Rachell

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O advogado de Othon chegou e foi direcionado a sala de Frender, minhas mãos estavam suando. Insisti entrar, porém fui detida! Havia cerca de quarenta minutos que o bom advogado sumiu lá pra dentro. Sentada naquela cadeira, pude constatar que onde eu estava, era um dos lugares que eu não aceitaria emprego tão fácil. A medida que aquelas grandes portas se abriam, pude perceber o quanto de pessoas machucadas, doentias e mal entravam. Algumas com braços quebrados, outras morrendo e o que mais me doia : o desespero! Nada havia sentido para elas, e por um momento agradeci a Deus pela saúde me dada.

_ Rachell. - O advogado chama minha atenção me tirando dos meus pensamentos longe. Fico de pé o mais rápido possível. _  Ele exige sua presença. - com um olhar tristonho o advogado me informa.

_ Senhora entenda que… - Rubi gritava querendo notícias e o médico ainda tentava consola-la.

_ Qual o quadro dele doutor ?. - me aproximei ansiando por alguma resposta. Porém não sei porque, temendo.

_ Ele teve duas paradas cardíacas nas últimas horas, e sinto dizer a vocês, outra ele não suporta!. - nunca fui a favor de ouvir aquilo tão de cara de um médico, porém precisei me manter o controle. Mesmo que já não tivesse! Lágrimas brotavam de meu rosto enquanto abraçava Rubi.

_ Por favor, entre! Vá vê-lo. - Eduardo chama minha atenção me alertando novamente me apressando. Aquele maldito corredor doía minha cabeça de algum modo, não sei se era as paredes muitos brancas e o silêncio que me mantia retraída. Assim que entro em sua sala, sobre uma cama hospitalar Othon me encara abatido. Mais lágrimas formam em meus olhos e já não era horas de tentar segura-las. Ele era o único que me acolheu totalmente diferente, quando não havia mais ninguém ao meu redor. Ele era um pai que eu sempre precisei. Aqueles olhos verdes, não estavam tão vivos como estava acostumada. A palidez em sua pele me deixava mais pra baixo ainda.

_ Ah senhor. - aproximando-me segurei sua mão cheia de fios hospitalares.

_ Menina. - sorriu fraco. Porém sorriu! _ Quero que desfrute de tudo que a vida venha te dar, quero que cuide de você e desse pinguinho. - apontou para minha barriga. _ Eu sei que não vou conseguir estar de corpo presente para ver você subir de nível nessa vida! Porém quero que saiba, que mesmo longe estarei olhando por você, para onde você for. - era o fim, as lágrimas já não tinha controle. Ele estava se despedindo! _ Ainda que o pai dessa criança seja um estúpido e eu não tive a chance de dar um tapa nele, quero que cuide do bebê e torne um ser impressionante no futuro. - ele era amável, sim eu amava Othon. _ Não se vingue, a vingança não vai te levar a lugar nenhum, porém não deixe que ninguém nesse mundo pise em você. - Ele estava ficando vermelho, o que me preocupou.

_ Senhor, voce vai sair dessa…

_ Não quero sair filha. Quero ir sabendo que fiz tudo que pude. Confie em Deus acima de qualquer coisa, e se possível perdoe o pai do seu filho um dia. Por mim!  - era inevitável. Ele estava partindo, cada palavra me rasgava o peito, cada dor dele se mantinha também em mim! Eu não poderia dizer nada para conforma-lo que ficaria bem, pois naquele momento nem eu mesma saberia se iria. Fraco o suficiente ainda sorria pro mundo, porém apertou minha mão antes que um último suspiro e lágrima caia na fronha azul de seu travesseiro. Os aparelhos que antes tinha pouco batimento, pararam de bater. Eu sabia! Eu exatamente sabia que assim que o aperto de mão ficou frouxo, já não tinha mais ele. Ele partiu! Tudo ficou pequeno ao meu redor, tudo ficou fraco demais para mim, e sem pensar muito caí naquele chão gritando. Eu não queria acreditar que as linhas dos aparelhos tinham parado e ficado em reto! Eu não queria acreditar em nada! E somente no momento que dei por mim, vários médicos entraram correndo na sala, me tirando dali aos prantos, aos berros. Ele morreu! Ele se foi! Uma parte bem dolorosa ficaria para sempre naquele peito fraco meu. Culpa dele. Por que eu tinha que ter tanto amor por aquele homem? Por que Sr Frender tinha que ter sido a melhor pessoa que eu conheci? Por que?

O Amor do Canalha ( Suspenso De Postagens ) Onde histórias criam vida. Descubra agora