O movimento repetitivo da carroça somado a conversa baixa me fez pegar no sono. Infelizmente foi algo rápido, pois acordei com o sol começando a se esconder, eu queria que tivesse anoitecido, ou mesmo que fosse madrugada, pois assim eu poderia logo dizer que já estava consciente há um dia inteiro, mas não era o caso, o dia estava longe de terminar.
O estranho é que mesmo dormindo pouco eu tinha sonhado e diferentemente de antes, dessa vez eu tinha a lembrança de cada pormenor.
Sonhei com uma floresta prateada, um lobo uivando e eu tentando, sempre tentando, me aproximar do som, porém não consegui, como se fosse um aviso de que ainda não estava permitida andar por essa floresta, acordei quando dei o primeiro passo em direção ao lamento.
Era estranho lembrar os detalhes, mais ainda foi sonhar com um lobo a uivar, talvez a presença deles tivesse influenciado a direção do sonho, também poderia por Celeste tê-los mencionado, eu não tinha ideia do motivo, mas estava grata por ter um sonho bom.
Estávamos chegando, eu sentia através do silêncio de minha irmã, ela estava triste e era justamente por essa tristeza que eu desconfiava que ela iria partir assim que chegássemos ao destino. Não sabia o que sentir em relação a isso, só queria dizer oi para mim mesma, e a partir daí recomeçar.
Quando paramos, fui carregada e ciente da fraqueza das minhas pernas, fiquei envergonhada por ser um peso morto, mas não tinha forças para ficar em pé e essa era minha cruel realidade, meu corpo demoraria um pouco mais para se recuperar, talvez o tempo que eu fiquei inerte tivesse sido muito, tanto que atrofiou meus músculos e mais uma vez temi o que veria no espelho.
Quando me colocaram no chão, me ampararam pelos ombros, por um tempo ficamos assim, apenas parados na frente de um imenso portão. As grades feitas de grossas barras de ferro dava um certo receio, pois lembrava as grades das muitas celas na masmorra onde papai e o curioso guardavam seus experimentos.
Entretanto, era apenas um portão.
Ninguém dizia nada, e senti um tipo estranho de ansiedade, não entendia se queria logo entrar e acabar com isso ou parar o tempo para nunca saber o que tinha além daquelas barras.
Logo um homem franzino parou na nossa frente. Eu não o tinha visto se aproximar, pois não ousei levantar os olhos, entretanto era um homem pequeno, usava o que parecia um vestido, uma roupa sóbria que lembrava muito a que o monge cristão usava.
Quando o portão foi aberto estremeci ligeiramente, ele tomou para si a incumbência de me amparar para dentro da construção, ninguém nos seguiu, apenas Celeste, sei por que ouvi seus soluços.
Senti um aperto no coração por querer confortá-la, mas então eu não podia, pois a primeira pessoa que meus olhos cegos queriam ver era eu mesma.
Mal percebia as coisas ao meu redor, tudo estava muito escuro, mas escutei um bater de panela dentro da casa ao qual nos dirigíamos. Levantei os olhos apenas o suficiente para perceber que era uma casa pequena, o único ponto iluminado em um mar de breu. Pena que estivesse tudo tão escuro, eu queria ver mais coisas.
Quando entramos busquei os sons, mas a casa estava silenciosa, nem parecia que há poucos minutos alguém dava sinal de vida, quem quer que fosse sumiu assim que entramos, ou podia ter sido minha imaginação.
Quando Celeste segurou minha mão eu soube que era o momento da despedida.
— Celi, aqui eu deixo você, prometo que estará em boas mãos. Se sentir medo, por favor, lembre que eu não deixaria você em perigo, porém se preferir ficar no quarto, fique até que encontre coragem para sair. Ninguém vai te obrigar a sair, mas se sentir vontade de fazê-lo não hesite, não permita que o medo a tranque, você já foi prisioneira de papai, depois da mamãe, não pode ser prisioneira de si mesma.
Sem dizer mais nada ela me levou até o quarto, me ajudou a deitar e saiu fechando a porta suavemente.
Quando percebi que realmente estava só, comecei a chorar, era necessário. Estou em trabalho de parto agora. Depois dessa noite a escrava Celina estará morta, eu preciso disso, é meu momento, amanhã irei ver o que nasceu.
Seja o que for que nasça, é alguém livre, finalmente.
Uau, curtinho viu gente, mas eu não quis encher linguiça colocando coisas desnecessárias, espero que tenham gostado.
Viu, eu quero agradecer aos novos leitores do Tratado, essa semana foi um loucura de votos no livro parte 1 aqui, acho incrível que um livro postado há tanto tempo e sem propaganda ( porque sou tímida demais para propagar meu trabalho, tenho medo do flop) continue a receber novos leitores, então como não sou eu fazendo propaganda, creio que são vocês meus lindos e amados leitores, muito obrigada viu, de todo coração eu agradeço.
Ah, para quem quiser ler o livro 1 da trilogia Sanoar, ele está de graça na Amazon, acho que até as duas da manhã vocês conseguem baixar, corram lá gente. Sanoar é minha trilogia com final mais bombástico hahaha
E uma das poucas histórias minha onde há taaantos casais fofíneos, quentinhos, safadinhos e inocentizinhos hsauhsuahsua, corram lá, quem sabe ainda curtam essa trilogia e possam indicar aos amigos.
Obs: Por favor mamães, Sanoar é proibido para menores, pelo menos os abaixo de 16, então se tenciona baixar para ler aos seus filhotes não o façam, porque apesar do título Crianças Herdeiras, não é um livro infanto- juvenil, tá bom?
Beijos gente, até semana que vem :*
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Tratado dos Párias - Supremo Alfa.
FantasyCelina estava lutando para se encontrar. Após anos fechada em seu próprio mundo e dependente da droga que sua mãe lhe dava, ela estava determinada a recuperar os anos que perdeu, porém suas cicatrizes não lhe permitia ter esperanças no amor. Mas o...