(24)

43 4 2
                                    

     Jimin trocou de roupa com calma e foi até a cozinha tomar café da manhã, dando um beijo na testa da mãe e afagando o ombro do pai. Sentou-se com eles e começou a comer em silêncio, enquanto o casal conversava sobre algo do trabalho de Seunghee como enfermeira, mas de repente, foi abordado com uma pergunta inusitada.
  — Quando iremos conhecer essa pessoa que te fez vir para cá?  — Jisang indagou.
  — O que?  — disse surpreso, quase se engasgando com o chá.
  — Me entendeu, filho.  — o pai balançou a cabeça.  — Diz que veio porque está melhor, mas ainda te vejo tendo aquelas crises no quarto.  — suspirou.  — Sei que sua mente mudou, está bem mais maduro e isso é fato, só que você melhorar não te faria cantar músicas de amor de doramas e muito menos suspirar pelos cantos.  — riu.  — Qual o nome dela?
  — Tudo bem, está certo.  — encarou o próprio prato.  — Tive medo de falar com vocês sobre isso.
  — Por que?  — dessa vez foi Seunghee a questionar.
  — Porque estou apaixonado por um homem.  — engoliu em seco.  — Seu nome é Jeon Jungkook.
  — Oh, nossa... Eu...  — a mãe fez cara de espanto.  — Jisang... — o casal se entreolhou com feições sérias.  — NOSSO FILHO ENCONTROU ALGUÉM!  —  ambos gargalharam e ela correu para abraçar Jimin.
  — Não estão decepcionados?  — franziu as sobrancelhas.
  — Claro que não.  — Sr.Park respondeu.  — Você é nosso filho, sempre será, te amaremos de qualquer forma. O que importa é sua felicidade, seja homem ou mulher, além do mais, você é adulto, não podemos lhe impedir de ficar com alguém que gosta.
   — É tão aliviante.  — sorriu.  — Ia falar antes, mas aconteceu algo... Fiquei com medo de contar.
  — O que?  — Seunghee pendeu a cabeça para o lado.
  Então Jimin contou tudo, desde a forma como conheceu Jungkook, o duplo pedido de namoro, a homofobia sofrida no restaurante, o término e a forma como voltaram. Respirando fundo ao fim de tudo, sentindo o peso sair de seus ombros.
   — Fico feliz que tudo deu certo.  — o mais velho sorriu.  — Mas nunca te julgaríamos, ainda mais por conta da religião.
  — Sabe que somos budistas.  — Sra.Park afirmou e tomou um gole de água.  — Não me lembro de nenhum ensinamento que condene um amor saudável e bom. 
   — Amo vocês dois.  — sorriu de canto.  — Bem, vou indo.  — levantou-se, pegou a mochila no quarto e saiu.
   


  Duas semanas haviam passado
desde o reencontro de Jungkook e Jimin em Seoul e Park realmente havia arrumado um trabalho na conveniência, o que facilitava muito de frequentar o apartamento de Jeon, fora nessa hora em que ele percebeu algo, deveria se mudar. Adorava ficar com os mais velhos, mas precisava ir.
   — Estou dizendo. — Jungkook exclamou. — Até o próximo mês me mudarei, mas os apartamentos estão com o aluguel tão caro...
  — E se nos mudássemos juntos? — perguntou enquanto fechava o zíper da mochila e saiam juntos da conveniência ao final do dia. — Preciso sair de novo da casa dos meus pais e não ganho tão bem ao ponto de alugar um lugar sozinho.
 — Seria uma boa ideia. — sorriu ao pensar na proposta. — Vamos amadurecer essa ideia. — ficou de frente para o outro e selou seus lábios com os dele. — Mas, mudando de assunto, o que queria me contar?
  — Falei pros meus pais sobre estarmos juntos. — segurou a mão de Jeon e começaram a andar.
  — Como foi a reação deles? — perguntou curioso. 
  — Melhor do que o esperado. — sorriu. — Me deram apoio, disseram que me amam, essas coisas. — suspirou. — Querem te conhecer.
  — Quando?  — perguntou assustado.
  — Não sei, mas até não te verem, vão insistir em marcar.  — deu de ombros.
  — Espero que gostem de mim.  — comprimiu os lábios.
  — Eles vão.  — deu um toque de leve no braço de Jeon.  — Pensando bem, nunca me contou como seus pais descobriram que é bi.
   — Ah.  — riu.  — Foi no último ano do ensino médio. O diretor do colégio me viu beijando um colega de classe, Yugyeom, estávamos na quadra, num lugar meio escondido, mas o diretor Kim conseguiu nos descobrir. Então chamou nossos pais, como já deu pra perceber, os meus levaram tranquilamente e riram da raiva do diretor "são apenas adolescentes, diretor Kim" foi o que meu pai disse.
   — Eu gosto do seu pai.  — riu da frase.  — Mas o que houve com Yugyeom?
   — O pai dele não aceitou tão bem.  — mordeu o lábio.  — Se a Sra.Kim não houvesse impedido, o marido teria dado uma surra no Yugyeom ali mesmo. Depois de uma semana, se mudaram, nunca mais tive notícias dele.
   — É triste saber disso.  — suspirou.  — Espero que esteja tudo bem hoje em dia.
  — Eu também.
  Sem menos perceberem, estavam na porta do prédio de Jungkook, quando chegaram no apartamento, o casal ainda não estava por lá. Sentaram no sofá, conversaram e trocaram beijos por alguns minutos, até decidirem comer alguma coisa.
  Começaram a cozinhar algo simples, na verdade, Jimin começou, ele possuía a maior habilidade na cozinha entre os dois, então o mais novo apenas se colocou a observa-lo com um sorriso casto no rosto.
   — Gosto de te ver cozinhando.  — se pronunciou.
   — Por que?  — perguntou enquanto colocava o macarrão na água.
   — Porque parece se sentir feliz enquanto cozinha. Faz isso com amor.  — o abraçou por trás.
   — Realmente.  — limpou as mãos em um pano e segurou os braços de Jeon.  — Sabe, meu pai tinha um restaurante em Busan, que agora está aqui em Seoul. Quando eu era mais novo passava muito tempo ajudando lá, já que não tinha muitos amigos.  — foi até a geladeira e pegou o molho pronto.  — Então ele começou a me ensinar algumas receitas e sempre dizia...  — pigarreou e tentou engrossar a voz.  — " Filho, apenas cozinhe se for com o coração. Independentemente se for um macarrão instantâneo ou um steak au poivre, coloque amor."  — imitou Jisang.
   — O que é um steak au poivre? — pendeu a cabeça de lado.
   — Não faço ideia.  — disse e começou a rir acompanhado de Jungkook.
Poucos minutos depois, Park terminou os pratos e serviu o macarrão em duas tigelas, entregando uma para Jeon e, assim, os dois foram até a sala, sentaram-se no chão, colocando as louças na mesa. 
  — Jimin.  — o chamou, parando de comer um instante.
  — Hum.  — respondeu colocando os chopsticks de lado.
  — Tá sujo aqui.  — passou o dedo embaixo do lábio do outro, limpando o molho.
  — Estamos juntos faz um tempo e você ainda arruma desculpas pra me beijar.  —sorriu e selou seus lábios com os do outro.
 Sem eles perceberem, a porta foi aberta, mas havia sido tão silencioso que não haviam se separado, apenas perceberam a presença de mais pessoas quando ouviram um pigarreio, tendo a visão de Yoongi e Hoseok, eles pareciam sérios. Logo uma mulher saiu detrás dos dois. Jimin notou que ela era baixa, seus cabelos eram pretos e curtos, aparentava ter entre trinta e quarenta anos, tinha um semblante apreensivo e, estranhamente, era extremamente parecida com Jungkook.
  — Filho?  —  ela chamou por Jeon.


Espero que tenham gostado. Eu tenho um grupo no whatsapp pra quem lê minhas fics, se quiser entrar, me fala nos comentários ou me chama no twitter (@/seeynnxngi)

Can you hear the silence? {pjm+jjk}Onde histórias criam vida. Descubra agora