Call Me Devil

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O dia seguinte chegou nublado. Trevas cobriam o céu sobre Pendleton College preparando a atmosfera perfeita para o final de um longo filme de terror. Embora desta vez, os personagens estavam se preparando para contra-atacar.

Caminhando pelo amplo pátio principal sob o céu cinza, com os sapatos de salto cantando no caminho de asfalto que contornava o imenso gramado rodeado por árvores, Claire vinha confiante e aflita. Mistura tenebrosa de sentimentos.

A Diaba, se olhasse de longe, parecia um vulto que emanava luz própria passando ao fundo, desaparecendo atrás de cada árvore conforme prosseguia. O sobretudo beje, aberto, balançava ao vento. Uma conjunção de executiva brava ao telefone e modelo desfilando. Tudo em meio ao caos de Pendleton com estudantes passando pra lá e pra cá num trânsito de almas desesperadas gritando umas com as outras, enquanto tinham que desviar da pomposa que vinha na direção contrária. De malas cheias e mochilas pesadas, nenhum aluno que prezasse a própria vida ficaria mais um dia na faculdade.

Uma coisa é certa, hoje Pendleton ficaria vazia. As portas dos prédios dos dormitórios se transformaram em cruzamentos perigosos de tráfego descontrolado, malas ficando presas entre as pernas de desconhecidos amontoados nas entradas, alguns tentando sair, e outros voltar lá pra dentro por terem esquecido de alguma coisa. E por fora, da parte de quem já saiu, uma correria.

Até queria rir um pouco do escândalo generalizado, mas tinha assuntos pendentes demais pra rir da desgraça de meros figurantes que nem ganham descrição de personalidade no roteiro. Ao telefone, prosseguia:

- Fala pra ele que é pra deixar só o nosso grupo no aplicativo! Eu não vou aceitar menos do que isso, está me ouvindo?! -Séria, quando a voz na linha, Edward, respondeu:

- Pode deixar. Não se preocupe, vai tudo sair como planejado. O "Spread" logo, logo vai desaparecer do celular de todo mundo. Só vai ficar a galera mesmo.

- Perfeito. Diz pro Paul... quer saber? Eu falo com ele, ele que criou essa merda.

- Ok.

- Mas é melhor do que ficar mandando mensagem. Numa hora crítica, se alguém precisar se esconder ou algo assim, vai perder muito tempo mandando mensagem e até lá já pode estar morto. O "Spread" é bom pra isso porque dá pra falar nele e todo mundo que você selecionar pode ouvir. Ninguém vai mandar mensagens individuais, quem estiver em apuros, vai mandar a mensagem no Spread e todos nós vamos ver.

- Inclusive o assassino.

- Isso se o assassino for mesmo um deles, Ed.

- Eu não sei. Pra mim tudo é possível.

- Tudo é possível, menos a Kirstin. Sei...

- Esquece ela, Claire.

- Eu vou falar com o Paul agora, até mais.

- Até.

Desligou sem parar a caminhada, ainda segurando o celular, clicando aqui e ali até finalmente retorná-lo ao ouvido:

- Atende.. -Resmungou, impaciente.

- Alô! -Respondeu Paul, eufórico.

- Fala, viado.

- E aí, que manda?

- Já fez?

- Eu vou ter que pedir calma agora.

Scream - Survival 2Onde histórias criam vida. Descubra agora