo — confessou ele depois de alguns instantes. — Desde a adolescência.

Magnus se calou de novo, mas Caroline queria saber mais a respeito de sua vida.

— O que aconteceu? Alguma coisa relacionada a seu pai?

Rosas à Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora