A música tocava alto embora nenhum vizinho reclamasse. O preço que se paga por ter uma fraternidade na rua é que os compradores em potencial ficam menos interessados na propriedade, fazendo com que a casa da DKY seja uma das únicas três casas habitadas naquela rua. O jardim da frente, apresentava-se infestado de jovens que conversavam alto, riam de modo histérico segurando seus copos de bebida no que era só mais um dia na vida daquelas pessoas, exaustas e irritadas, que aproveitavam a única hora de folga do dia depois de ter o cérebro fritado por cinco horas seguidas numa sala de aula e uma condenação de horas extras à biblioteca. Claire se via no meio daquela baderna, sozinha e sem entender os motivos de tantos sorrisos e conversas fiadas que se estendiam entre arrotos e beijoqueiros de plantão, querendo lugares mais reservados para a pegação. Bufava de braços cruzados na varanda da frente, volta e meia levando um empurrão de ombro "Sem querer" daquele povo que passava às pressas de um lado para o outro, subindo e descendo os degraus da varanda como se fosse um esporte. Sentia que seus dias de glória como Diaba haviam acabado. Nem mesmo a saia curta, o salto e o decote atraíam olhares. Claire era só uma irritadinha parada na frente da casa atrapalhando a passagem de quem tentava se divertir, isso, olhando de fora. Seu olhar ia além daquele jardim deplorável de pervertidos, procurando por Edward que, para variar, estava atrasado. Embora sua visão fosse constantemente bloqueada por bêbados escandalosos que passavam na frente a todo segundo, ela fazia de tudo para procurar o amigo, esticando o pescoço, na esperança de vê-lo se aproximar ou aparecer milagrosamente. A merda da ideia da festa foi dele, mas o aviso, é claro, veio dela. Claire Ripley não leva desaforo para casa e muito menos aceita estar errada. Talvez, sua previsão de um possível massacre na DKY durante a festinha havia saído pela culatra. E isso a aborrecia profundamente. Poderia estar deitada descansando, mas não, estava ali feito uma besta quase implorando para que alguém fosse esfaqueado, assim, ao menos teria credibilidade. Para os menos acostumados, este tipo de linha de pensamento assusta. Mas Ripley, está é pouco se lixando. Apertando os braços com raiva, reclamou sozinha:
- Edward... Cadê você, caralho?... -O procurou observando tudo à sua volta, para o final da rua, para o céu.. Qualquer direção possível e impossível que fizesse o amigo aparecer do nada em sua frente. Não aguentava esperar. E para uma garota sem paciência como sempre foi, trinta segundos de atraso já merecem um tapa de presente. Não se sentia mais sexy. Bateu os pés de leve no piso da varanda por conta da ansiedade, percebendo o quanto seus tornozelos doíam com aquele salto.
Ajeitando a jaqueta, com o rosto confiante e um sorriso babaca de quem se sentia andando por um tapete vermelho, Daniel seguia seu caminho até a porta da casa, passando pelo jardim feito o "Todo poderoso", convencido de que olhares intermináveis de garotas se lançavam contra ele. Coitado, se ao menos soubesse que ninguém percebia sua existência... Claire, a poucos metros, reconheceu o imbecil que ainda não havia se tocado que era só mais um na multidão, arregalando de leve os olhos, revirando-os logo em seguida em expressão de "Meu pai, lá vem..". Abaixou a cabeça tentando não ser notada e em uma decisão drástica, virou-se de costas, ficando de frente à porta.
- Claire!
- Merda... -Sussurrou a si mesma. Porém, continuou parada fingindo que não era com ela. "Ele não me viu, não sou eu aqui".
- Claire! -A mão lhe tocou o ombro.
- Puta que pariu... -Tornou-se a ele exibindo um falso sorriso que não durou, logo, sendo substituído por sua cara de tédio de antes. - Oi, Dan.
- E aí?! Não sabia que você ia vir! -Abriu os braços celebrando o encontro e Claire, por outro lado queria tudo, menos ser notada conversando com ele. Não é porque ele é um amigo de Edward que ela também tenha que aturar o garoto, mas, em contrapartida, ele é até divertido.. Ás vezes... Pensando bem.. Raramente.
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Scream - Survival 2
HorrorO pesadelo não acabou em Ashville. Assim como era de se esperar, uma nova onda de terror surge pelas cidadezinhas ao redor do País e do mundo, que hoje são assombradas por psicopatas imitadores e seguidores daquele que ficou conhecido como "O Fantas...