Capítulo XXII

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    –O que aconteceu para você virar cachorrinho do Sasori, Uchiha?

    –Não fale como se me conhecesse.

    –Eu sei o suficiente de você pra saber que faria de tudo para proteger sua família, e não é o que está fazendo, Ita-kun. – provoquei usando o apelido no qual Sasuke me contou que o chamava. Ele trincou os dentes, sua raiva era espessa, eu quase podia tocá-la no ar.

    –Você é que está o colocando em perigo, você o coloca na linha de fogo, meu irmão pode morre se continuar perto de você.

    –E será você que irá matá-lo. O sangue dele estará inteiramente nas suas mãos, Itachi. Tudo que eu faço é protegê-lo, não somos diferentes. Eu só quero garantir a segurança dos meus para que Sasori não faça como fez com meu pai. Mas você está colocando todos em risco estando do lado errado.

    –Você fala demais. – ele se movia muito rápido, eu não seria párea para ele, se eu não conseguir convencê-lo, entrar na mente dele, eu vou morrer aqui. Em um flash ele me colocou contra a parede, me enforcando com o braço esquerdo e com a arma na minha cabeça segurada pela mão direita. Eu respirava com dificuldade.

    –O que você acha que seu irmão pensa de você, Itachi? Você era o herói dele, no que acha que ele acredita agora? Você sempre foi o espelho dele, o escudo, a fortaleza. E agora, Itachi? Ele tem medo de você. Medo do que você pode fazer. É isso que você quer? Que a família que tanto tenta proteger tenha medo de você? – sua força contra meu pescoço aumentou, mas eu pude sentir pela arma na minha cabeça que ele estava hesitante.

    O meu telefone de mesa tocava insistentemente, alternando com meu celular, e eu sabia que era Sasuke. Com certeza ele ainda não estava aqui, e não demoraria para Kakashi chegar, o que significa que tenho pouco tempo, e se continuar assim, terei pouco tempo de vida também.

    –Sabe Itachi, Sasuke sente sua falta. Mikoto mal consegue falar seu nome. Fugaku age como se seu filho estivesse morto, sabe como é o orgulho do seu pai, mas seus olhos transparecem tristeza. E Shisui... – o ar começou a me faltar. – ele ... Sente ... Muito. – e seus braços ficaram frouxos. Puxei o ar com necessidade, preciso continuar. – Ele voltou por você. Para você. Lembra como eram inseparáveis? Como irmãos? Todos te querem de volta, Itachi, você tem uma segunda chance. Não desperdice, por favor. Eu daria tudo para ter uma família novamente. – vi uma lágrima escorrer de seu olho. Eu estava aflita, Itachi estava sem expressão, ele poderia me matar agora, ou recuar.

    Meu telefone parou de tocar e a caixa postal começou a falar.

    –Sakura, você está bem? Por favor, se estiver ai, atende.

    –Sasuke... – murmurei com os olhos marejados, o medo me atingiu.

    –Eu estou chegando, e eu espero que esteja bem. Eu vou dar um jeito de te proteger, achei que estava segura na minha casa e na empresa, mas... Sakura, eu sinto muito que isso esteja acontecendo, eu não sei o que houve com meu irmão... Ele costumava ser forte mas muito justo, correto, eu queria ser como ele, e agora... Isso tudo parece um grande pesadelo. Só esteja viva, por favor.

    Itachi me encarava, ele parecia enxergar o fundo da minha alma. Ele sentiu meu medo. E as palavras trêmulas de Sasuke ao telefone pareceram o atingir também.

    Sem falar nada, ele apenas me golpeou na cabeça e tudo ficou preto. Eu apaguei.

~*~

    –Não deveríamos levá-la ao médico? – acordei ouvindo a voz de Sasuke.

    –Foi só um desmaio por conta da pancada. Ela está bem. – agora foi Kakashi quem falou.

    –Mas não pode dar algum tipo de problema, sei lá, ele pode ter batido muito forte. Eu concordo de levar ao médico. – Naruto falou rápido, nervoso, eu diria que em choque.

    –Garotos, essa mulher já passou por mais perrengue do que vocês imaginam. Uma pancada na cabeça para desacordá-la não é nem de longe o pior deles. Ela está bem. Deve estar acordando.

    Meus olhos estavam pesados, minha boca seca e meu corpo parecia estranho, mal conseguia me erguer. Com muito esforço abri os olhos e me deparei com Sasuke andando de um lado para o outro, Naruto me encarando e Kakashi olhando a janela. Ri involuntariamente e minha cabeça reclamou, acabei fazendo cara feia.

    –Ela acordou! – Naruto exclamou, fazendo Sasuke correr até mim e Kakashi me olhar de longe.

   –Você está bem?

   –Eu só tô com dor de cabeça.

   –O que aconteceu aqui? – Sasuke indagou sério.

   –Tem como me trazer um pouco de gelo e um copo de água primeiro?

    –Eu vou buscar. – Naruto levantou e saiu correndo.

    –Nunca mais faz isso de querer resolver tudo sozinha. Você podia ter morrido aqui, por que mandou Naruto sair?

    –Porque seriam dois cadáveres. – Kakashi deu uma risada seca e eu sorri de lado. Sasuke coçou a cabeça irritado.

    Ficamos quietos até Naruto voltar. Coloquei o gelo no local onde Itachi me deu uma coronhada com a arma e humideci os lábios.

    –Bem, quando saímos do elevador eu percebi que alguém tinha vindo aqui antes de mim, mas imaginei que fosse algum funcionário, talvez limpeza. Quando Sasuke me ligou e disse de Itachi eu entendi que ele estava ali, apenas esperando. Decidi tirar Naruto daqui, não era seguro para ele, e atrasaria Kakashi. Eu tinha um golpe de sorte, não sabia exatamente se daria certo, mas deu e é o que importa. Espero que ele volte.

    –Você está ficando maluca? – Sasuke estava muito bravo.

    –Eu acho que é a pancada na cabeça. – Naruto estava confuso.

    –Apenas confiem em mim. – foi o que conversamos com Shisui na festa dos Uchiha, se eu tivesse a oportunidade de conversar com Itachi, as chances de ele não querer mais me matar, ou pelo menos não trabalhar mais para Sasori poderiam ser grandes.

    –Eu não sei, Sakura. Eu cheguei aqui e encontrei você com o pescoço vermelho, marcado, a cabeça sangrando e desacordada. A questão não é confiar em você, o problema é o Itachi.

    –Eu estou viva, não estou? Ele veio aqui para me matar, e eu estou viva. Isso já deveria significar muito para você. Agora se não se importam, eu preciso ir para casa arrumar a mochilinha da Moegi e descansar um pouco, estou toda dolorida.

    A cara de desagrado de Sasuke era notória. Kakashi me ajudou a levantar, com muita dor eu fui dando um passo de cada vez, Naruto pegou minhas coisas no escritório e não vi se Sasuke nos acompanhou ou não.

    –Você está sonolenta, não está?

    –Um pouco. Mas eu sei que não posso dormir. Vou me manter acordada pensando.

    –Só não pensa demais que a cabeça não aguenta e explode de uma vez. – Naruto brincou enquanto o elevador abria.

    –Ha ha, hilário.

    Entramos e percebi que Sasuke não tinha vindo conosco. Suspirei e foquei em não apagar.

    Chegamos em poucos minutos a casa de Sasuke, arrumei a mochila da criança e entreguei para o loiro, que foi para sua casa levado por Kakashi. Quando entrei no quarto que eu estava dormindo me deparei com uma rosa vermelho sangue em cima da cama e um analgésico para dor com um bilhetinho colado, dizendo "Vamos fazer a coisa certa, começando por isto." Um sorriso me tomou os lábios e um alívio o peito.

Hellraiser - Aceite a escuridão ou lute contra elaOnde histórias criam vida. Descubra agora