Dance With The Devil (Part 2)

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A estrada seguia numa reta de aparência sem fim à frente deles. Cercada pela paisagem natural de ambos os lados, exibindo o horizonte verde que se estendia feito um gramado interminável contendo as ondulações de distantes montanhas ao fundo. Tendo como única lembrança da civilização no cenário, cercas tortas de arame farpado dos dois lados da estrada, logo após o acostamento de cada faixa. O céu alaranjado ainda brilhava com o pôr-do-sol, embora nuvens negras já se mostrassem espalhadas em fragmentos, prontas para cobrir a luz do dia a qualquer momento.

O Crossfox vermelho seguia a 120km deslizando pelo asfalto negro. As faixas amarelas que dividiam os lados da pista, pareciam se estender a cada vez que davam a impressão de passarem por baixo das rodas esquerdas do carro, ficando para trás como vultos.

O passageiro, Tim, apertava em ansiedade o cinto de segurança na transversal de seu peito sendo tomado por uma preocupação visível, com olhares esperançosos ao horizonte, e medo à vista de trás. Vista essa que compartilhava com Paul que, ao volante, carregava uma tensão ultrajante.

Suas mãos suadas e escorregadias de nervoso tentavam se manter firmes na direção, abrindo e fechando os dedos de hora em hora para garantir firmeza em seu toque escorregadio no volante. A testa chegava a brilhar de suor frio em sua investida estática e paralisada no banco. A mórbida curiosidade e vontade de ter certeza sobre o passar da fuga, o faziam espiar a vista que o retrovisor tinha a oferecer a cada cinco segundos, alternando o olhar que mudava freneticamente de direção, ia e vinha se dividindo entre o retrovisor e a estrada, repetindo o ato inúmeras vezes. A cada vez que o fazia, a Picape preta que o perseguia parecia estar mais perto.

O vidro traseiro, como uma tela de cinema exibia a cena que disparou o coração do casal. O para-choque preto e torcido da Picape de Edward se manifestava passando a encobrir toda a vista traseira do veículo, crescendo... Parecendo tomar maior magnitude ao se aproximar em alta velocidade, tornando o ronco de seu motor mais forte do que nunca aos ouvidos da dupla.

- Nem vem... -Resmungou o Jornalista, em tensa expectativa preparando-se para o pior.

Até que o inevitável surgiu: Um forte impacto traseiro ao som da lataria amassando, impulsionando os corpos de Paul e Tim para frente, mas subitamente contidos pelos cintos de segurança. Cabeças chacoalharam, torsos foram arremessados para frente, voltando a recostar-se sobre os bancos de forma bruta, forçada e trêmula. Mas o ataque quase serviu para catapultá-los, sendo que Paul aproveitou a "Empurrada" e o susto para firmar ainda mais o pé no acelerador, aumentando a velocidade e se distanciando novamente do ameaçador para-choque preto, exibindo a ele sua traseira retorcida com a placa pendurada, prestes a cair. A vibração forte ainda assolava os bancos e o painel do carro, no que via o ponteiro do cilindro subir com o ronco cada vez mais intenso do motor, passando de 120km.... 125km... 130km...

Dois monstros de lata seguiam furiosos pela estrada de campo.

Na Picape, Edward e Claire mantinham-se concentrados na vista à frente, falavam um com o outro sem ao menos trocarem olhares, firmando a atenção no carro vermelho que agora se afastava.

- Ed, não deixa eles escaparem.

- Não vou. -Afirmou levantando o queixo, encarando o horizonte. Após parecer ter confirmado o que procurava, proferiu: - Pronta?

- Nasci prematura.

Leves e ágeis, eram as mãos de Graim sobre o volante girando-o para a esquerda. O carro deslizou na tal direção sem nenhuma derrapada ou movimento brusco, tomando a contra-mão da pista. Acelerando um pouco mais, Edward tremeu sobre a direção em ansiedade e medo, ao perceber a absurda velocidade em que a dupla fugia e que teria de acompanhá-los. O ponteiro lhe apontava os 130km, e ficou nítido o modo como encarava sua mão direita ainda enfaixada agarrando o volante como podia, querendo se distanciar de pensamentos negativos ou temerosos do que poderia acontecer com ele ou Claire na estrada. Coisas que iriam além de uma mão machucada.

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