Rachell

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Um mês! Quem diria que já se passaram um mês desde que fui contratada na Mouse Inter. Não tinha o que reclamar, meu patrão era sem dúvida uma pessoa que qualquer um adoraria como pai, em algumas ocasiões especiais tive que comparecer e me mantive esperta o suficiente para não ser vista em alguma fotografia, que cairia em revistas e jornais. Não queria ser vista por Dominic Levinsk, e estava totalmente longe de querer que ele soubesse meu paradeiro. Naquela sexta, cheguei adiantada como já de costume, separei os papéis para a próxima reunião que haveria as oito da manhã. Me senti orgulhosa do meu papel, tenho feito tudo direito e recebido elogios de Frender. Por mais que tivesse pouco tempo de convívio, saía quase toda semana para um café com meu patrão…

Ouvi uma batida na porta e um homem trajado entrou na sala. Se não me engano tinha o visto duas ou três vezes conversando com Othon.

_ Othon ainda não chegou. - disse mantendo uma postura boa.

_ Eu sei. Era exatamente por isso que eu estou aqui. - me encarou curioso. _ Sabe… você tem pouco tempo de casa, e você sabe… murmúrios sempre acontece! - rodeando a sala foi dizendo. _ Os funcionamento da empresa sempre é com regras, e últimamente os funcionários não estão felizes o suficiente. Você e ele andam muito próximos…

Eu não sabia o que ele estava tentando insinuar...porém fazia uma mera idéia. Ele estava tentando dizer que Othon e eu tinha…

__  Othon é um homem que está fragilizado. E essas duas roupas podem estar mexendo com a cabeça dele. - olhei para minhas roupas e não havia nada demais nelas. Othon jamais me veria como ele mencionava, eu tinha ele como um pai que nunca tive... Ou melhor tinha, mais que não fazia a mínima questão. Ele soube da minha gravidez e não gostou nada de não ter Dominic Levinsk a par dos acontecimentos, jurou ir atrás dele ainda tirar satisfação. Porém os olhos do homem estava grudado em mim, me comendo com os olhos!

_ Não repita isso... - me avancei em seu lado, porém me enfraqueci quando Othon entrou na sala notando o clima chato. 

_ Bom dia. - comprimentou enquanto o homem saía pela porta também o comprimentando, nada satisfeito. Othon estava pálido naquela manhã. Pelo que soube, não havia ninguém na família, apenas os empregados e seguranças que o rodeavam durante o dia.

_ Bom dia Sr. - disse, porém olhei preocupada para ele. _ Sr está tudo bem?.- ele tinha o rosto pálido como quem viu o cão.

_ Querida me traga um copo de água. - peguei a jarra e despejei meio trêmula no copo.

_ Aconteceu alguma coisa Sr?!. - ele soltou o copo de água como tinha acabado de segura-lo.

_ Meu peito dói muito. - gemeu alto o suficiente enquanto soltava um pouco a gravata. _ Chame a emergência.- foi o suficiente para que eu sumisse em gritos pelo corredor do prédio, atraindo olhares preocupados. Voltei correndo após chegar ao ouvido da enfermaria mais próxima.  Ele estava abatido, os seus olhos já não tinha aquele brilho que sempre havia em todas as manhãs! _ Acho que chegou minha hora minha querida. - eu não queria ouvir aquilo, por alguma razão doeu meu peito. Não estava pronta para perde-lo.

_ Por favor, não diga isso. - soltei o ar que ainda não tinha percebido que segurava. Eu não estava pronta para perder ele, não estava nem mesmo pronta para deixar de agradecer de todo coração por tudo que ele fizera por mim, o carinho que tinha por ele, não poderia ser explicado. Me deu total suporte, me levou em um médico de sua confiança para que pudesse fazer uma consulta que ele achou necessário. Ele ainda dizia quase sempre que seria uma ótima mãe, e eu estava tentando ser. Realmente estava!

Os médicos chegaram o mais rápido possível, com a ajuda deles Othon foi levado às pressas até o hospital mais próximo. Eu não poderia deixa-lo sozinho, por isso o segui na ambulância segurando sua mão fria. Ele não tinha ninguém, por um momento me peguei pensar em como seria quando ele fosse… com quem ficaria tudo? Me livrei dos inapropriados pensamentos e sorri para ele tentando passar força.

Assim que chegamos ao hospital, uma maca já o aguardava na recepção. Dei início a documentação necessária e logo ele desapareceu nas salas que se fundiam no imenso corredor. Sigilosas, frias e sem vida. Não pude entrar e ficar com ele, sendo assim me sentei em uma cadeira de ferro fria daquele maldito hospital. Estava preocupada e isso de alguma maneira me deixava tonta. O que ele tinha? O que eles estavam fazendo com a única pessoa que me acolheu totalmente?

Um homem alto apareceu horas depois franzindo a testa junto com uma senhora que se mostrava tão preocupada quanto eu. 

Ela me avaliou antes de vir em minha direção calma.

_ Ah querida. - me abraçando eu apenas retribui. _ Sou a governanta de Frender. - me soltou. Me lembrei que aquela então era a moça que fazia total diferença na casa em que morava.

_ Sou Rachell. - me aninhei na cadeira novamente a convidando a sentar.  Passaram várias perguntas na minha cabeça, mais nenhuma fazia sentido.

_ Ele estava tão bem… - a governanta que não sabia o nome me olhou com cautela abaixando o rosto para mãos!

_ Ele não me escuta, desde que houve o acidente ele simplesmente não sabe o que é viver mais. - tristonha disse suspirando. Eu imaginava que ele estava sofrendo, mais sua saúde tinha que ser importante… devia!

_ Vai dar tudo certo, se Deus quiser. - disse implorando por um milagre. Enquanto seguro sua mão, tentando passar uma força que nem eu tinha no momento. Depois de algum tempo, um médico aparece!

_ Quem é Rachell Withers?. - perguntou analisando.
_ Sou eu. - me levantei.
_ O paciente quer um advogado.- disse apressado.
_ Um.. um advogado?.- estranhei no momento. O que ele queria com um advogado?
_ Sim, ele ordenou. - assenti correndo para fora do hospital. Onde vou achar um advogado?  Lembro do advogado que ele tanto admirava. Disco o número e em alguns segundos a voz de sono do outro lado da linha atende.

_ Eduardo Fonseca.- disse bocejando.

Disse tudo que ele necessitava fazer e logo ele já estaria vindo. Othon jamais teria um advogado que em um dia de folga não pudesse comparecer, por isso garanti de voltar a recepção triste. O dia estava realmente carregado

O Amor do Canalha ( Suspenso De Postagens ) Onde histórias criam vida. Descubra agora