Death Hangover

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Foi com o dia nublado que a faculdade Pendleton amanheceu. O medo podia ser sentido no ar desde que naquele dia, não se falaria de outra coisa a não ser o ataque na Zeta Beta. O pátio princial da Universidade estava lotado de estudantes que pareciam perdidos, se movendo para todas as direções contando o que havia acontecido e ouvindo novos detalhes de outras más línguas. Quanto tempo demoraria para que algumas mentiras, exageros ou "Lendas Urbanas" fossem inventadas por causa do ocorrido? É difícil dizer, mas em algumas conversas, já rolava o papo de como todas as garotas foram estupradas, ou em como Catherine deu uma surra no suposto assassino fazendo-o fugir. E em país de boato, testemunha é suspeito. Edward Graim era oficialmente sinônimo de olhares tortos e suspeitas sem fundamento. Era absurdo o número de rodinhas que estavam espalhadas encostadas nas árvores ou ainda os círculos de jovens sentados no gramado. Não importava o peso nas mochilas, todos tinham que atravessar aquele pátio para contar correndo o ocorrido para aqueles que ainda não sabiam, e especular as possibilidades com quem já tinha ouvido a história de pelo menos três pessoas diferentes na última meia hora.

Tim, o namorado às escondidas de Paul, junto com Minnie, não eram uma exceção nesta manhã. Mas nem pararam um segundo para pensar nas aulas de hoje, tudo o que rondava suas mentes era o acontecido. Timothy, magrinho e de aparência inocente, escondia um embrulho no estômago só de pensar no que ocorreu noite passada. Não que ele odiasse Clarice, mas saber que quando ouviu a notícia do ataque na fraternidade, a primeira coisa que pensou é que talvez ela estivesse morta e que ele estaria livre de sua onda de ciúmes, o assustou um pouco. "Sério que cheguei a esse ponto?". Tentava manter o pensamento longe de si, não queria se ver ou que os outros o vissem como uma má pessoa por ter pensado nesse tipo de coisa. Mas como um martelo teimoso, um pensamento talvez ainda pior se destacava. Com todo o reboliço, Paul talvez passasse a dar mais atenção para Clarice e quem sabe, ele teria de tratá-la melhor do que nunca por ela ter passado por tanto horror. Isso o incomodava mais que qualquer coisa neste dia. Sua caminhada com Minnie era repleta de desvios de estudantes que esbarravam nos dois sem pedir licença. Por vezes, conversavam afastando-se um do outro quando um estudante passava no meio deles, voltando a se aproximarem após o inconveniente. Não adiantava revirar os olhos, o pátio estava mais lotado que de costume e desviar de todos os que vinham na direção contrária, seria lei. Mas Minnie, não desanimava na conversa:

- Então, agora tá todo mundo pensando que foi o Edward, tadinho.

- Edward? -Perguntou, ainda não ligando o nome à pessoa.

- É... Edward Graim!

- Quem é esse?

- Meu Deus, garoto, você passou a vida toda embaixo de uma pedra?

- Vou pra guilhotina por não saber quem é ele?

- Deixa, longa história.

- Mas por que estão desconfiando dele?

- Porque esse povo é idiota. Coitado. O menino já passou por tanta coisa.

- Tipo?

- Tipo o que aconteceu ontem. O irmão dele foi assassinado a uns tempo atrás, depois te conto essa história.

- Credo!

- Foi o maior bafafá, deu em todos os jornais.

- Falando nisso, não vi nenhuma notícia na TV sobre o que aconteceu ontem... Nem sobre o que aconteceu ante-ontem.

- Eu também não. Isso é muito estranho.

- Minnie, eu estava pensando nisso. Você conhece aquele menino doido?

- Seja mais específico. "Doido" aqui é o que não falta.

- O Kenny. Que parece ter fugido de algum porão de um estúdio de tatuagem.

Scream - Survival 2Onde histórias criam vida. Descubra agora