Rachell

511 25 7
                                    


Tudo que tinha que ser feito foi! Doía meu coração e depois de alguns calmantes já tinha voltado ao meu estado normal. Ou talvez Eduardo tinha me feito voltar. Rubi foi pra casa e tudo que precisava ser feito para seu enterro ficou por conta de Eduardo, que ensistiu que eu o acompanhasse! A noite já chegava, e logo que o corpo foi posto a vista, não consegui me distanciar de perto dele. O terno que ele sempre usava, estava sob medida naquele corpo sem vida carregado de flores. Por um momento meu estômago embrulhou pelo cheiro, porém não me distanciei de perto dele nem um minuto. Eduardo realmente era amigo número um de Othon, prova disso era tudo que fez em poucas horas pelo velho senhor. Segurava minha mão, ainda que não tivesse tanto motivo. Se manteve próximo de mim, me apoiando sempre! Um homem anunciou que o corpo seria levado e que a última despedida seria ali! Me distanciei apenas naquele momento. Eduardo percebeu meu desespero e me deixou um pouco sozinha, precisava de ar! Todos os amigos de Othon compareceram, vários advogados e pessoas de valor estavam presentes, de maneira que o velório do meu patrão lotou! Maik e Mel infelizmente não puderam comparecer! Maik por que tinha pavor de velório, morte e tudo que envolvia! Mel por que tinha uma reunião que tanto ansiava ter sua promoção de emprego. Todos fizeram um cântico antes de se abaixar a tampa negra onde seria guardado pra sempre meu patrão. Um aperto no peito me bateu! Acredito que sempre que uma pessoa falece, a pior das piores vezes aquela era uma! Era terrível.

Seguimos todos em direção ao cemitério que por exigência de Othon, queria ser enterrado! Ao lado da família que falecera meses antes! Fui com Eduardo em seu carro, o trajeto inteiro não tocamos em nenhuma palavra, o que agradeci a Deus por um momento! Não queria interrogatórios por agora! Eduardo se manteve passivo, de maneira séria! Não chorou, porém a tristeza em seu semblante poderia ser visto por qualquer um! Assim que o carro estacionou saltei sem esperar por Eduardo! Estava louca para sair daquele pesadelo e poder chorar até não aguentar mais!

Várias pessoas de preto anunciava respeito ao falecido. Eu estava longe enquanto o padre anunciava o discurso. Fui tirada de meus devaneios quando o padre perguntou.

_ Alguém tem algo a falar?.- O dia estava nublado, não diferente do anterior, porém mais pesado ainda! Aquele moinho de pessoas logo se puseram a frente contando discursos tristes e alegres ao lembrar das vezes com o falecido. Todos adoravam ele. Me coloquei a frente com bastante pesar e olhos vermelhos.

_ Sou Rachell Withers. - suspirei encarando meus dedos. _ Fui secretária do Sr Othon, o que posso dizer do pouco que conheci ele? Não há muitas coisas, porém Othon sempre se manteve impassível, e caso estivesse doente por tempo, disfarçava bem! - sorri. _ Em pouco tempo de convivência, levarei comigo para sempre palavras que ele mesmo me fez acreditar! Nada nessa vida vem sem esforço, e mesmo que seja difícil o final é uma vitória contagiante! Ele mesmo era a prova viva de tudo que tinha! Era um homem que não se deixava levar, sempre sério no que dis respeito ao trabalho, nunca desistia de me dizer para ter calma, que logo conseguiria concertar uma reunião que vários não queriam comparecer. - algumas pessoas riram em uníssono. _ A facilidade dele em mostrar a todos os funcionários o dia a dia, fazia daquela empresa nossa casa! Todos o adoravam, e eu mais que ninguém tive ele como um pai. - Era impossível continuar, era impossível manter as lágrimas! Agradeci a todos e me mantive ao lado de Eduardo.

Todos já tinham dito o que queriam e todos se aproximaram daquele buraco enorme e triste! O caixão negro de Othon vagarosamente ia decendo com todo cuidado possível e logo já se tornou apenas um! Quantas famílias ali ao redor teria sido enterrada? Quantas pessoas passaram pela mesma dor que todos nós estavam passando agora? Muitas pessoas que não tiveram oportunidades de viver um futuro brilhante estavam soterradas  ali! Era um ótimo lugar para pensar na nossa medíocre existência! Com meus dedos finos, peguei um punhado de terra vermelha e fria, e antes que todos começassem, joguei sobre o negro e brilhoso caixão de Othon. Antes mesmo de todos ameaçarem, beijei minha rosa vermelha e sem demora deixei que ela caísse por cima dele! Deu um pouco de enfeite aquele mostruoso caixão! Eu pensei por alguns momentos enquantos todos jogavam suas rodas, naquele exato momento enquanto me afastava vagarosamente de todos em outra direção: eu viveria como Othon me aconselhou, não guardaria rancor de Dominic Levinsk. Não deixaria me abalar por qualquer coisinha e mais que nunca tive a certeza que me bateu como um soco! Aquele lugar ali, abaixo de sete palmos de terra acabaria toda dor, todo rancor, toda soberba e arrogância! Iríamos todos no final dessa mísera vida para o mesmo buraco e deixaria apenas uma coisa para todos que ainda tivesse a chance: saudades!

O Amor do Canalha ( Suspenso De Postagens ) Onde histórias criam vida. Descubra agora