(28) Fim

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    Estavam inseguros ao entrar no quarto, mesmo a médica responsável afirmando que Jimin estava bem e  apenas precisava de descanso, por causa do procedimento, acordaria em algumas horas. Jungkook o observou respirar vagarosamente enquanto dormia, acariciou sua mão e sorriu, finalmente seu coração estava calmo.
     Jimin tinha um semblante tranquilo, muito diferente do que estava estampado em seu rosto quando o encontrara deitado na cama. Parecia enfim estar em paz. Afagou os cabelos do namorado em silêncio, não queria acorda-lo. Hoseok e Yoongi também estavam em silêncio, preferiam não falar nada. Eles não sabiam das vozes, Jungkook nunca contara pois, mesmo com toda a proximidade, Park queria que o casal não o visse diferente, eles apenas pensavam que o mais novo havia depressão, algo enfrentado anteriormente por Yoongi.
   Algumas horas depois, enfim conseguiram contatar os pais de Jimin, que chegaram prontamente ao hospital, ele ainda não havia acordado quando o casal chegou. Seunghee abriu a porta com força e sem nenhuma delicadeza, estava desesperada para ver o filho. Esquecendo-se de cumprimentar os outros presentes, correu na direção do rapaz e o abraçou com força, como se ele fosse embora a qualquer momento.
   — Eu não sei o que faria se houvesse perdido você. — Sra.Park falava baixinho ao pé do ouvido do filho. 
   — Ele está bem agora, querida. — Jisang afagou as costas da esposa. — Jungkook chegou bem na hora. — mesmo parecendo calmo, suas mãos tremiam de preocupação.
   — Obrigada, Jungkook. — se direcionou ao genro e o abraçou tão forte quanto a Jimin. — Obrigada por não ter deixado meu filho ir embora. — ela sussurrou.
   — Sempre vou cuidar dele, assim como ele sempre vai cuidar de mim, Sra.Park. — disse a sogra no mesmo tom.
    — Obrigada. — agradeceu mais uma vez e o soltou. Olhou para Hoseok e Yoongi e sorriu. — Então vocês são os hyungs a quem sempre ouço falar.
    — Em carne e osso. — Jung respondeu alegre. — Uau, a senhora e Jimin realmente são muito parecidos.
    — Me chame de Seunghee. — sorriu. — Realmente, meu filho puxou a parte bonita da família.
    O clima ficou um pouco menos tenso com as personalidades descontraídas de Hoseok e Seunghee. Mas a atenção de todos presentes tornaram a Jimin quando Jeon sentiu a mão ser apertada por ele ao abrir os olhos devagar.
   — Eu apaguei por muito tempo?— perguntou um pouco grogue e olhou confuso para as pessoas na sala.
   — São sete da manhã, te encontramos no apartamento às duas. — Yoongi respondeu sem rodeios.
  — Oh. — respirou pesado. — Eu fiz besteira.
  — Besteira? — o lado emocionado de Seunghee desapareceu momentaneamente. — Park Jimin eu quase te perdi! QUASE MATOU SUA POBRE MÃE DO CORAÇÃO!
   — Querida, estamos num hospital. — o marido sussurrou.
   — Desculpe. — deu de ombros. — Mas você está bem agora. É tudo que importa.
   — Não suportaria a ideia de te perder. — Jisang suspirou, afagando o ombro do filho.
   — Eu não queria ter feito isso. — encarou a parede. — Mas as vozes, elas me deixaram tão irritado, estressado. Só queria dormir. — desabafou.
    — Vozes? — Hoseok questionou.
    — É uma longa história. — o pai disse. — Posso contar, filho? — recebeu um breve aceno de Jimin, aquela seria uma boa hora para os amigos saberem. — Conto lá fora, Seunghee venha conosco, vamos deixar Jungkook e Jimin conversarem.
      O casal se entreolhou ao ser deixado sozinho. Jungkook respirou pesado ao pegar novamente a mão de Park.
    — Você se lembra? — perguntou.
    — Então não foi um sonho. — engoliu em seco.
   — Não. — fechou os olhos, se lembrando das palavras do outro. — Você disse que estava na sua hora e eu insisti que não. Nunca fiquei tão feliz em eu estar errado. — uma lágrima rolou em sua bochecha. — Tem noção do quanto doeu te ver quase sem vida?
    — Me perdoa. — abaixou o olhar.
    — Não tenho que te perdoar. Mas, por favor, só não me assuste assim de novo. — apertou sua mão.
    — Eu não vou. — entrelaçou seus dedos com os dele. — Prometo. — estendeu a mão livre com o mindinho esticado. — De mindinho?
    — De mindinho. — sorriu e entrelaçaram os dedos novamente. — Sempre estarei aqui por você. Mas você tem que estar pra aqui pra mim também.
   — Eu amo essa música. — riu. — Foi ela a qual citei quando você me falou do seu transtorno alimentar.
   — E ela é a que sempre vai nos descrever. — se aproximou do rosto do namorado. — Eu te amo.
   — Eu te amo. — respondeu e selou seus lábios.


   
  Jimin ainda estava meio zonzo quando chegou ao apartamento acompanhado dos pais, amigos e namorado. Mas mesmo com a sensação de tontura, sabia de algo, sua mente nunca havia estado tão calma. Os rapazes e Seunghee foram para a sala enquanto ouviam Jisang reclamar sobre o pouco de ingredientes na despensa do casal.
   — VOCÊS NÃO PODEM VIVER DE MACARRÃO INSTANTÂNEO E ARROZ. — gritou o mais velho.
   — Ignorem meu marido, ele tem um apego grande à comida. — riu.
    — Tudo bem. — Yoongi acompamhou a risada dela. — Mas, deixa eu tentar entender de novo, essas vozes nunca somem?
    — Eu estava pensando em falar isso em outro momento mas... — olhou para Min com um sorriso casto. — Desde que acordei no hospital, não as escuto mais.
   — Isso é sério? — a mãe pulou do sofá extasiada. — Então a agonia finalmente acabou?
   — Acho que sim, queria esperar alguns dias para ter certeza, mas fiquei ansioso demais. — deu de ombros. — Só não quero criar expectativas em cima disso.
   — Elas não vão voltar. — Jungkook afirmou.
   — Como tem certeza? — Hoseok indagou.
   — Apenas tenho. — segurou a mão de Jimin.
   — Estou fazendo algo com o nada que vocês chamam de ingredientes. — Jisang saiu da cozinha limpando as mãos em um pano de prato. — Por que ficaram tão quietos?
   — Nosso filho finalmente está melhor! — a esposa gritou enquanto corria para abraçar o marido com animação. — Nosso filho está melhor! — repetiu.


   
    — Amor? — Jimin chamou pelo namorado enquanto se arrumava na cama.
    — Diga. — respondeu enquanto deitava e o abraçava.
    — Como tem tanta certeza de que elas não vão voltar? — apertou seus braços.
    — Sabe quando disse que uma parte de você ainda estava no outro plano?
   — Sim. — se virou para ele.
   — Então, você quase morreu, talvez essa parte tenha saído do plano ou algo assim. — tentou juntar as peças.
    — Tem algo que aconteceu depois que acordou. — suspirou. — Ela veio novamente e...
    — Ela quem? — o interrompeu.
    — Primeiramente achei que fosse a morte, mas depois Ela me explicou que era um ser maior que a morte e sabia que precisava fazer essa visita a mim. — engoliu em seco. — E disse que além de me contar a verdade sobre as vozes, também iria me dar um presente, então Ela afagou meu rosto e sumiu, foi quando acordei.
     — Então o tal presente pode ser isso, ela te fez parar de ouvir as vozes. — concluiu animado.
     — Eu espero. — acariciou o braço do namorado. — Mas nós sempre superamos tudo, se elas voltarem, iremos superar também.
     — Uma das coisas que esse sonho, viagem astral, não sei como chamar...— riu. — Me deu, foi saber que você é a minha alma gêmea.
     — Nunca tive dúvidas disso. — o beijou delicadamente. — Desde o momento em que você não desistiu de mim quando menti ao dizer que estava ocupado ou quando foi me ver porque sabia que eu estava na pior, eu soube que você era a minha alma gêmea. Obrigado por nunca desistir de mim e ter ouvido as vozes mesmo estando silêncio e ajudado a arrumar as coisas quebradas aqui dentro. — apontou para a cabeça.
      — Eu nunca desistiria de você. — beijou sua testa. — Você sempre tentou me ajudar, sempre me entendeu, me deixou ir quando precisei. O amor é deixar ir, mas quando a conexão é forte como a nossa, as duas partes sempre se encontram. — selou seus lábios aos dele. — Me ajudou a perseguir meus sonhos e a não ter uma recaída. Eu quero te ajudar com seus sonhos também. Quando cheguei ao apartamento com a rosa durante o "sonho", era para comemorar sua aprovação em psicologia. Acho que foi um sinal.
    — Em uma semana saberemos. Mas tenho certeza de uma coisa.  — fechou os olhos.
    — Coisa? Que coisa? — indagou.
    — De que não há outro lugar em que eu queira estar a não ser dentro do seu abraço. — o beijou novamente e sentiu sua barriga esfriar, como se fosse a primeira vez.
    Seus corações palpitavam juntos enquanto compartilhavam o selar de lábios. Jungkook era Jimin e Jimin era Jungkook, nada poderia separa-los porque seus destinos eram os de ficarem juntos. Pela primeira vez em anos, Park não se sentiu incomodado e sua mente estava totalmente tranquila, ele enfim estava em silêncio.
   Mal eles sabiam que finalmente ficariam em paz, mesmo após todos os altos e baixos da onda de suas vidas, o casal estava pronto para enfrentar uma extraordinária subida nessa onda e a promessa de mindinho nunca seria quebrada.


   

   Então foi isso gente, esse foi o último capítulo de Can You Hear The Silence? :( ainda vamos ter um epílogo e vou fazer uma nota pra me expressar melhor, mas já agradeço a quem acompanhou essa historia 💜 principalmente a May, a leitora mais fiel dessa fic.

Can you hear the silence? {pjm+jjk}Onde histórias criam vida. Descubra agora