Ritual

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Jena

Eu não podia me aproximar mais dele, minha mente sabia, meus costumes me gritavam e as tradições me cobravam, porém meu sentido de honra lupina se esmigalhava a cada passo que eu dava em sua direção.

Dimitri continuava parado, me sondando com seus olhos cintilando de expectativa. Atrás dele o espelho, o tão cruel objeto que guardava sua metade o deixando incompleto.

Os utensílios mágicos que seriam usados estavam dispostos na mesa.

Eu... A Alfa que tanto tinha lutado com sua loba para manter suas convicções agora estava dando passos e mais passos.

A respiração de Dimitri adensava, sua narina dilatada mostrava que ele sentia o cheiro de minha excitação.

E eu não facilitava pois a cada passo que eu me aproximava eu me excitava mais.

Seu cheiro... minha loba ganiu de ansiedade e mentalmente acariciei os pelos dela, precisava acalmá-la ou ela tentaria lutar comigo para sair. Domínio, posse, tradições. Tudo ficou atrás daquela porta.

Muitos acreditam que somente os homens da matilha tinham esse sentimento de proteção com a companheira.

Mas as lobas tem isso em maior proporção. O ciúme é maior, e as lobas são territoriais ao extremo, poucos sabem porque poucos se importam com isso, menos nas matilhas de Laican, lá as lobas treinadas por mim têm isso e os homens de Laican respeitam essa selvageria de suas companheiras.

Quando chego bem perto não resisto e puxo o ar com força.

Dimitri não se move, não se arrisca porque tem receio que eu desista, e isso me faz amá-lo ainda mais, pois mesmo receoso não está usando seu dom.

Esse morcego cretino e delicioso que eu tanto quis estraçalhar com minhas garras, tinha usado o dom da sedução em mim em várias ocasiões, mas agora, na hora da coisa séria ele apenas me encara, me espera pacientemente sem tirar os olhos de mim.

A verdade é que ele mais esperto do que eu tinha pensado, ele sabe que uma vez dominada pela luxúria nada me fará parar.

Estou inebriada pelo seu cheiro, ele sente que minha loba o fareja e uiva para a lua, ele é meu domínio, minha presa...meu.

Talvez ele tenha visto em meu olhar o sentimento de posse porque ele me estende a mão.

— Venha loba, sou seu e de mais ninguém, liberte seu companheiro, me faça inteiro para que eu possa lutar com você. Para que eu possa dominá-la e fazê-la minha como manda a sua tradição.

Com rosnados que não consigo controlar me aproximo ainda mais e ele continua a falar.

— Eu prometi a troca, me faça completo hoje com o ritual de alma e não descansarei até conquistar o direito de montá-la e completar o ritual de corpo ao seu modo e não do meu.

Sei que para ele era difícil usar esse termo, na visão dos sombrios era como se fosse algum tipo de falta de respeito com quem deve amar e proteger, respeitar o livre arbítrio, mas ele está respeitando meu livre arbítrio me dando o que tanto almejo, e somente de ouvi-lo falar me enlouquece ainda mais, pois ele parece um lobo, meu lobo, meu morcego.

Não há palavras, não falo nada, pois nesse momento estou sintonizada com a loba. É o momento tão dela quanto meu. Somos duas amando e libertando nosso companheiro.

Estou em dois mundos, por isso não falo, somente sinto, compartilho o momento com ela. E ele é amado por dois mundos, duas almas. Minha loba esperou e sofreu comigo, por isso ela está ativa e ele sabe disso.

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⏰ Última atualização: Feb 07, 2023 ⏰

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