My Unexpected Host - Min Yoongi

Dias Ruins

Acordo e fico olhando o teto.

- Oi. - falo para mim mesma reconhecendo a sensação.

A cama parece colar meu corpo sobre si e pareço não ter forças para mover um músculo sequer.

Mais um dia para meus dias ruins.

Muita gente diz que um dia ruim é aquele em que as coisas não dão certo. Que você sai atrasado, o ônibus quebra, começa a chover e você não está com guarda chuva... Para mim, esses são os dias de inconveniência.

Para mim, os dias ruins são quando eu acordo implorando para o sono voltar. Tendo vontade de chorar, mas incapaz de deixar lágrimas saírem. Os dias em que você implora pelo abraço de alguém mas quer ficar completamente sozinho.

Um dia em que você não quer fazer absolutamente nada e a cama parece ter amarras. Um dia em que a única coisa que você é capaz de sentir é a vontade de morrer.

Começo a pensar nos possíveis problemas que Yoongi tem com sua família. Ele deve sofrer muito por estar tão longe deles... Mas nos dias ruins eu não consigo me importar com isso.

Nos dias ruins eu tento lutar contra mim mesma e forçar-me a me importar com os problemas dos outros, choro por tais problemas e pelos sofrimentos alheios.

Contudo, isso parece tão distante, tão fútil, tão insignificante... Assim como minha existência.

Os meus dias ruins são quando acordo e vejo que aquilo que dormi pensando amar não parece ter qualquer importância, parece ser ignoto¹ a mim mesma.

E então chega a única vontade possível. O desespero de falar o que sinto, excruciante². Mas as palavras fogem da garganta e confundem a mente, embaralhando pensamentos torturantes.

Viro de lado e fecho os olhos com mais força. Se pudesse passaria meus dias trancada nesse quarto. Talvez essa angústia consiga devorar-me de dentro para fora em algum momento.

- S/N? - ouço a voz de Suga atrás da porta.

Fico sem responder desejando apenas que ele vá embora.

Nos meus dias ruins prefiro não entrar em contato com as pessoas. Porque a dor é tão insuportável que fico irritada... E acabo tratando mal aqueles que amo. E eles não conseguem perceber minha angústia e aflição.

Eram sempre dias assim que resultavam no castigo de não ver minha mãe.

Filha, seja uma boa menina.

Eu não quero! Foda-se você! Você não é meu pai!! - gritava e me trancava para chorar.

Algumas dessas explosões de raiva resultaram em marcas roxas e corpo dolorido.

Mas nos meus dias ruins eu imploro pela dor física. A dor física silencia os pensamentos e só ela é capaz de me motivar a fazer algo.

Minha única motivação nos dias ruins é provocar a dor física em mim mesma. É o ódio por mim mesma tomando forma física.

Foram os dias ruins que resultaram em uma cicatriz muito perceptível, mas que poucas pessoas vêem e em algumas outras tão claras e tão fracas que ninguém além de mim é capaz de reconhecê-las.

O que é isso? - papai pergunta olhando meu braço.

Me cortei lavando a louça. - minto sem o encarar - Quebrei um copo sem querer.

Ser estabanada ajuda nas mentiras.

Nos dias ruins os pensamentos sobre a morte eram tão intensos que as tarefas eram arrastadas por períodos mais longos que o necessário. Que o esforço era feito com maior intensidade para gerar mais cansaço.