Sexagésimo quinto dia

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Jungkook estava na sala, sendo quase meia-noite, mas ele continuaria ali, esperando seu pai. Tinha que resolver de uma vez, não aguentava mais passar um dia longe do seu gatinho. Era domingo e a possibilidade de o ver amanhã, mesmo que a noite acabasse mal, o deixava contente. Aquele garoto de óculos de grau, que o deixava mais atraente, era – e é – o único que conseguiu fazer Jeon Jungkook, o exímio gênio e representante de sala, completamente apaixonado. Porque Yoongi era a única coisa boa que aconteceu em anos e ele não podia, de maneira alguma, deixar aquele garoto escapar.

A porta da frente do casarão foi aberto e Jeon Jiwoon e Jeon Jaehwa entraram, conversando entre si. Seu pai usava seu costumeiro terno impecável, carregando uma pasta preta enquanto seu avô vestia um calça social com um sobretudo por cima da camisa. Mesmo sendo o presidente da empresa da família, sua idade não suportava mais tanta formalidade.

— Boa noite. — saudou Jungkook, chamando a atenção dos mais velhos.

  — Boa noite, Jungkook. — cumprimentou seu avô, Jaehwa, com carinho. — Não devia estar dormindo, criança? Amanhã você tem aula...

— Eu estava esperando meu pai chegar, vovô. — disse num suspiro. Sabia que nada sairia de bom daquela conversa, mas precisava deixar claro. — Podemos conversar um momento, pai? — perguntou, se dirigindo ao outro mais velho.

  — Não. — respondeu-lhe, virando as costas e se dirigindo as escadas.

  — Por quê?! — questionou Jungkook, se irritando.

  — Eu já sei o que você quer falar e minha resposta é a mesma. — pontuou, sem dar chances para o outro argumentar.

  — Mas o problema agora, é que eu não estou pedindo mais sua opinião e também não me importo com a mesma. — rebateu ele, sorrindo amargamente, atraindo a atenção do pai, que o encarou com ódio.

  — O que está acontecendo? — perguntou Jaehwa, confuso. Os dois mais novos se encaravam, desafiando quem teria coragem de falar primeiro. — Jungkook, meu neto, o que houve?

   — Meu pai não aceita minha orientação sexual, vovô. — disse o neto, chocando o idoso. — Ele não aceita que eu ame um garoto.

  — Você não gosta dele de verdade. Isso é apenas para chamar minha atenção. — Jungkook riu, irritando ainda mais seu pai.

   — Você acha mesmo que eu quero sua atenção? Eu não tenho mais 12 anos, pai. — retrucou, sorrindo venenoso. — Eu só queria avisar ao senhor que eu não vou desistir do Yoongi e o senhor pode ameaçar o quanto quiser a minha herança, eu não ligo. Com o meu histórico eu posso entrar em qualquer universidade que eu quiser, com bolsa integral, me formar em direito e construir minha própria empresa. Eu não preciso de você, eu só preciso de Min Yoongi e eu já negligenciei ele demais por sua causa. — acrescentou, se aproximando da escada até estar de frente com o primeiro degrau. — Me desculpe, vovô, se eu te decepcionei. Mas eu não posso negar mais o que eu sinto.

  Dito isso, Jungkook subiu as escadas, indo em direção seu quarto. Suas mãos tremiam de nervoso pelo que tinha feito, mas não conseguia se arrepender. Agora, ele só precisava de um plano para fazer Yoongi voltar para si.

   Antes de conseguir abrir a porta do quarto, sua camiseta foi puxada com força, fazendo-o voltar confuso para o meio do corredor onde recebeu o primeiro soco.

   — Eu disse para você aquela noite, quando você voltou de madrugada, que eu não aceitaria nenhum tipo de atitude vergonhosa sua. — rosnou seu pai, acertando um segundo soco em seu rosto, derrubando-o no tapete. — Eu não aceito um filho gay.

  — Tarde demais, papai. — murmurou, provocando o mais velho ao sorrir maroto. — Eu não te contei, mas, quando eu voltei naquela madrugada, eu tinha feito amor pela primeira vez com Yoongi.

   — Cale a boca, seu desgraçado, você não é meu filho. — grunhiu Jiwoon, agarrando-o pela camisa e o erguendo.

   — Ah, eu sou. — riu Jungkook mais uma vez. — Para o seu azar, eu sou. Embora eu não quisesse.

   — Então como seu pai, eu te proíbo de ver aquele garoto. — ordenou, arrancando uma outra risada do filho.

  — Yoongi não parece estar afim de me ver agora, mas eu vou reconquista-lo ainda e você não vai impedir, porque daqui alguns dias eu vou ter 18 anos e você não vai ter autoridade nenhuma sobre mim. — explicou o Jeon mais novo, sorrindo. — E o melhor de tudo é que você não pode me expulsar de casa, pois você não é o dono, eu sou. Vovô colocou o meu nome no testamento.

   — C-Como você sabe? — questionou o outro, surpreso. Aquela informação era sigilosa, só ele e seu pai sabiam disso.

   — As paredes têm ouvidos e se eu fosse você, me soltaria antes que eu fizesse uma besteira e o senhor tivesse que morar em outro lugar. — segredou Jungkook, se soltando das mãos do pai e caminhando contente consigo mesmo para o próprio quarto.

   Seu rosto estava inchado pelos dois socos recebido, onde logo apareceria um hematoma abaixo do olho esquerdo e o corte do lábio inferior pararia de sangrar. Mesmo assim não se importou. Ao se jogar na cama, só pode sentir a liberdade batendo em sua porta. O primeiro passo já havia sido dado, só faltava ter Yoongi em seus braços novamente e nunca mais deixá-lo ir.

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Nova fic YoonKook
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