Capítulo 4

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No caminho para o dormitório Jordan fala algumas coisas sobre a gravadora, enquanto fala recebo uma ligação da Thais, peço desculpas e atendo.
- Oi amiga – ele me olha confuso ao escutar meu idioma materno – o que houve?
- Você não vai acreditar o que o Nando tá fazendo.
- Ele não é mais da minha conta, mas espera, quando chegar no dormitório te ligo.
- E você estava aonde Sarah?
- Depois te conto. Tchau, beijo.
Depois de desligar Jordan olha pra mim impressionado, ele ficou pasmo ao ver quão difícil é o português. Tentei ensinar o básico para ele, mas só consegui me acabar em risadas.
Chegando no meu quarto falei com Alli, troquei de roupa, tirei a maquiagem e então liguei para minha amiga. Não estava nem um pouco afim de ouvir histórias envolvendo o Fernando.
- Vai me contar onde você passou a noite? – Ela me pergunta com um tom de acusação.
- Fui jantar com uns caras da gravadora.
Um gritinho agudo sai do meu celular, até Alli olha para mim e sorrio para ela meio sem graça.
- Não acredito que finalmente você tá se dando a chance de conhecer pessoas novas. O que essa cidade fez contigo? Só sei que amei.
- Não precisa exagerar.
- Eles são gatinhos? Quais os nomes deles?
Assim que disser quem eram ela vai dar outro grito, então para me prevenir digo para ela não gritar.
- Jordan e Josh Dun.
Do outro lado da linha ela sufoca o grito com um travesseiro. Após se recompor do surto me pede para contar nos mínimos detalhes os acontecimentos da noite. Enquanto vou contando ela fica mais eufórica, afinal ela ama aqueles caras, até sabia de várias coisas sobre o Jordan e as irmãs de Josh.
Já é quase dez horas quando me dou conta do horário, preciso ligar para vovó Emília. Hoje ela foi na minha casa jantar, bem, na minha antiga casa. Falo que preciso desligar, mas antes de fazer isso minha amiga me faz prometer que irei fazer novas amizades, mas nada de esquecer dela.
Pego meu notebook e assim que ligo recebo uma chamada de vídeo pelo Skype. Estão todos na cozinha, vovó chora e me pede para voltar, Babi abraça ela, Fatima e papai perguntam do meu dia. Só consigo sorrir ao ver aquela bagunça do outro lado da tela.
- O dia foi ótimo pai.
- Sei bem dona Sarah – diz Babi, o que faz meu pai me questionar.
“Valeu Bárbara”
- Nada pai. Só que eu saí pra jantar com uns caras que conheci na gravadora.
Os olhos dele só faltam sair da orbita.
- Você ficou louca Sarah Josefine Uchôa! Saindo com desconhecidos. Eles podiam ter matado você ou outra coisa terrível.
- Pai...
- Me prometa que não vai sair mais com estranhos
Enquanto isso Babi se acaba de rir, depois de acabar a crise de risos ela explica o que aconteceu, já que meu pai não deixou que eu me justificasse. Ele olha para mim e pergunta se é verdade, para comprovar mostro um print da chamada de vídeo que fiz com eles e minha irmã, ainda assim ele fica irritado e diz que tenho que dormir. Depois de se recompor vovó fala comigo e pede para ligar amanhã à tarde para ela.
Hoje é meu primeiro dia de aula, ando pelo campus com um papel dos meus horários e um mapa de lá. Aqui é muito maior do que minha antiga universidade.
Minha primeira aula é harmonia e contraponto I. Tem umas cinco pessoas quando chego na sala. Me sento num lugar mais afastado, mas isso não impede uma garota de vir falar comigo.
- Oi eu sou a Victoria.
- Oi.
- Eu sou namorada da sua colega de quarto.
Na hora meu queixo cai. Ali não tinha me falado dela, como se tivesse lendo meus pensamentos a menina diz:
- Ela não deve ter falado de mim por causa do incidente com a antiga colega de quarto. A menina espalhou pelo dormitório que a Alli tinha feito algo com ela, mas ninguém sabia que ela era lésbica e tinha uma namorada.
- Entendo. Espero conseguir a confiança dela.
A aula começa e a garota continua do meu lado. Ainda não entendo muito bem o que aconteceu, mas assim que elas se sentirem à vontade vou perguntar mais sobre os acontecimentos.
Allison está na porta quando saímos, com certeza estava esperando a namorada sair da aula. Mesmo meio desconfortável ela me chama para ir no refeitório com elas. Chegando lá vamos para uma mesa com pessoas de variados grupos, tem atletas, nerds, e algumas garotas punk. Não me sinto tão deslocada como achei que me sentiria.
Depois de terminar de comer vou ao dormitório pegar meu notebook para usar nas próximas aulas. Todos os professores de hoje foram incríveis, especialmente o senhor Andrews, mesmo sendo jovem ele foi um dos melhores.
Meu estágio começa em uma semana, mas tenho que ir até a gravadora para meu treinamento. Envio mensagem para o Jordan, perguntado que vai cuidar do meu treinamento, ele diz que pediu para ele mesmo cuidar disso e estava esperando a resposta.
Jordan: você quer uma carona?
Eu: acho melhor ir de metrô, meu pai mandou ficar longe de estranhos  ( ;
Jordan: uma menina como você deve mesmo tomar cuidado com estranhos.
Eu: como assim uma menina como eu?
Jordan: linda.
Jordan: vai mesmo de metrô?
Eu: preciso conhecer a cidade.
Bloqueio a tela do celular e vou para minha fantástica aventura no metrô de Nova Iorque. Dessa vez consegui me virar, antes de ir para gravadora entro em uma livraria, faz tanto tempo que não leio nada, então decido comprar um da Collen Hoover. Em seguida vou direto para gravadora e lá está Jordan olhando para seu relógio.
- Como você sempre consegue chegar no horário?
- É um dom.
- Em outra vida você deve ter sido uma britânica.
Ele me indica o elevador e partimos para o setor em que vou trabalhar. Todos se vestem de maneiras divertidas, tem uma garota com o cabelo parecido com o da vocalista do paramore.
Entramos numa sala que tem apenas um cara escrevendo coisas em um caderno e que está com um fone. Somos apresentados, aparentemente ele é um dos compositores e estava anotando algumas ideias de músicas para os artistas com quem trabalha. Conheço o produtor com quem irei passar grande parte do meu tempo, ele parece ser bem antipático, as não quero jugar um livro pela capa. Ao ir falar com ele somos dispensados.
- Desculpa. Não é nada pessoal ele é assim com a maioria das pessoas.
- Quem é ele?
- O nome dele é Frederic Tompson. Tem 40 anos, divorciado e tem três filhos, mas infelizmente perdeu a filha em um acidente de carro.
- Que horrível. Sinto muito por ele.
Saindo da gravadora Jordan corre atrás de mim e diz que tá tarde e que seria mais seguro ir com ele do que de metrô. Aceito, afinal ele não é nenhum desconhecido.
Ao estacionar na entrada dormitório ele está prestes a falar algo, mas acaba só dizendo boa noite.
Quando abro a porta do quarto lá está Alli aos beijos com Victoria, que não se assusta tanto quanto a namorada, que veste apressadamente a camisa que estava jogada no pé da cama. Pergunto se não querem que eu saia, elas pedem alguns minutos, então fico passeando pelos corredores e escuto alguns gemidos vindos do meu quarto, me afasto mais para dar mais privacidade.
Enquanto estou do lado de fora do dormitório vejo o carro do Jordan ainda estacionado ali. Ele desce e vem na minha direção. E começa a falar:
- Eu sei que é loucura. Te conheço a menos de uma semana, mas queria conhecer melhor – ele para respira fundo então continua – então queria te chamar para jantar.
- Claro.
Ele me olha surpreso e sorri de orelha a orelha.
-Pode ser quinta.
- Vai depender de que horas o meu treinador vai me liberar.
Ele ri e reponde.
- Eu posso esperar o tempo que for preciso.
Pergunto quem vai para o jantar e o sorriso deixa seus lábios. Ele diz que vai confirmar e depois me manda mensagem.
Volto para meu quarto e elas estão lá na porta se despedindo. Victoria me dá tchau, enquanto ali olha cabisbaixa para o chão. Ao entrar ela senta na cama e me encara, pede para me sentar na cama. Acho que é a hora dela me explicar o que houve com a sua antiga colega de quarto e o motivo de todos do dormitório olharem estranho quando estamos juntas. Espero ter respostas para todas as minhas perguntas.   

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