Jimin trocou de roupa com calma e foi até a cozinha tomar café da manhã, dando um beijo na testa da mãe e afagando o ombro do pai. Sentou-se com eles e começou a comer em silêncio, enquanto o casal conversava sobre algo do trabalho de Seunghee como enfermeira, mas de repente, foi abordado com uma pergunta inusitada.
— Quando iremos conhecer essa pessoa que te fez vir para cá? — Jisang indagou.
— O que? — disse surpreso, quase se engasgando com o chá.
— Me entendeu, filho. — o pai balançou a cabeça. — Diz que veio porque está melhor, mas ainda te vejo tendo aquelas crises no quarto. — suspirou. — Sei que sua mente mudou, está bem mais maduro e isso é fato, só que você melhorar não te faria cantar músicas de amor de doramas e muito menos suspirar pelos cantos. — riu. — Qual o nome dela?
— Tudo bem, está certo. — encarou o próprio prato. — Tive medo de falar com vocês sobre isso.
— Por que? — dessa vez foi Seunghee a questionar.
— Porque estou apaixonado por um homem. — engoliu em seco. — Seu nome é Jeon Jungkook.
— Oh, nossa... Eu... — a mãe fez cara de espanto. — Jisang... — o casal se entreolhou com feições sérias. — NOSSO FILHO ENCONTROU ALGUÉM! — ambos gargalharam e ela correu para abraçar Jimin.
— Não estão decepcionados? — franziu as sobrancelhas.
— Claro que não. — Sr.Park respondeu. — Você é nosso filho, sempre será, te amaremos de qualquer forma. O que importa é sua felicidade, seja homem ou mulher, além do mais, você é adulto, não podemos lhe impedir de ficar com alguém que gosta.
— É tão aliviante. — sorriu. — Ia falar antes, mas aconteceu algo... Fiquei com medo de contar.
— O que? — Seunghee pendeu a cabeça para o lado.
Então Jimin contou tudo, desde a forma como conheceu Jungkook, o duplo pedido de namoro, a homofobia sofrida no restaurante, o término e a forma como voltaram. Respirando fundo ao fim de tudo, sentindo o peso sair de seus ombros.
— Fico feliz que tudo deu certo. — o mais velho sorriu. — Mas nunca te julgaríamos, ainda mais por conta da religião.
— Sabe que somos budistas. — Sra.Park afirmou e tomou um gole de água. — Não me lembro de nenhum ensinamento que condene um amor saudável e bom.
— Amo vocês dois. — sorriu de canto. — Bem, vou indo. — levantou-se, pegou a mochila no quarto e saiu.
✨
Duas semanas haviam passado
desde o reencontro de Jungkook e Jimin em Seoul e Park realmente havia arrumado um trabalho na conveniência, o que facilitava muito de frequentar o apartamento de Jeon, fora nessa hora em que ele percebeu algo, deveria se mudar. Adorava ficar com os mais velhos, mas precisava ir.
— Estou dizendo. — Jungkook exclamou. — Até o próximo mês me mudarei, mas os apartamentos estão com o aluguel tão caro...
— E se nos mudássemos juntos? — perguntou enquanto fechava o zíper da mochila e saiam juntos da conveniência ao final do dia. — Preciso sair de novo da casa dos meus pais e não ganho tão bem ao ponto de alugar um lugar sozinho.
— Seria uma boa ideia. — sorriu ao pensar na proposta. — Vamos amadurecer essa ideia. — ficou de frente para o outro e selou seus lábios com os dele. — Mas, mudando de assunto, o que queria me contar?
— Falei pros meus pais sobre estarmos juntos. — segurou a mão de Jeon e começaram a andar.
— Como foi a reação deles? — perguntou curioso.
— Melhor do que o esperado. — sorriu. — Me deram apoio, disseram que me amam, essas coisas. — suspirou. — Querem te conhecer.
— Quando? — perguntou assustado.
— Não sei, mas até não te verem, vão insistir em marcar. — deu de ombros.
— Espero que gostem de mim. — comprimiu os lábios.
— Eles vão. — deu um toque de leve no braço de Jeon. — Pensando bem, nunca me contou como seus pais descobriram que é bi.
— Ah. — riu. — Foi no último ano do ensino médio. O diretor do colégio me viu beijando um colega de classe, Yugyeom, estávamos na quadra, num lugar meio escondido, mas o diretor Kim conseguiu nos descobrir. Então chamou nossos pais, como já deu pra perceber, os meus levaram tranquilamente e riram da raiva do diretor "são apenas adolescentes, diretor Kim" foi o que meu pai disse.
— Eu gosto do seu pai. — riu da frase. — Mas o que houve com Yugyeom?
— O pai dele não aceitou tão bem. — mordeu o lábio. — Se a Sra.Kim não houvesse impedido, o marido teria dado uma surra no Yugyeom ali mesmo. Depois de uma semana, se mudaram, nunca mais tive notícias dele.
— É triste saber disso. — suspirou. — Espero que esteja tudo bem hoje em dia.
— Eu também.
Sem menos perceberem, estavam na porta do prédio de Jungkook, quando chegaram no apartamento, o casal ainda não estava por lá. Sentaram no sofá, conversaram e trocaram beijos por alguns minutos, até decidirem comer alguma coisa.
Começaram a cozinhar algo simples, na verdade, Jimin começou, ele possuía a maior habilidade na cozinha entre os dois, então o mais novo apenas se colocou a observa-lo com um sorriso casto no rosto.
— Gosto de te ver cozinhando. — se pronunciou.
— Por que? — perguntou enquanto colocava o macarrão na água.
— Porque parece se sentir feliz enquanto cozinha. Faz isso com amor. — o abraçou por trás.
— Realmente. — limpou as mãos em um pano e segurou os braços de Jeon. — Sabe, meu pai tinha um restaurante em Busan, que agora está aqui em Seoul. Quando eu era mais novo passava muito tempo ajudando lá, já que não tinha muitos amigos. — foi até a geladeira e pegou o molho pronto. — Então ele começou a me ensinar algumas receitas e sempre dizia... — pigarreou e tentou engrossar a voz. — " Filho, apenas cozinhe se for com o coração. Independentemente se for um macarrão instantâneo ou um steak au poivre, coloque amor." — imitou Jisang.
— O que é um steak au poivre? — pendeu a cabeça de lado.
— Não faço ideia. — disse e começou a rir acompanhado de Jungkook.
Poucos minutos depois, Park terminou os pratos e serviu o macarrão em duas tigelas, entregando uma para Jeon e, assim, os dois foram até a sala, sentaram-se no chão, colocando as louças na mesa.
— Jimin. — o chamou, parando de comer um instante.
— Hum. — respondeu colocando os chopsticks de lado.
— Tá sujo aqui. — passou o dedo embaixo do lábio do outro, limpando o molho.
— Estamos juntos faz um tempo e você ainda arruma desculpas pra me beijar. —sorriu e selou seus lábios com os do outro.
Sem eles perceberem, a porta foi aberta, mas havia sido tão silencioso que não haviam se separado, apenas perceberam a presença de mais pessoas quando ouviram um pigarreio, tendo a visão de Yoongi e Hoseok, eles pareciam sérios. Logo uma mulher saiu detrás dos dois. Jimin notou que ela era baixa, seus cabelos eram pretos e curtos, aparentava ter entre trinta e quarenta anos, tinha um semblante apreensivo e, estranhamente, era extremamente parecida com Jungkook.
— Filho? — ela chamou por Jeon.✨
Espero que tenham gostado. Eu tenho um grupo no whatsapp pra quem lê minhas fics, se quiser entrar, me fala nos comentários ou me chama no twitter (@/seeynnxngi)
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Can you hear the silence? {pjm+jjk}
Fanfic(concluída) Jimin sempre fora um menino recluso. Os motivos podem ser incompreensíveis para alguns, assim como as diversas vozes, súplicas e gritos que ecoavam na mente do garoto. Apenas ele sabia como aquilo mexia negativamente com si próprio...