The Swan Dive

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Antes concentrada e ansiosa, a multidão de alunos no pátio começou a mostrar desânimo quanto a espera do tal discurso, dissipando-se discretamente deixando grandes círculos de espaços na multidão onde antes eram ocupados por ombros e mochilas amontoados.

Conversavam em rodinhas, caminhando, rindo e por um momento fazendo até parecer que não houve assassinato algum. Esse é o espírito jovem, capaz de concentrar sua energia no próprio umbigo e criar risadas até quando céu está despejando merdas sobre suas cabeças.

Um clima de despreocupação se alastrava, onde muitos, perdidos em suas conversas fúteis e ordinárias, podiam até se esquecer do motivo de estarem reunidos ali. Logo, viraria "Festa" como diz a linguagem comum.

Com uma porção de desocupados já tendo saído de sua frente, Claire se deparava com um até amplo espaço vazio diante de si, formando quase um círculo perfeito onde pela primeira vez conseguia ver o gramado verde vivo dali, que antes era escondido por um monte de tênis de alheios. Na lenta dispersão, notou Reese logo ali em frente, uniformizada como de costume e parada na outra ponta do espaço vazio, sem demonstrar tê-la notado. Ela falava ao rádio, provavelmente com algum outro segurança. Podia ver sua boca se mexendo enquanto segurava o Walkie-Talkie bem próximo da boca, mas não podia ouvir ou entender o que ela dizia. Só que não era nisso que sua atenção estava focada, e sim no que a moça carregava na cintura: O coldre de couro do qual portava o revólver. Os olhos da Diaba cresceram sobre o objeto, se iluminando como quando uma garota encontra o sapato dos desejos numa vitrine. E de novo, cutucou Edward:

- Olha!

- Que foi? -Olhou para os lados atento, reagindo ao toque.

- Olha lá, a Reese...

Tão distraída, ou talvez concentrada cuidando da própria vida e de seu serviço, a segurança agora de costas ao trio se punha a observar o restante da multidão em sua frente, levantando-se na ponta dos pés hora ou outra analisando bem os estudantes, estando em alerta no mínimo, continuando a falar no rádio.

- Coitada, Claire. Deixa ela fazer o trabalho dela.

- Não é isso, idiota. Você não está vendo o que eu vejo?

- Acho que não, sinto muito.

- Tá, sendo assim, vai ter que confiar em mim.

- Vesh...

- Cala a boca! E faça o que fizer, não tire os olhos da Reese. Se ela se mexer, a gente se mexe junto.

- Que foi, gente? -Perguntou Kirstin, esticando o pescoço na conversa, alheia.

- Nada, não. -Cortou Claire.

Ed não protestou, manteve-se calado firmando os olhos em Reese, até ser repreendido:

- Não encara assim, amigo! Ela vai perceber. Sejamos discretos, pelo amor de Deus? Assim... -Olhou com atenção aos movimentos da segurança, aguardando por uma ação.

Eis que a mesma passou a andar para a direita, em passos lentos e metódicos inspecionando os estudantes a sua volta, encarando o que tinham nas mãos ou sobre o que conversavam, sem de fato tocá-los ou interagir com eles de alguma forma, fingindo ser um fantasma no tumulto, discreta.

- Olha lá... -Claire o cutucou novamente, desta vez puxando-lhe a blusa forçando-o a acompanhá-la, dando passos rápidos para a direita imitando a direção de Reese como um radar. Ed se prontificou fazendo o mesmo que a amiga, levando Kirstin desentendida consigo pelo braço.

- O que está acontecendo?.. -Questionou a menina mais uma vez, fazendo careta ao se ver obrigada a seguir o que a dupla fazia sem saber o que se passava.

Scream - Survival 2Onde histórias criam vida. Descubra agora